Como faz há 10 anos consecutivos, o AcontecendoAqui vai publicar entrevistas com os brasileiros selecionados para o corpo de jurados do 70º Festival Internacional de Criatividade que será realizado de 19 a 23 de junho de 2023 na cidade de Cannes, França.
Todos os 26 jurados foram convidados para esta série. A partir de hoje, publicaremos entrevistas individuais com eles. A programação prevê a conclusão na série às vésperas do início do Festival.
Iniciamos a série com Rodrigo Almeida, que julgará a Categoria Lions Innovation
Ao Monte, os nossos agradecimentos.
Rodrigo Almeida, o Monte, é Diretor Executivo de Criação da AlmapBBDO desde fevereiro de 2022 e está em sua segunda passagem pela agência, onde também trabalhou como redator, de 2014 a 2017. Além disso, também foi ECD da VMLY&R e trabalhou em agências de Portugal e do Rio de Janeiro, sua cidade-natal. Seu trabalho está entre os reconhecidos pelos principais festivais de criatividade do mundo, com destaque para o primeiro Grand Prix brasileiro de Glass em Cannes, para Starbucks, e dois Grand Prix seguidos do Effie, para O Boticário. Atualmente, atende contas como Bradesco Seguros, Instagram, Habib’s, Havaianas Global, O Boticário, Pacto Global da ONU, Volkswagen e Whatsapp. É flamenguista, marido da Mari, pai da Clara, da Joana e do Francisco, que vai chegar em outubro.
Qual é a sensação em fazer parte da equipe de jurados brasileiros do Cannes Lions 2023?
Representar o Brasil, através da Almap, dá a sensação de realizar um sonho, que é sempre maravilhosa, junto com a sensação de gigantesca responsabilidade, que é sempre bem-vinda pra manter a gente com os pés no chão.
Qual é o aprendizado ou troca de experiências que você imagina ter lá com criativos de diversos cantos do mundo?
Cannes sempre foi, pra mim, um evento acelerador de aprendizado e inspiração. Dessa vez, tendo a oportunidade de conhecer o “bicho” por dentro, espero que isso aconteça ainda mais. No júri de Innovation, somos 10 pessoas com nacionalidades, perfis e experiências bastante diferentes, que vão ficar alguns dias debatendo o que há de mais inovador no mundo das marcas e agências. Além de cansado, eu espero sair de lá muito mais capaz de colocar toda essa inspiração em prática para os nossos clientes.
O Festival passou por grandes reformulações em tempos recentes, assim como todo o ecossistema da Comunicação. Na sua opinião, qual a relevância do Cannes Lions – como festival – e como articulador maior da comunidade criativa global?
Não tem jeito: Cannes é Cannes. É como a Copa do Mundo ou o Oscar. Nenhum outro evento reúne tanta gente relevante pro nosso mercado durante uma semana inteira. Ao contrário da famosa frase sobre Las Vegas, o que acontece em Cannes não fica em Cannes. Vai para o mundo, dita tendências, valida ou destrói crenças e influencia muito do que se vai produzir criativamente nos próximos meses.
O que você espera ver em termos de campanhas inscritas em todo o Festival e, especialmente, na Categoria que você vai julgar?
Espero ver os primeiros sinais do quanto a A. I. vai influenciar o nosso mercado daqui pra frente. Já estamos começando a sentir isso nas campanhas mais recentes, não importa a categoria. De Print a Innovation, veremos A. I. presente em grande parte dos cases. Mas particularmente sobre a minha categoria, que tem por premissa reconhecer as ideias que apontam para o futuro, espero que a gente tenha a capacidade de privilegiar a criatividade e não as ferramentas. Tecnologia pode ficar velha daqui a uma semana. Uma grande ideia encanta por muito mais tempo.
Pensando além da criatividade, o que você espera ver em termos de conteúdo?
Eu acho difícil separar criatividade de qualquer conteúdo que vá ser apresentado lá. Seja o Will.I.Am – http://will.i.am/ – para falar de criatividade no mundo da música ou o nosso cliente Gilson Rodrigues, do G10Favelas, para falar de toda a potência criativa da periferia brasileira. O festival está completando 70 anos e sabemos que nas datas redondas eles costumam caprichar ainda mais no evento. Então, espero muito conteúdo inspirador, com a criatividade permeando todas as conversas.
Como o Brasil deve se posicionar como hub criativo? Na sua opinião, o que é feito aqui tem relevância mundial?
Não tenho dúvidas de que somos um dos principais hubs criativos do mundo, com um trabalho reconhecido e relevante, o que se reflete no número de Leões que o país conquista todos os anos. Além disso, há agências brasileiras, como a própria Almap, que criam constantemente trabalhos globais para grandes marcas. Sem falar na quantidade de líderes criativos que o país exporta, o que mostra como nosso talento é reconhecido e desejado. Temos sempre espaço para crescer, claro, mas sem dúvida estamos bem-posicionados.
Cite um grande trabalho da sua agência que vai concorrer Cannes neste ano.
Tenho dificuldade com autoelogio, então vou citar um trabalho da agência que eu não tenho participação alguma: o projeto Gol que virou Gol, para Volkswagen, que eternizou o carro mais vendido da história, transformando um exemplar da sua “last edition” em traves do estádio do Santos, o clube que mais fez gols no mundo.
O que é mais importante em Cannes? Ganhar um leão, palestras, conhecer pessoas?
Apesar de considerar tudo importante, eu estaria mentindo se não respondesse “ganhar Leão”. Pela euforia da conquista, sim, mas principalmente por ver reconhecidos o trabalho, dedicação e talento que a gente coloca em todos os jobs durante o ano todo.
O que não falta na sua bagagem para Cannes?
Na de ida, esperança. Na de volta, Oxyboldine.
