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“As inspiradoras lições de Leila Navarro- uma conversa sobre carreira e desenvolvimento pessoal”
27 de Março de 2023

“As inspiradoras lições de Leila Navarro- uma conversa sobre carreira e desenvolvimento pessoal”

O mundo moderno nos coloca em bolhas e por não ter consciência disso corremos o risco de reproduzir modelos.

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Por Prof Jonny 27 de Março de 2023 | Atualizado 26 de Março de 2023

Segundo a Revista Veja, Leila Navarro integra o ranking dos 20 mais notáveis palestrantes brasileiros e já ganhou por duas vezes o prêmio dos 100 melhores fornecedores de RH – Categoria palestrante do ano e indicada sete vezes para o prêmio o mais lembrado palestrante no segmento de RH pelo TOP OF Mind, o Oscar do RH, levando o primeiro lugar em 2005 e 2020. Autora de mais de 16 livros, entre eles, “Talento para ser Feliz”, “O poder da superação”, “Talento a prova de crise”, “Confiança- a chave para o sucesso pessoal e empresarial”. Formada em Fisioterapia pela USP, Pós-Graduada em Filosofia da Homeopatia Holística e Psicossomática, Especialista em Medicina Comportamental (UNIFESP), Habilitada na Metodologia CPS – Creative Problem Solving (CPSI – Buffalo– USA), participou do Training Course of Solving Human & Organizational Problems for Brazil, no Japão. Nesta entrevista, Leila nos conta sobre sua larga experiência, decisões estratégicas, desafios e muito mais.

 

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É uma honra ter sua participação em nossa coluna para compartilhar um pouco de sua vasta experiência no setor corporativo. Conheço um pouco de sua história, por ter assistido uma entrevista a um programa local de SC anos atrás, e achei a trajetória fascinante. Você poderia nos contar os principais pontos do início de sua carreira como palestrante? Qual era sua ocupação anterior e como ocorreu a transição para atuar do setor de treinamento e palestras corporativas?

Estou há 22 anos no mercado profissional de palestrante. Um dia pensei em ser médica, mas fui trilhando outros caminhos, me formei em Fisioterapia e mergulhei intensamente na carreira. Me sentia realizada ao tirar a dor das pessoas, mas fui percebendo que não adiantava tratar a dor física se não cuidasse da dor da alma. Elas precisavam de estímulos e “provocações” que a fizessem enxergar caminhos para romper seus desafios físicos e emocionais. Foi a partir dessa percepção que passei a desenvolver palestras sobre qualidade de vida e percebi que eu poderia, com o meu jeito de falar e me apresentar, propor que as pessoas experienciassem novas realidades. Na verdade, eu não decidi pela carreira de palestrante, foi ela que decidiu por mim. Fui somando experiências e passei a transmitir para os diversos públicos, das mais variadas regiões do Brasil e no exterior, a possibilidade de se libertarem das dores e serem felizes. Esse é o meu grande mote. Minha missão é ajudar os outros a ver o lado positivo das coisas, de uma forma mais leve e fluída, e viverem a melhor versão de si mesmas por um bem comum.

 

O que lhe levou a esta mudança? Quais decisões você considera que foram mais estratégicas para iniciar na nova carreira? E quais foram suas referências neste processo, quer sejam pessoas com quem teve contato direto ou livros?

Comentei antes que a carreira de palestrante e eu fomos nos envolvendo, nos reconhecendo mutuamente ao ponto de não haver distinção entre nós. Dia a dia tomamos decisões e tenho claro hoje que foi a relevância que me conduziu ao lugar que estou hoje. Entenda relevância como aquilo que mexe com as suas vísceras e impulsiona para a realização de algo sem referências. Foi e é assim comigo até hoje. Realizo cada passo na vida correspondendo ao que faz sentido para mim em prol de um bem comum. Tenho muitos tutores, mentores, assessores, coachees porque as pessoas vão surgindo na minha vida e eu vou aprendendo com cada uma, um pouco. Quando estamos com a postura de aprender, de crescer, de aproveitar as oportunidades, encontramos gente que vai nos conduzindo pela mão para descobrirmos a saída. Acho ótimo. As coisas chegam na minha vida como um presente, mas entendo que isso acontece porque estou sempre aberta, me permito experienciar e sigo fazendo escolhas. Não fico esperando que as coisas aconteçam. Constantemente invisto em cursos, livros, congressos, viagens sabáticas…. Aprender sempre é a coisa mais importante da vida.

