Na última quinta-feira, 23/03, publicamos uma matéria sobre as medidas restritivas que o Google vai implantar para a veiculação de publicidade no YouTube com a finalidade de impedir que anunciantes sejam expostos em conteúdos ofensivos.
O AcontecendoAqui entende que essa medida vai diminuir a entrega por parte de ações com mídia comprada de forma programática e consultou 3 executivos de empresas especializadas na área e que atuam junto a agências e anunciantes em Santa Catarina, para esclarecer aos nossos leitores sobre esta questão. Acompanhe:
Artur Pereira, Diretor de Mídia Programática da Publya
“As mudanças anunciadas pelo Google, reafirmam a preocupação que todo o mercado de publicidade online tem em combater as fraudes. Na mídia programática, essas ações já são feitas há algum tempo e existem cada vez mais opções e ferramentas para proteger as marcas. As trading desks – como a Publya – criam estratégias de Whitelists, onde a campanha é veiculada apenas dentro de uma lista predeterminada de sites conhecidos – diminuindo muito os riscos de fraudes. Além disso, gestores de campanhas programáticas verificam periodicamente os sites em que as campanhas estão sendo exibidas e bloqueiam domínios suspeitos em Blacklists – evitando que mais impressões daquela e de futuras campanhas, sejam entregues em sites fraudulentos. Além deste trabalho humano, hoje as principais DSPs do mercado possuem setores específicos trabalhando constantemente para identificar sites fraudulentos e bani-los de seus inventários. A tecnologia que temos disponível no mercado, já permite identificar o tráfego “não humano” apenas através do comportamento de navegação do usuário, facilitando muito este trabalho de filtro por parte das DSPs. Por fim já existem Data Suppliers que fornecem filtros de Brand Safety para fornecer um grau de proteção a mais: marcas que não querem se associar com determinado conteúdo – como política, por exemplo – podem utilizar esse filtro em suas campanhas programáticas, sem se preocupar com vazamentos.”
Bruno Pompeu, sócio-diretor da Fit Mídia
“Entendo que essas novas diretrizes no YouTube não mudam quase nada na programática. O inventário do YouTube não fica disponível para a maioria dos players, somente a BDM usa. Para nós, na verdade, não muda nada. Com a tecnologia da Metrics e Double Verify que a FitMídia usa, já não entregamos campanhas em conteúdo ofensivo. Na minha opinião, os publishers estão fazendo agora o que deveriam ter feito há muito tempo. O poder da audiência é deles e não do Google. Lá fora, como pude comprovar em recente viagem, os caras levam isso muito a sério e aqui os publishers estão se tornando reféns do Google, por conta de rentabilidade e de mercado. Esse movimento já era esperado, baseado numa ação dos publishers que processaram o Google News e ganharam”.
Domingos Secco Junior – diretor da Alright Media
“Ao contrário, do Facebook, a plataforma de display do Google roda exclusivamente sobre conteúdo de terceiros, com sistemas de controle e validação sempre em aperfeiçoamento. E obviamente passíveis a erro. YouTube, por sua vez, tem características parecidas com o Facebook pois é um ambiente próprio (ou seja, mais fácil de controlar) mas, da mesma forma, só funciona porque tem conteúdo de pessoas e marcas.
O caso recente de veiculação de anúncios em conteúdos ofensivos não pode ser levadO somente ao ambiente programático. Há muitos anos, os vídeos das marcas rodam junto a conteúdos piratas, fake news e vídeos de qualidade duvidosa. Hoje, quem mais perde com isso são os pequenos e médios anunciantes pois não tem acesso a ferramentas de auditoria de mídia. São milhões de anunciantes, investindo milhares de dólares num long tail onde o consumidor (pagador da campanha) é o rei e dane-se o sistema produtivo.
No mercado de programática atuam empresas sérias e globais mas tem muito picareta passando a conversa por aí. Abre teu olho!
Felizmente, estamos vivendo a depuração do digital. Separando o joio do trigo.”