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Mercado de Eventos: os riscos, as fragilidades e as oportunidades do setor
16 de Abril de 2024

Mercado de Eventos: os riscos, as fragilidades e as oportunidades do setor

Apesar do reaquecimento do mercado registrado nos últimos anos, o segmento ainda tem diversos desafios a serem superados.

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Por Alisson Barcelos 16 de Abril de 2024 | Atualizado 16 de Abril de 2024

Crédito da imagem: Freepik

Nos últimos anos o mercado de eventos vem se caracterizando por um momento de bastante estabilidade e crescimento em todo o país. Após o período crítico da pandemia, em que o segmento atravessou uma verdadeira revolução para se reinventar, com impactos que ainda estão sendo analisados em sua totalidade, os eventos se consolidaram em todo o país, reunindo as marcas aos seus públicos prioritários.

Nesse panorama, toda a imensa variedade de ações e ativações ganhou o seu espaço de existência. Dos shows internacionais que potencializaram os resultados econômicos de muitas cidades até os eventos corporativos voltados aos mais diversos nichos de mercado, uma estimativa da ABRAPE – Associação Brasileira dos Promotores de Eventos aponta que a movimentação financeira foi superior a 96 bilhões de reais em 2023.

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Os excelentes resultados que mostram o crescimento concreto e contínuo nos últimos anos, porém, não devem servir como uma espécie de “cortina de fumaça” para os problemas e dificuldades que ainda persistem no setor. É importante ressaltar que é verdadeiramente ampla a variedade de aspectos que merecem atenção para que a consolidação do mercado de eventos ocorra de forma definitiva.

Equilíbrio de custos

No que tange a atividade de organização de um evento propriamente dita, um dos pontos principais que impacta muitas ações é justamente a necessidade de equilibrar os custos. Estudos desenvolvidos por instituições internacionais destacam que fatores como o aumento dos custos de compras e viagens, a inflação, as dificuldades na cadeia de suprimento, os valores relativos à contração de pessoal e, até mesmo, as dificuldades em manter o planejamento financeiro devido a atraso dos pagamentos estão entre os principais desafios dos agentes e empresas que atuam no setor.

Sustentabilidade

No atendimento aos novos rumos do mercado e, principalmente, às novas exigências dos consumidores, a sustentabilidade surge como um elemento que deve ser levado em consideração. Os públicos mais jovens, como a Geração Millennial, por exemplo, têm a sustentabilidade com um dos valores mais ativo na decisão de compra, ou seja, sempre que buscam um produto, serviço, ou mesmo um show para ir, levam em consideração quais as políticas ligadas ao tema são adotadas pela organização. Ainda que a inclusão de práticas sustentáveis seja algo bastante democrático e que, em muitos casos, dependa de investimentos de menor volume para acontecer, o tema só tende a crescer em importância dentro da sociedade contemporânea e estar preparado para atender as demandas da área é imperativo para o sucesso dos eventos.

Uso ostensivo da tecnologia

Ainda no que diz respeito as fragilidades do setor, é importante ressaltar o uso da tecnologia de forma ostensiva para a busca de soluções dinâmicas para os eventos. Atualmente, as mídias sociais se tornaram ferramentas de grande importância para ampliar a conexão com o público antes, durante e após os eventos. Porém, a tecnologia aplicada ao setor deve ir muito além da comunicação. Incluir ferramentas avançadas que permitam que o briefing de um evento seja apresentado de maneira dinâmica ou que o reconhecimento facial dos participantes de um evento seja potencializado com o uso da Inteligência Artificial são maneiras de utilizar as ferramentas digitais para ampliar o sucesso das ações. Porém, é importante lembrar que quando o assunto é tecnologia, investimentos concretos são uma necessidade.

Experiências de valor

Quando passamos para a análise das oportunidades do setor, não há como negar que as experiências nos eventos de qualquer natureza se tornaram uma tendência absolutamente consolidada na atualidade. Muito mais do que agregar conhecimento em um congresso ou simpósio ou curtir uma belíssima apresentação do seu artista favorito, os participantes buscam vivências que adicionem algo de valor em suas jornadas.