 

Conhecendo o setor de palestras corporativas há mais de 20 anos, você percebeu mudanças em termos de demandas do público e das empresas que buscam as palestras para agregar conhecimento ou mesmo inspiração para o trabalho? Se sim, nos conte um pouco da sua percepção sobre estas mudanças.

Tudo é uma constante mudança. As pessoas, o mundo, os protocolos, as normas, as inteligências, as percepções… Tudo muda e transforma com o tempo. Partindo desse lugar, não devemos lutar contra a realidade! As coisas podem ser mais complexas do que gostaríamose tudo bem! Importante é aceitar as mudanças que acontecem diariamente e entender que nem tudo necessita de uma explicação. Mudanças em diversas esferas já eram previstas, mas, nos últimos tempos, uma avalanche de adaptações urgentes no mundo dos negócios caiu abruptamente no colo dos profissionais de RH. Como humanizar a gestão de pessoas à sombra de uma pandemia, justamente quando planejamentos perderam sentido e um número expressivo de empresas têm lutado mês a mês para sustentar a motivação e o salário de seus colaboradores? Cheguei a cinco leis universais que norteiam a bússola do que entrego para os diversos públicos no mundo corporativo, com o foco de estimular as pessoas a terem mais coragem, confiança para seguir em frente e superar qualquer crise, pandemia, contingência etc.

1.Faça sempre o seu melhor. Assim nunca você se recriminará, nem se sentirá arrependido de nada. Não dá para fazer as coisas pela metade. Faça por inteiro e quando o outro dia chegar será uma nova oportunidade de se doar por inteiro novamente.

2.Honre sua palavra. Seja coerente com o que pensa e com o que faz. Seja autêntico. Seja sua essência.

3.Não leve nada para o lado pessoal. Encare tudo na vida como um aprendizado. Gerencie as informações que recebe com sabedoria e não ligue para a má opinião alheia. O que os outros pensam de você é problema deles e não seu.

4.Não suponha. Se tem dúvidas, busque esclarecimentos. Supor nos faz criar histórias imaginárias e isso só nos prejudica.

5.Encare que a vida é um mar de oportunidades, um oceano de possibilidades e um Universo de incertezas. Diante dessas situações, precisamos ser rápidos e saber recalcular a rota. Por isso, não seja reativo ao novo, seja criativo. Abrace a diversidade e as novas oportunidades.

 

Em vários de seus materiais, percebe-se um destaque especial ao fato de ser mulher. No meio com expressiva presença masculina, quanto isto foi um elemento desafiador no início de sua trajetória? Quando e como isto deixou de ser um desafio, considerando que você já atingiu o topo neste mercado há algum tempo?

Tenho diversas palestras voltadas ao público feminino, entre elas, uma com o título “Elas fazem acontecer: são ousadas, têm talento e muita força”, porque é notável que as mulheres têm lutado há anos por igualdade de gênero, pelo direito ao voto, pela igualdade salarial e por outras questões relacionadas aos seus direitos. E apesar dos avanços, ainda existem muitos obstáculos a serem superados. A mulher na maioria das vezes é ensinada desde cedo a cozinhar, lavar, passar, limpar a casa, entre outras diversas tarefas. Ou seja, além da profissão, são donas de casa, mães, esposas, cuidadoras de idosos entre outras… digo que somos e fazemos o que tem que ser feito. A famosa dupla jornada é uma pegada super empreendedora, não acha? Para fazer tudo isso precisamos de iniciativa, ousadia, persistência, atitude, visão, liderança, gestão, proatividade, entusiasmo. Todas as características do empreendedorismo. No mundo dos negócios, muitas mulheres estão se destacando como empreendedoras poderosas. Elas estão criando seus próprios empreendimentos e liderando equipes de forma bem-sucedida. Empreendedorismo feminino é uma das formas mais poderosas de quebrar barreiras e transformar a sociedade. Além disso, a força feminina também está presente em diversos setores, como na política, na ciência, na cultura, nas artes, na tecnologia, educação, inovação e em muitas outras áreas. As mulheres têm se destacado cada vez mais em suas áreas de atuação, e isso é motivo de orgulho e inspiração.

 

Na entrevista concedida ao jornalista Heródoto Barbeiro, CBN – Mundo Corporativo, em função de seu livro, (Confiança- o diferencial do Líder), você mencionou uma pesquisa do Banco Mundial, cujo resultado mostrava que os brasileiros estão entre aqueles que menos confiam. Na sua percepção, como está o nível de confiança do povo hoje? Qual é o papel da liderança para melhorar este cenário? E o que se pode fazer para ampliar este nível?

