Cannes Lions |  Entrevista com Lucas Sfair, jurado de Radio e Audio Lions
22 de Maio de 2023

Cannes Lions | Entrevista com Lucas Sfair, jurado de Radio e Audio Lions

Lucas Sfair é membro oficial da Academia Latina da Gravação (GRAMMY's)

O AcontecendoAqui está publicando uma série de entrevistas com os brasileiros selecionados para o corpo de jurados do 70º Festival Internacional de Criatividade que será realizado de 19 a 23 de junho de 2023, na cidade de Cannes, França.

Os 26 jurados foram convidados para esta série. Publicaremos entrevistas individuais com eles. A programação prevê a conclusão na série às vésperas do início do Festival.


Conheça os jurados brasileiros que já compartilharam suas expectativas com a Comunidade AcontecendoAqui

Rodrigo Almeida, diretor Executivo de Criação da AlmapBBDO, que julgará a Categoria Lions Innovation

Gabriela Rodrigues, head de Cultura e Impacto na Soko, que vai julgar a Categoria Creative Strategy

Gian Rocchiccioli, sócio da Pande Design, será jurado na Categoria Designs Lions

Heloísa Santana, presidente da AMPRO – Marketing Promotional Association

 

Hoje, nossa conversa é com Lucas Sfair, jurado na Categoria Radio e Audio Lions

 

Lucas Sfair é membro oficial da Academia Latina da Gravação (GRAMMY’s) e fundador da produtora CANJA Audio Culture, vencedora de 63 Leões em Cannes – incluindo GP em Áudio. Foi eleito o Profissional de Propaganda do Ano em 2019 e 2022 (Prêmio Colunistas Sul) e participou de júris internacionais como Cannes, Clio, London International Awards, El Ojo e New York Festivals. Além de ter sido presidente do Clube de Criação do Paraná e palestrante no Clube de Criação (CCSP).

 

Qual é a sensação em fazer parte da equipe de jurados brasileiros do Cannes Lions 2023?

Acredito que o convite chegou em boa hora. A Canja acaba de ser eleita a Global Music & Sound Company of the Year no LIA e no D&AD e também #1 colocada no Meio & Mensagem (Brasil). Em Cannes, ganhamos GP de Audio com o projeto Sick Beats (2021), da Area 23 de Nova Iorque. Essa boa fase da produtora como um todo me trouxe até o júri. Confesso que fico muito feliz e honrado em participar. Era um sonho pessoal.

 

Qual é o aprendizado ou troca de experiências que você imagina ter lá com criativos de diversos cantos do mundo?

Participei de outros júris internacionais como Clio, LIA, NYF, El Ojo, entre outros. A experiência é sempre muito rica, pois os contextos sociais e culturais trazem pontos de vistas diversos. No fim, a melhor ideia sempre vence. Em Cannes, espero uma dose ainda maior disso tudo.

 

O Festival passou por grandes reformulações em tempos recentes, assim como todo o ecossistema da Comunicação. Na sua opinião, qual a relevância do Cannes Lions – como festival – e como articulador maior da comunidade criativa global?

Cannes tem uma responsabilidade muito grande dentro da nossa indústria. É espelho pra profissionais de todas idades e partes do mundo. Temos a missão de manter (ou até aprimorar) o critério e prestígio disso enquanto jurados. Para ganhar Leão em Cannes é preciso muita criatividade, técnica (craft) e relevância. Já comecei a julgar as peças e reparei que o sistema de votação mostra a quantidade de vezes que a campanha foi veiculada. Facilita muito na hora de distinguir o que é verdade e o que foi feito só para ganhar (fantasma). Vamos sempre lutar pela verdade e impacto das peças inscritas.

 

O que você espera ver em termos de campanhas inscritas em todo o Festival e, especialmente, na Categoria que você vai julgar?

Acredito que seja o ano da inteligência artificial. Por isso, vou preparado para ver ideias que utilizam isso como meio e não como fim. Estudo bastante os avanços da tecnologia para não me deixar surpreender por ferramentas que estão disponíveis a todos – e sim pelo conceito que aplicarem a ela. Na categoria de rádio, muita gente vai utilizar vozes de famosos que já faleceram. Mas isso implica em diversas questões, como o direito autoral. Estarei de olho na veracidade e legalidade dos projetos como um todo. Acredito que a tecnologia está se transformando muito rápido e hoje temos Atmos, podcasts binaurais e assistentes de voz (Alexa, Siri, etc.) que permitem infinitas possibilidades. Vai ser desafiador.

Pensando além da criatividade, o que você espera ver em termos de conteúdo?

De conteúdo imagino que questões relacionadas à Copa do Mundo, recém realizada em um dos países mais preconceituosos do mundo. Além de problemas ambientais e sociais globais como racismo e xenofobia. Mas claro, publicidade vende ideas e também produtos. Há espaço para tudo. Não estou em busca de nada específico: somente de grandes conceitos, execuções e resultados de impacto.

 

Como o Brasil deve se posicionar como hub criativo? Na sua opinião, o que é feito aqui tem relevância mundial?

O Brasil é um dos países mais criativos do mundo, historicamente. Mas o brasileiro em si é imbatível. A maior parte dos Leões de outras nacionalidades tem um de nós na ficha técnica. Em qualquer continente que seja. Somos um povo excepcional, tenho muito orgulho do nosso talento.

 

Cite um grande trabalho da sua agência que vai concorrer Cannes neste ano.

Chama-se “The Most Beautiful Sound”, criado pela Grey NY e produzido pela Canja. Um projeto inédito: pela primeira vez na história, cientistas captaram o som de uma celular de câncer morrendo. Quando um paciente recebe uma dose positiva da possibilidade de recuperação, há mais chances disso acontecer. Agora, imagine ele ouvindo o câncer sendo vencido. Isso é incrível.

 

O que é mais importante em Cannes? Ganhar um leão, palestras, conhecer pessoas?

O combo perfeito é tudo isso misturado. Você ganhar Leão, conhecer gente do mundo todo e assistir a palestras repletas de inspiração e inovação. Felizmente, pelo tamanho geográfico da cidade, tudo isso é possível. Comecei a ir em 2017 e desde então é parada obrigatória anual.

 

O que não falta na sua bagagem para Cannes?

Projetos. Para mim, o mais importante é chegar lá com a sensação de dever cumprido. Muita inscrição reflete um ano cheio de trabalho e conexões pessoais incríveis. Tirando isso, bastante camiseta porque, para um Curitibano, não há chope capaz de refrescar o calor europeu.