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Coluna Jaime De Paula | A tecnologia a favor da inclusão e da equidade
04 de Abril de 2023

Coluna Jaime De Paula | A tecnologia a favor da inclusão e da equidade

17,3 milhões de pessoas no Brasil possuem algum tipo de deficiência

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Por Jaime de Paula 04 de Abril de 2023 | Atualizado 04 de Abril de 2023

Observamos a todo momento o surgimento e a evolução de novas tecnologias, sobretudo agora no que se refere ao metaverso, inteligência artificial e afins. É um mundo que cresce em uma velocidade às vezes assustadora, porém com muito ainda a ser descoberto e explorado a favor da humanidade – a cada nova tendência abre-se um leque de possibilidades e aplicações. Acredito que muito além do impacto econômico ou mercadológico das inovações, é preciso pensar em como elas podem influenciar positivamente na vida de quem mais precisa, como é o caso das pessoas com deficiência (PCD). Nesse contexto, as tecnologias sociais são fortes aliadas de inclusão em um mundo que flerta com a exclusão diariamente.

Para se ter ideia, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), parte da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), de 2019, aponta que 8,4% da população brasileira acima de dois anos tem algum tipo de deficiência. Estamos falando de 17,3 milhões de pessoas, metade delas, idosos. Acima dos 60 anos, uma em cada quatro pessoas possui deficiência. Trata-se de uma parcela considerável da população que muitas vezes fica à margem da sociedade, e a meu ver deveria ser um dos públicos mais beneficiados pelas inovações tecnológicas.

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É um contexto que nos leva à reflexão de um dos importantes papéis da tecnologia, que extrapola os limites do campo organizacional para ser agente de transformação social. Já podemos destacar muitas iniciativas que nos fazem acreditar que estamos no caminho certo quando trata-se da inclusão de pessoas com deficiência. São inúmeros os desafios diários, seja de locomoção, audição, visão, cognitivos e tantas outras limitações que precisam ser superadas. Por que então não usar toda a potência que a tecnologia tem a nos oferecer para ajudá-las a viver melhor e com mais qualidade?

Em dezembro do ano passado, as bibliotecas municipais de São Paulo receberam 60 novos óculos com inteligência artificial, batizados de Orcam MyEye, para abrir o mundo da leitura a quem tem deficiência visual. Na prática, o aparelho transforma textos de livros, folders, mapas e outros materiais em áudios, sem que seja preciso estar conectado com a internet. O dispositivo de apenas 22 gramas, do tamanho de um dedo, pode ser fixado em qualquer tipo de armação de óculos. Por meio da inteligência artificial, o sensor óptico captura a imagem e transforma em som para o usuário.

Nos Estados Unidos, também temos o desenvolvimento da versão 4.0 do cão-guia: uma mochila com inteligência artificial para ajudar pessoas com deficiência visual a se locomover pelas comunidades. Criada por uma uma equipe de pesquisadores do Instituto de Inteligência Artificial da Universidade da Geórgia, o equipamento ativado por voz ajuda a pessoa a identificar obstáculos ou desafios durante seu percurso, tais como sinais de trânsito, veículos em movimento, faixa de pedestres, entre outros. O sistema, parecido com um notebook, fica guardado dentro da mochila, alimentado por baterias de alta duração. Por um fone de ouvido, a pessoa pode interagir com a plataforma por meio de comandos de voz.

No campo da educação, há outras iniciativas louváveis como o DuoLibras, que produz conteúdo de forma inovadora sobre a Língua Brasileira de Sinais, direcionado a pessoas surdas. Temos ainda o app Guia de Rodas, que mapeia a cadeirantes rotas seguras nas vias públicas das cidades. As duas tecnologias foram desenvolvidas por startups brasileiras. Lembro também de uma tecnologia inclusiva muito interessante, o Enable Viacam, que nada mais é do que um “mouse de cabeça”. O programa gratuito possibilita o controle do cursor do mouse em computadores apenas com o movimento dos olhos.

Como entusiasta da tecnologia e de tudo que ela ainda pode proporcionar de bom ao desenvolvimento da humanidade, penso que o viés da tecnologia social jamais pode ser deixado de lado. Ao contrário, deve agregar valor à vida das pessoas, principalmente àquelas que mais necessitam, como as PCDs. Há exemplos claros, como os que citei acima, de que os recursos tecnológicos quando bem aplicados podem ser um divisor de águas para uma vida mais digna. A equidade, o respeito à igualdade de direitos, precisa prevalecer, seja no universo da tecnologia ou fora dele, pois todos merecem as mesmas oportunidades.

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