Um aspecto que chama a atenção é que embora a experiência sensorial dos participantes ganhe relevo nas ações presenciais, o desenvolvimento de novas tecnologias, como a realidade ampliada, por exemplo, faz com que o universo digital também se torne uma extensão das experiências proporcionadas ao público. De acordo com a 13ª edição da pesquisa de Previsão Anual Global de Reuniões e Eventos publicada pela American Express Business Travel, aproximadamente 40% das políticas corporativas para eventos possuem linguagem específica para elementos ligados ao wellnesse e à qualidade de vida, demonstrando como o interesse no assunto cresce de forma contínua.

Capacitação profissional

Entre os impactos que a pandemia de Covid-19 causou ao mercado de eventos e que ainda não forem mensurados em toda a sua total dimensão está a diminuição dos profissionais capacitados para atender as demandas do setor. Durante o período crítico dos protocolos de saúde, a quase totalidade dos eventos e ações foi cancelada, obrigando muitos profissionais a encontrarem novas formas de subsistência. A retomada e o reaquecimento do setor, entretanto, não motivou o retorno da totalidade dos profissionais, que se sentiram mais à vontade com estruturas de trabalho mais estáveis e convencionais.

Essa diminuição da quantidade de agentes para atuar nas ações fez ampliar ainda mais as dificuldades com mão de obra no setor. Conforme uma matéria publicada no ano passado na Revista do Empreendedor, aproximadamente 40% dos empresários que trabalham com eventos atestam que a falta de mão de obra impacta negativamente o segmento. Outro ponto ressaltado por muitos empresários é que falta de profissionais capacitados já foi responsável pela recusa de serviços.

Falta de regulamentação do setor

Ainda que o escopo das atividades do setor de eventos seja bem definido e que o segmento se constitua como um dos maiores geradores de emprego e oportunidades dentro da economia brasileira, ainda é necessário fortalecer a regulamentação das atividades.

Essa perspectiva fica clara na medida em que é possível identificar que empresários dos mais diversos setores e, até mesmo, profissionais que atuam no mercado, não entendem com clareza as diferenças entre um planejador de eventos e um aventureiro ou oportunista.

A falta de crescimento econômico nos mais diversos nichos de mercado faz com que muitas vezes a planilha orçamentária seja o principal elemento analisado no momento de fechar um negócio. O aspecto negativo dessa escolha é que muitos profissionais sem qualificação rebaixam valores para conseguir o cliente e o resultado é uma entrega muito abaixo das expectativas.

Eventos para gerações diferentes

Ainda que a faixa etária seja uma definição importante no que diz respeito à segmentação de uma determinada ação e faça parte diretamente da construção do projeto, isso não deve ser um elemento estanque dentro do universo dos eventos.

É cada vez mais necessário buscar soluções que atendam às necessidades dos diferentes públicos. A tecnologia é um bom exemplo disso. Entender até que ponto as soluções beneficiam a todos e qual o momento em que os recursos tecnológicos passam a se constituir como um elemento de dificuldade na jornada do participante é essencial para entender e atender às diferentes necessidades e anseios.

Lei do PERSE

Quando analisamos os riscos, as fragilidades e as oportunidades no mercado de eventos brasileiro, é impossível não levar em consideração os impactos da Lei do PERSE e, especialmente, do seu encerramento prematuro como está sendo debatido em nível federal.

Na semana passada a câmara dos deputados decidiu acelerar a tramitação do PL que determina o fim do Perse em 2027 e estabelece uma redução gradual no desconto nas alíquotas de PIS, Cofins e CSLL. O desconto, que originalmente era de 100%, passaria para 45% neste ano, 40% em 2025 e 25% em 2026. A isenção do IRPJ continua integral neste ano, mas passa a 40% em 2025 e 25% em 2026. Outro ponto importante do novo texto é a limitação de setores aptos a acessar os benefícios através da redução da quantidade de CNAES – Classificação Nacional de Atividades Econômicas que podem ser contempladas.

Neste panorama de instabilidade jurídica que impacta as empresas, os profissionais e o segmento como um todo, é fundamental ressaltar que a Lei do PERSE não pode ser vista como uma legislação partidária. Ela deve ser analisada como uma política de gestão, que transcende os interesses de siglas com foco no desenvolvimento do país. Os dados apontam que o setor de eventos é uma das áreas que mais geram empregos no Brasil. Para que esses bons resultados continuem, a Lei do PERSE também precisa ser mantida. É o desejo dos empresários do setor e todos aqueles que buscam um país melhor, mais justo e com mais oportunidades.

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