Há seis anos no cargo de copresidente da Africa,
Márcio Santoro fala sobre a relação agência-cliente e
critica a maneira como as consultorias vêm se posicionando
Márcio Santoro, copresidente da Africa sabe que, daqui a alguns anos, a agência continuará cumprindo sua principal função: comercializar ideias criativas para auxiliar as marcas a venderem mais. De que forma e em quais mídias essa atividade será feita são coisas que o executivo não hesita em reconhecer ainda como incógnitas.
Crente de que a indústria vivencia a ‘era do já era’, termo que usa para traduzir as transformações que a tecnologia vêm trazendo ao cenário da publicidade, Santoro ressalta que não apenas as empresas de comunicação, mas as companhias de todos os segmentos estão sofrendo com as mudanças do mercado. E que, para sobreviver a esse furacão, é primordial estar em sintonia com as transformações sociais.
Dividindo o comando da agência com Sérgio Gordilho, o executivo vê a união de diferentes visões como o tempero principal da operação — ingrediente este que, segundo ele, foi um dos fatores que chamaram a atenção da holding Omnicom, que em novembro de 2015 acertou a compra do Grupo ABC, do qual a Africa é parte, em uma das maiores transações recentes da indústria global de comunicação.
Nessa entrevista, Santoro fala sobre os impactos dessa negociação para a Africa, defende a confiança como base da relação agência-cliente e critica as consultorias que começam a se infiltrar na indústria criativa. “Elas promovem uma desvalorização de nosso negócio.”
O Meio & Mensagem iniciou a entrevista abordando a venda do Grupo ABC para a Omnicom. “Desde novembro de 2015, quando o grupo ABC foi adquirido pelo Omnicom, a Africa deixou de ser uma agência controlada por uma empresa de capital nacional. Quais são os prós e contras dessa nova realidade?”
Márcio Santoro – Das negociações estratégicas que poderíamos ter feito, essa foi a melhor possível. Temos uma relação histórica com o Omnicom, desde a época em que o Nizan (Guanaes, chairman do grupo ABC) e o Guga (Valente, CEO do grupo) fizeram o primeiro negócio na DM9, e também quando criamos a Africa, da qual eles foram sócios minoritários. Na prática, muda pouca coisa porque já sabemos bem como eles trabalham e o grupo tem como característica a liberdade que dá aos gestores locais. Quando olhamos para todas as transformações que estão acontecendo no nosso mercado e vemos que temos ao lado uma fonte de informação como o Omnicom, que tem ferramentas para atravessar esse processo, que está mais avançada e bem preparada na digitalização, reconhecemos que estamos em uma situação altamente privilegiada. Vejo o Nizan, o Guga e nós mesmos com as energias renovadas. O Omnicom foi muito inteligente em ter mantido toda a estrutura do ABC. Não consigo nem identificar algo negativo nesse processo.
Para ler a íntegra desta entrevista realizada por Bárbara Sacchitiello para o Meio&Mensagem, clique aqui.