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Coluna Ozinil Martins | O tempo é o senhor da razão!
25 de Outubro de 2023

Coluna Ozinil Martins | O tempo é o senhor da razão!

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Por Prof. Ozinil Martins de Souza 25 de Outubro de 2023 | Atualizado 25 de Outubro de 2023

Tempo, amigo e carrasco ao mesmo momento. O tempo cada vez mais se transforma em inimigo poderoso das pessoas. Pelo fato de não ser estocável, de ser inelástico, de não poder ser economizado para consumir posteriormente, tem que ser usado com sabedoria e lógica. Vejo as pessoas correndo de um lado a outro, queixando-se, permanentemente, que não têm tempo para nada, que suas vidas viraram um vendaval.

Por que será que chegamos a este estágio? Será que priorizamos mal nossas necessidades? Será que se vive em função de necessidades que não temos, mas que somos induzidos a pensar que são prioritárias?

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O tempo não está nem aí para nossas preocupações; nós é que temos que estabelecer as prioridades e definir o que fazer com o tempo. Pena que, quase sempre, só venhamos a ter domínio sobre o tempo quando envelhecemos. Ah! A velhice nos permite exercer a liberdade na sua plenitude. É o tempo de exercitar a verdade e deixar de fazer concessões. Sabe aqueles cabelos brancos prematuramente adquiridos, aquelas gordurinhas que se acumulam na cintura, aquele estresse que acompanha, diariamente, o trabalho exercido, quase sempre são frutos das concessões feitas ao longo da vida profissional ou pessoal.

Cada concessão feita para manter o emprego ou para manter amizades que nem sempre o são, às vezes indo contra suas convicções, cobram preços altos que se traduzem em angústia, agressão a valores e, que se refletem no indivíduo causando estresse, envelhecimento precoce, dores pelo corpo e desconsideração pela vida. Sempre que você agir contra seu sistema de valores, aquilo em que acredita, o corpo físico pagará a conta. Mas,,,

Eis que é chegado o tempo da redenção! A velhice que para muitos que assentaram suas vidas na superficialidade é um castigo, para aqueles que se propuseram a viver sabendo de suas limitações e necessidades é um prazer que se realiza, tardiamente, mas se realiza, pois é chegada a hora de infringir a ordem constituída. Permitir-se é a palavra que deve dirigir a vida depois da sua independência etária.

Aos velhos, sem eufemismo do tipo terceira idade ou palavras mais suaves para amenizar o que é a vida, cabe viver o tempo que lhes resta da maneira mais tranquila possível e fazendo o que gosta e lhe permite a condição física. Se gostar de ler que se dedique a leitura, que faça dos Sebos da vida o seu ponto de encontro; se o prazer é usar roupas surradas e que contenham estórias vividas, faça-o; se é andar sem destino pelas ruas e locais que lhe trazem recordações afetivas alegres, a caminho; se for sentar em um boteco em uma rua qualquer e devorar um lanche, o mais inadequado possível, por que não? O tempo que resta aos caminhantes do entardecer não deve ser poupado em troca de alguns dias mais a viver! Viva intensamente o tempo que lhe resta fazendo aquilo que gosta e não o que as convenções sociais ditam.

Se aos jovens tudo lhes é permitido, cabelos coloridos, pingentes por todo o corpo, aros metálicos no nariz, alargadores de orelhas, tatuagens pelo corpo, por que negar aos velhos os mesmos direitos? A irreverência deveria caracterizar o nosso último quarto de vida. Como já escreveu Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso!”

Foto:Unsplash

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