O Brasil é, inegavelmente, um país rico! Além de sua dimensão física, o país tem riquezas em todas as áreas da economia e, principalmente, um subsolo generoso em termos de riquezas minerais.
Hoje, o país se reserva a ser uma grande fazenda com alguns vagões de minérios atrelados, por óbvias opções de quem nos gerencia e da opaca visão de futuro. Na verdade o país está acumulando uma série de problemas que esta coluna pretende apontar a seguir.
Paradoxo – carga de impostos x retorno à população. Há muito ouvimos e lemos sobre o cipoal tributário que incide sobre as empresas que aqui atuam. Não bastasse esta loucura tributária, tomamos conhecimento que, na comparação com países das Américas, temos a segunda maior carga tributária do continente americano. A reforma tributária, segundo alguns economistas, pode elevar a carga tributária já reconhecida como pesadíssima. Quando se analisa o retorno à população depara-se com uma situação crítica. Na Educação, saúde, segurança, infraestrutura, os indicadores apontam para uma situação crítica o que obriga a população, que tem condições financeiras, a buscar apoio em serviços particulares.
Paradoxo – saneamento básico x concentração populacional. Os dados coletados pelo recente recenseamento feito pelo IBGE indicam que a concentração urbana continua a acontecer e, principalmente, na faixa litorânea no fenômeno que se convencionou chamar de “litoralização.” 84,32% dos brasileiros vivem em concentrações urbanas com todas suas consequências. Ao mesmo tempo em que isto ocorre, esta população que vem em busca de emprego e moradia, encontra cidades sem a infraestrutura de saneamento básica que lhes permita viver com um mínimo de qualidade de vida; mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso à rede de saneamento básico, 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água encanada (Instituto Trata Brasil) e 1,2 milhões não têm acesso a banheiro em casa. (IBGE).
Paradoxo – Educação precária x Novas necessidades na formação profissional. Nesta área os números são absurdos. Os jovens, entre 15 e 24 anos, que não estudam nem trabalham, compõem 20,6% do número total de jovens nesta faixa etária. Quase 10 milhões de jovens deixaram de estudar em 2023. As entrevistas de rua feitas com jovens mostram o efeito deste abandono. Enquanto isto, o perfil profissional exigido pelas empresas fica cada vez mais exigente, com empresas abdicando de requisitos educacionais para formar seus próprios profissionais. Com isto perdem as escolas, as pessoas e o país.
Paradoxo – Aumento dos programas sociais x diminuição da população contribuinte. O governo, pródigo em fazer demagogia com o dinheiro alheio, cada vez cria mais benefícios para manter o povo embretado em suas necessidades. A população que depende dos benefícios governamentais só faz crescer e, por outro lado, quem sustenta toda esta parafernália começa a encolher, ou por se aposentar ou por diminuir a taxa de natalidade. Até onde irá o folego de quem paga para sustentar o sistema?
Paradoxo – Sistema de aposentadoria x diminuição da taxa de natalidade. A taxa de natalidade no Brasil em 2023 situou-se em 1,57%. Isto significa dizer que não atingiu a taxa de reposição que é de 2,1 filhos por casal. Suas consequências são óbvias e sem necessidade de um pensar mais profundo. Enquanto ocorre a diminuição da população aumenta o número de beneficiários do sistema de aposentadorias e o número de beneficiários dos sistemas de benefícios. Esta equação não fecha! O país está sentado sobre seus problemas e o acionamento da “bomba” já foi feito. Questão de tempo!
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