Não vi, em nenhum momento das várias campanhas eleitorais que estou acompanhando o tema, título desta coluna, sendo abordado com a profundidade que merece.
Claro que o mundo mudou, óbvio que muitos dos tumultos que estamos acompanhando são originários da insegurança que as pessoas, às vezes inconscientemente, percebem ou sentem. Não há mais espaço para as pessoas sem qualificação nas áreas de atividades profissionais. A formação não pode mais ser somente teórica/conceitual; deve ser, fundamentalmente, prática. Cresce a importância da formação técnica e a necessidade de abandonarmos nossa cultura bacharelesca.
Com as mudanças sendo processadas quase que instantaneamente, não se justificam cursos de longa duração com uma porção de disciplinas que nada acrescentam. É fundamental rever a estrutura dos cursos de formação universitária, é imperioso rever o nível do ensino médio, pois não é com R$200, mensais mais R$ 1.000, ao concluir o curso que será possível mobilizar os jovens para a Educação. Há que tornar os cursos práticos e interessantes, com professores mobilizados e interessados em fazer parte de uma revolução que se torna, a cada dia, mais necessária.
Conforme divulgado pelo estudo Education at a Glance 2024 um em cada quatro brasileiros, entre 25 e 34 anos, não trabalham nem estudam; isto representa 24% da população nesta faixa etária. O estudo foi divulgado no dia 10.09.2024 pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Se este não é um dado assustador e que deveria mobilizar todos os poderes constituídos do Estado brasileiro, não sei mais definir prioridades.
Além de sepultar sonhos de milhões de jovens está se comprometendo o futuro do país de forma irremediável. Será que tem alguém, com nível mínimo de lucidez, que acredita poder construir bases sólidas de um país com uma população de analfabetos (7% da população acima de 15 – IBGE) e analfabetos funcionais (30% da população entre 15 e 64 anos – Instituto Paulo Montenegro)?
O problema é mundial, pelo avanço da IA e pelo descrédito com o futuro demonstrado pelos jovens. Sei que este não é o papel dos prefeitos a serem eleitos neste ano. Mas, quais são suas propostas para atrair empresas de tecnologia para seus municípios? Quais suas propostas para identificar áreas de oportunidades a serem exploradas? O que os candidatos de sua cidade têm como propostas para a geração de empregos? A Alemanha é um bom exemplo e, se formos inteligentes, deveríamos segui-lo.
Os empregos mais qualificados estão na indústria e, com o processo de robotização e mecanização, aprofundados pela IA, haverá demanda cada vez maior por profissionais técnicos. Essa é uma, se não a única, maneira de distribuir renda e de permitir o crescimento sustentável do país.
Este é um aviso aos pais, já que as autoridades parecem não se sensibilizar pelo tema! Entre fazer um curso superior sem aproveitamento pelo mercado, oriente seu filho a fazer um curso técnico que o qualificará para o mercado de trabalho.
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