Não sei se você já reparou, mas os coletadores de caranguejos não se preocupam em fechar o cesto no qual depositam os bichinhos capturados; os próprios caranguejos se encarregam de puxar os mais ousados, que buscam a liberdade, para dentro do balaio novamente e, assim todos perdem a liberdade e a vida.
Se você, perspicaz como é, olhar para o Brasil verá que estamos vivendo um longo período com esta característica. Se você quiser ser criticado é simples: faça algo de diferente, proponha mudanças, exerça qualquer cargo que exija criatividade para construir algo. Qualquer coisa que fizer receberá mais crítica do que apoio.
Qualquer nome indicado para cargo em governos é vasculhado, seu passado é devassado e as críticas chovem de todos os lados. È óbvio que perdemos a noção de civilidade, de pensar no país e seu povo antes e acima de qualquer coisa. Aparentemente, ninguém mais tem condições de assumir qualquer cargo no país; todos, escrevi todos, somos venais, corruptos, pertencemos ao segmento A ou B e, não temos condições de exercer a cidadania plena.
Como os caranguejos o país anda de lado ou para trás! O legado que estamos deixando para as futuras gerações cobrará o desemprego, o atraso intelectual, a perda de costumes sadios, o país pobre e a população miserável e sem perspectivas.
No Brasil torcer, descaradamente, pelo fracasso das pessoas tornou-se a regra. Parece que o sucesso de alguém faz mal às pessoas que o circundam e, é fruto da sorte, do acaso, do favorecimento, do QI. O sábio Nelson Rodrigues, maior conhecedor da alma do brasileiro, chamava a isto de Complexo de Vira-Latas.
Torcer pelo insucesso do outro é de uma mesquinharia brutal que mostra de forma inequívoca porque o país não tem sucesso em seu caminho e tudo é cada vez mais complicado. O exemplo mais recente vem do Congresso, quando se descobre um conluio entre o presidente da Câmara e os partidos que compõem o “centrão”, para impedir o governo atual de obter sucesso em sua gestão e, por extensão, qualquer possibilidade de reeleição.
Será que é isso que queremos? Talvez o leitor tenha a percepção de que não é bem assim e que tudo pode mudar. Torço para que assim seja!