Pessoas que conseguem criar uma cultura de confiança têm mais equilíbrio para gerenciar as pressões seja na vida pessoal, na carreira, nos negócios ou na criação de novas possibilidades. Como palestrante atitudinal tenho a oportunidade de circular em diversos cenários do mundo corporativo e descobri uma fórmula teoricamente simples para medir o grau de confiança nos diversos níveis de relacionamentos. Quanto mais uma pessoa controla, menos ela confia. Quanto mais confia, menos controla. Isso é muito forte! A questão é que a falta de ciência e consciência desse fator impressiona e tem fomentado insegurança nas pessoas, nos relacionamentos, nos negócios, nos interesses. Existe outro aspecto importante para se pensar! Quanto mais autoconfiança tem uma pessoa, mais coragem ela tem para arriscar e confiar no outro.E este comportamento reflete em todas as áreas da vida. Se uma pessoa confia em si mesma, ela arrisca expor ideias, cria e mantém novos relacionamentos, inova no trabalho, reinventa a carreira, amplia negócios, confia em suas decisões e influencia pessoas para que elas exercitem suas próprias competências, sem receio de concorrência.

 

Numa entrevista ao inesquecível Jô Soares, você cita a baixa autoestima do brasileiro. Como você percebe esta característica hoje? Quais fatores você vê que explicariam esta baixa autoestima?

Estima por si mesmo, ou melhor, gostar de si mesmo e, acima de tudo, se respeitar. Essa é uma “tradução” adequada para o que é autoestima. Enquanto a pessoa não se valoriza, as outras não farão isso. O processo é de dentro para fora e não de fora para dentro. Somos um produto de muito valor. Assim como mercadorias e serviços, as competências e as habilidades que possuímos são os nossos melhores talentos e, por isso, merecem a mesma atenção, o mesmo respeito e as mesmas estratégias e planejamentos que qualquer empresa. Você aumenta a sua autoestima quando reconhece quais são os seus diferenciais e se detém no que é mais valioso: você mesmo. Devemos investir continuamente na própria autenticidade para que conquiste uma imagem positiva, entusiasmada. No meu mais recente livro “Virar o Jogo –como agir no mundo das incertezas”, em vários trechos aponto a importância da automotivação e da autoconfiança para dar novos impulsos na vida, o que eu chamo literalmente de virar o jogo. Nada muda, se eu não mudar! Está acontecendo no Planeta uma intensa movimentação e para alinhar a vida, a carreira ou o negócio às transformações econômicas, políticas e até sociais é preciso despertar para uma nova forma de se relacionar, pensar, decidir e agir sob várias perspectivas, consigo mesmo e com os outros.

 

Em suas palestras, é marcante o quanto você estimula o lado físico pela interação direta com o público, inclusive algumas vezes mostrando exercícios de respiração e destacando a postura corporal. Até que ponto o fato de ter formação na área da saúde lhe ajudou nesta abordagem muita única?

Por ser fisioterapeuta de formação, durante um tempo, no início da carreira como palestrante, um estímulo envolvente e poderoso nas palestras era a terapia da risada. Fisicamente conduzia o público a massagear os órgãos internos, abrir o pulmão e a mente com boas gargalhadas, dentro de um contexto para a consciência da autoconsciência e automotivação. Isso era tão diferente e inovador que despertou muitos públicos a um novo olhar para si mesmo. Mas, como nada é eterno e sempre atenta às mudanças, fui criando outras formas de estímulos.Recentemente ao final de uma palestra uma pessoa comentou que eu ainda continuo fisioterapeuta, só que agora alongo cérebros e massageio corações. Achei isso o máximo!

 

Uma de suas palestras mais recentes é sobre o empoderamento feminino. O que você pode nos dizer sobre a relevância deste empoderamento, tanto no setor corporativo como em outros campos da sociedade?

Sempre que me dirijo a uma pessoa, chamo de Poderoso e Poderosa. As pessoas precisam reconhecer o seu valor próprio e, invariavelmente, ao escutarem esse tratamento, algo é desperto dentro dela.Tenho imensa satisfação em tratar sobre o empoderamento feminino e direciono as palestras para que elas encontrem o seu próprio eixo. As mulheres precisam se reconhecer na sua autenticidade! Muitas aspirantes à carreia de palestra chegam com a ideia de ser Leila Navarro. E isso é impossível porque eu sou única e única é cada uma delas também. Acho interessante que conheçam a minha história de vida, que busquem elementos que possam favorecer o seu trabalho, mas jamais deixem de expressar a própria essência, pois cada mulher em um palco pode levar experiências que eu não vivi, mas que fizeram a diferença. Tanto no mundo corporativo quanto em outros campos da sociedade, elas devem investir na busca da melhor expressão delas mesmas. Amo inspirar pessoas, mas não acho legal quando elas querem se empacotar num perfil que não é delas. Certa vez, ao final de uma palestra maravilhosa, vem uma pessoa diz que foi a melhor palestra da vida dela e arrematou: “Amei quando você falou para a gente largar o marido”. Cheguei à conclusão de que eu falo o que quero e as pessoas ouvem o que é conveniente para elas… e isso nem sempre parte de um parâmetro real. Eu jamais disse para ninguém largar nada, nem ninguém…, mas ela viu em mim essa mensagem. Por isso fico muito atenta para aguçar na mulherada o que cada uma tem de melhor em si mesma, e não em mim.

