Cannes Lions | Entrevista com Sleyman Khodor, coCCO da VMLY&R
05 de Junho de 2023

Cannes Lions | Entrevista com Sleyman Khodor, coCCO da VMLY&R

Cannes é um oceano de execuções primorosas, ideias brilhantemente simples e outras simplesmente brilhantes.

 

O AcontecendoAqui está publicando uma série de entrevistas com os brasileiros selecionados para o corpo de jurados do 70º Festival Internacional de Criatividade que será realizado de 19 a 23 de junho de 2023, na cidade de Cannes, França.

Os 26 jurados foram convidados para esta série. Publicaremos entrevistas individuais com eles. A programação prevê a conclusão na série às vésperas do início do Festival.


Conheça os jurados brasileiros que já compartilharam suas expectativas com a Comunidade AcontecendoAqui

Rodrigo Almeida, diretor Executivo de Criação da AlmapBBDO, que julgará a Categoria Lions Innovation

Gabriela Rodrigues, head de Cultura e Impacto na Soko, que vai julgar a Categoria Creative Strategy

Gian Rocchiccioli, sócio da Pande Design, será jurado na Categoria Designs Lions

Heloísa Santana, presidente da AMPRO – Marketing Promotional Association

Lucas Sfair, diretor da Produtora de Áudio Canja, será jurado de Radio e Audio Lions

Anna Brockesdiretora de Criação na Accenture Song

Sergio Mugnaini, CCO Ogilvy Brasil


Hoje, nossa conversa é com Sleyman Khodor, diretor de Criação da VMLY&R.

Com mais de 20 anos de trajetória, Sleyman Khodor já trabalhou com grandes anunciantes nacionais e globais – como Brahma, Budweiser, O Boticário, Itaú, Santander, Unilever, Johnson & Johnson, Marisa, Nissan, Vivo, Claro e Oi – e conquistou os principais prêmios do mercado, entre eles, Leões em Cannes, Grand Effie, D&AD, One Show, Profissionais do Ano e outros. Sleyman construiu a sua carreira nas maiores agências do país: foi redator da Africa, JWT (hoje Wunderman Thompson), AlmapBBDO e da Talent Marcel, onde virou diretor de criação. Em 2020, assumiu a liderança criativa da Lew´Lara\TBWA, se tornando em um dos nomes-chave do processo de transformação da agência. Em março de 22, chegou à VMLY&R como diretor-executivo de criação e logo depois assumiu o desafio de se tornar coCCO da agência, comandando um time de mais de 125 profissionais de criação e produção.

 

 

 

Qual é a sensação em fazer parte da equipe de jurados brasileiros do Cannes Lions 2023?

Uma sensação única. Poder representar o nosso país no maior festival de criatividade do mundo é indescritível. E só o começo das trocas com o time do júri já vem me mostrando isso.

 

Qual é o aprendizado ou troca de experiências que você imagina ter lá com criativos de diversos cantos do mundo?

Diferentes cabeças, com diferentes backgrounds e históricos. Quando tudo isso se mistura ao redor de uma mesma mesa e todos estão atrás do mesmo objetivo, é inevitável você sair maior do que entrou. Tenho certeza de que vou me surpreender com questionamentos e / ou comentários a respeito das ideias, porque cada um vai trazer o seu ponto de vista. E a magia da coisa está aí. É preciso ouvir todos os lados, apreender e comentar para que, no final, todo mundo saia com um pouquinho de todo mundo na volta pra casa.

 

O Festival passou por grandes reformulações em tempos recentes, assim como todo o ecossistema da Comunicação. Na sua opinião, qual a relevância do Cannes Lions – como festival – e como articulador maior da comunidade criativa global?

Foi, é, e acredito que continuará sendo o maior festival de criatividade do mundo. É ele quem dita as tendências, quem reúne o maior número de talentos de todas as áreas do nosso negócio e quem coloca o trabalho criativo no centro de tudo. A evolução do festival ao trazer cada vez mais gente para a conversa é inquestionável, e o que antes era uma celebração de agências, hoje passa por toda a cadeia que movimenta a publicidade.

 

O que você espera ver em termos de campanhas inscritas em todo o Festival e, especialmente, na Categoria que você vai julgar?

Olhar para a categoria de Entretenimento no Esporte não é fácil. E digo isso porque o esporte, por si só, é entretenimento. Então estamos falando de entreter quem já está sendo entretido, uma tarefa mais árdua. Em compensação, os trabalhos que fazem isso inevitavelmente surpreendem. Sobre o festival em todas as categorias tenho certeza de que veremos, mais uma vez, ideias que fazem a gente voltar com aquele misto de “como ninguém pensou nisso” & “como é que pensaram nisso”. Execuções primorosas, ideias brilhantemente simples e outras simplesmente brilhantes.

 

Pensando além da criatividade, o que você espera ver em termos de conteúdo?

As palestras do festival cresceram muito ao longo dos anos (junto com as filas para assistí-las). Então, teremos muito conteúdo de qualidade em boa parte delas. Para esse ano, por exemplo, o festival fará um painel com a Rae, que é uma virtual influencer de extremo sucesso no mercado Asiático. Sem contar as presenças de will.i.am, Spike Lee, Lee Clow, entre outros nomes que extrapolam o significado do que é a criatividade.

 

Como o Brasil deve se posicionar como hub criativo? Na sua opinião, o que é feito aqui tem relevância mundial?

Sem dúvida somos um dos países mais criativos do mundo. E isso não é patriotismo, é fato. O Brasil ocupa a terceira posição de país mais premiado nos últimos festivais de Cannes, perdendo apenas para os Estados Unidos e a Inglaterra, que se revezam nos primeiros lugares. Ou seja, depois deles, estamos nós em volume de total de trabalhos vitoriosos. Se fizermos um recorte pegando apenas algumas vitórias, teremos alguns Grand Prix trazidos pra casa, bem como ideias entre as mais premiadas do mundo. E isso só é possível por conta da nossa indústria criativa pujante e o valor que damos para a criatividade como motor do nosso negócio.

 

Cite um grande trabalho da sua agência que vai concorrer Cannes neste ano.

Estamos muito orgulhosos de tudo aquilo que estamos enviando, independente de qual resultado o festival vai trazer para cada uma das ideias.

Mas, citando um deles, temos o Buscapé, feito para a Vivo em parceria com a Motorola. Um curta metragem de 14 minutos que é uma spin-off do clássico Cidade de Deus. Reunimos o mesmo time que fez o filme para fazer essa que é uma eletrizante “sequência” dele.

 

O que é mais importante em Cannes? Ganhar um leão, palestras, conhecer pessoas?

Tudo. Quem vai reclamar de ter sua ideia reconhecida internacionalmente, de expandir a mente para novas ideias ou aumentar o networking?

Então a resposta certa é a letra D) todas as anteriores. : )

 

O que não falta na sua bagagem para Cannes?

Na mala, um bom protetor solar, porque o sol é de rachar. Na cabeça, espaços e mais espaços vazios para que voltem ocupados pelo brilhantismo do que verei por lá.