 

Atualmente, muitos se apresentam como “lifelong learners”, mas talvez nem todos exerçam isto. Ao pesquisar para esta entrevista, confesso que fiquei surpreso em ver que você não apenas fala sobre os temas mais atuais como inovação e metaverso, mas de fato está cursando um MBA em Gestão de Inovação em Cidades Inteligentes, e um mestrado voltado ao Metaverso. O que lhe levou a escolher estes dois temas? E como você gerencia seu tempo para lidar com tantas atividades?

Todo o Planeta Terra está vivendo um momento ímpar de transição. Estamos na era apocalíptica (o que não é o fim, mas um tempo de renovação). As transformações são cada vez mais rápidas e não tem para onde voltar. O futuro está cada dia mais próximo ao presente e pode se tornar obsoleto num piscar de olhos e não dá para desprezar a necessidade de aprender continuamente. Conhecimento é poder, mas sem aplicação prática não vale quase nada. Sigo rompendo minhas próprias barreiras e aprendendo coisas novas. Em 2022, iniciei os MBAs Master em Digital Manager e Metaverso, e Gestão e Inovação em Cidades Inteligentes, porque tenho consciência de que o ser humano atuante no futuro é o que estuda constantemente, independentemente de sua área de atuação. Não tenho pretensões de ser uma profissional disputada nesses mercados, mas quero entender como funciona tudo isso. Como eu, uma pessoa “novidadeira”, com uma criança aflorada, posso ver a nova era tecnológica no centro da sala de estar do mundo e ficar apenas observando?

 

Finalizando, o que você diria como principais dicas para quem está considerando uma transição de carreira?

O mundo moderno nos coloca em bolhas e por não ter consciência disso corremos o risco de reproduzir modelos. No ritmo de mudanças cada vez mais aceleradas, ainda têm profissionais resistindo ao novo e se deixando moldar pela conveniência da falsa zona de conforto. Com receio de perder o controle (que na verdade não existe) tem deixado de desfrutar valiosas experiências. O aprendizado e o autodesenvolvimento convencionais ficaram para trás. Muitas profissões já deixaram de existir e muitas outras estão com os dias contados. Para alinhar a carreira ou o negócio diante das transformações tecnológicas, econômicas, políticas e até mesmo sociais é imprescindível um olhar realista ao próprio mercado de atuação e se manter aberto a novas perspectivas de se relacionar, pensar, decidir, agir–desenvolver habilidade de gerar alternativas, sem pensamentos condicionados, diante do novo mundo!

 

Lições de carreira

Com uma carreira de palestrante e autora de sucesso, Leila Navarro é uma inspiração para muitos. Nesta entrevista, ela compartilhou suas experiências, lições aprendidas e conselhos valiosos para quem busca desenvolver suas habilidades pessoais e profissionais.

Pude constatar pessoalmente sua influência positiva. Estou interagindo com este universo das palestras desde 2013. Tive a chance de conhecer Leila num evento em 2014, e tivemos uma breve conversa. Depois disto, lhe enviei e-mail contando um pouco minha história e a identificação com a dela. Prontamente, ela me respondeu de maneira extremamente gentil e ao mesmo tempo crítica, no sentido profissional, com afirmações do tipo “na realidade não encontrei quase nada seu na internet” , “qual é a sua marca?”, entre outras. Esta mensagem foi uma das mais decisivas que recebi. Desde lá, tivemos outros encontros, inclusive ela me convidou para divulgar meu livro num de seus eventos em Floripa. Por tudo isto isto, posso afirmar que Leila é uma das pessoas mais autênticas e gentis neste universo das palestras corporativas.

Esta entrevista foi uma oportunidade única de aprender com uma das palestrantes mais notáveis do Brasil e tenho certeza de que suas palavras serão uma inspiração para muitos.

Nos vemos no próximo artigo.

Abraço Jonny

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