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7 PERGUNTAS PARA Philippe Arruda, premiado fotógrafo, formado em engenharia mecânica e jornalismo
12 de Abril de 2013

7 PERGUNTAS PARA Philippe Arruda, premiado fotógrafo, formado em engenharia mecânica e jornalismo

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Philippe Arruda_6609AcontecendoAqui conversou com fotógrafo Philippe Arruda. Formado em engenharia mecânica e jornalismo, com diversos prêmios de fotografia publicitária em Santa Catarina, seu Estado natal. Realizou diversas exposições individuais nas principais capitais brasileiras, na França e na Alemanha, bem como inúmeras mostras coletivas e individuais em Santa Catarina. Em cinema, fez especialização na Escola Internacional de Cinema em San Antonio de Los Baños (Cuba). Hoje é produtor-executivo do estúdio catarinense Animaking e diretor de fotografia do filme “Minhocas“, a primeira animação em stop motion da América Latina, a ser lançado em 2013. Confira:

Acontecendo Aqui – Você é um dos fotógrafos de publicidade mais reconhecidos de Santa Catarina. Fale sobre sua formação e trajetória profissional no mundo da fotografia.

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Philippe Arruda – Eu tenho uma formação profissional e pessoal meio heterodoxa: iniciei Administração de empresas, passei para Engenharia Mecânica, onde cursei 4 anos, transferi para História e me formei em Jornalismo na UFSC.
Esses foram meus 10 anos de formação acadêmica. Na verdade eu transformei meu hobby, a fotografia, que descobri durante o curso de engenharia, em profissão, por isso fiz Jornalismo, que na época era o único curso com cadeiras de fotografia. Devido a isso, já entrei focado e sabendo o que iria fazer para sobreviver. Em paralelo fui me especializando em fotografia publicitária, fazendo diversos cursos e workshops em São Paulo, mas em épocas que não existia internet, a formação profissional era muito mais vivida e experimentada, por isso comecei logo a trabalhar e em 1987 fui para os EUA para comprar meu primeiro equipamento profissional, uma Canon EOS 620, que foi a primeira câmera com auto focus lançada no mundo, o que era uma revolução. Voltei e lembro que fui criticado pelos profissionais da época por estar me rendendo às novas tecnologias. Em seguida fundei meu primeiro estúdio fotográfico com um sócio, o Marcelo Meyer, que coincidentemente tinha sido meu colega da Mecânica.
No início transitei pelo foto jornalismo, sendo editor de fotografia da Revista Expressão e fazendo alguns freelas para jornais e revistas nacionais. Mas a publicidade me fascinava e cada job era um desafio, e um experimento novo. Em 90 me formei e meu trabalho de conclusão de curso foi um áudiovisual sobre a cultura indígena chamado Vida e Arte no Xingu, em parceria com jornalista Marcia Carvalho.
Para o lançamento do áudiovisual fiz um exposição fotográfica que percorreu as principais capitais do Brasil, França e Alemanha. A partir dai, as portas se abriram e parti para a carreira solo, montando o Philippe Arruda Photo Agência, onde produzi por 15 anos até transformá-lo na Over Digital, que está completando 5 anos, com meu sócio Kiko Santos e mais 10 colaboradores.


AAqui – Você está nessa profissão há 20 anos e já viu de tudo nesse setor. Faça uma comparação do mercado de 10 anos atrás com o atual.


Philippe Arruda –
Em 2003 não havia digital, a grande diferença é essa. Todas as mudanças no meio fotográfico vieram em função da acessibilidade de novas tecnologias e consequente popularização dos equipamentos. Fotografar hoje é como cozinhar, todo mundo sabe ou pelo menos faz. Há 10 anos poucos dominavam a técnica e a conjugavam com talento. Hoje não precisa de técnica para fotografar, mas o talento ainda é essencial. Voltando a analogia do cozinhar, todos cozinham, alguns transformam em profissão, mas poucos são os chefes que se destacam. Tudo mudou, mas a mecânica ainda é a mesma. Há 10 anos os fotógrafos eram genéricos, tinham que saber fotografar tudo. Hoje temos várias especialidades dentro da fotografia e você tem que ser muito bom em uma delas. Há 10 anos o número do fotógrafos era bem menor, mas os jobs também. Hoje, fotografia é um produto essencial para venda e falo em qualquer tipo de venda, incluindo ai as redes sociais, como produto auto promocional. Com essa popularização o mercado profissional também aumentou muito e a foto perdeu o glamour e está sendo tratada como produto, então vamos produzir. Para estar no mercado hoje é preciso estar adequado e falar a linguagem dele, se reinventar é essencial.

AAqui – O advento do digital na fotografia mudou a cabeça de muita gente e gerou uma infinidade de fotógrafos. Como você enxerga essa evolução digital e sua influência nos aspectos artísticos e criativos, e as mudanças nos mecanismos de difusão.

Philippe Arruda –
 Trabalhei 15 anos na zona de conforto, dominando a técnica , aprimorando o olhar e a sensibilidade artística. Veio o digital, passei por uma crise profunda. Todo meu equipamento fotográfico ficou obsoleto e sem utilidade, tenho 6 máquinas fotográficas e mais de 20 lentes que viraram museu, guardo como história. Quando percebi que não tinha volta, mergulhei de cabeça novamente e fui o primeiro fotógrafo em Florianópolis a fotografar na extensão raw, o que é banal hoje, mas no início ninguém conhecia. Ok, hoje não se questiona mais a ferramento nem o meio digital, e vamos tirar proveito do que temos.
O que está acontecendo com a nova geração de fotógrafos é a falta da técnica e do pensamento construtivo, o processo criativo deixou de existir e passou ao copiativo, é muito mais fácil ver o que já foi feito e copiar uma das idéias, do que desenvolver o olhar e experimentar, até conseguir o que se imaginou e ainda não viu. Estamos vivendo uma época onde tudo é muito rápido, intenso, mas sem consistência, não perdura. Isso vale para a fotografia, música, artes plásticas, se fizermos um rápido exercício de memória iremos lembrar de quadros famosos do início do século, de bandas e fotos dos anos 30/40/60/70/80/90, até a era digital, depois disso passaram milhões de músicas, de fotos e obras de arte, mas quase nada ficou. Quanto à difusão, não se questiona, só o facebook posta 2 milhões de imagens por mês, mas oque isso significa? Quantas dessas imagens perdurarão?

AAqui – Qual é o maior concorrente de um profissional que atua onde você está? Outro fotógrafo ou banco de imagens e royalties free? E como as agências administram a produção de suas campanhas publicitárias?

Philippe Arruda – Sem dúvidas, hoje, os bancos de imagens dominam o mercado. É possível comprar imagens em alta qualidade entre U$5 e U$50. Não há exclusividade com estes preços, mas os custos justificam tudo. Acredito que 70% das campanhas publicitárias produzidas hoje utilizam esses caminhos. Sem volta, na minha opinião. Por isso, há 5 anos montamos a Over Digital, especializada em tratamento de imagens, para poder continuar trabalhando neste meio. Outra coisa: hoje não existe foto sem manipulação. Podemos discutir o quanto uma imagem foi alterada, mas sem retoque é mentira.
Ainda existem os segmentos que continuam produzindo fotos, são segmentos com coleções que são lançadas todos os anos, pois hoje tudo é tratado como moda: ramo cerâmico, têxtil, calçados, acessórios para casa, móveis, alimentos. A moda como produto é que mantém o fotografia viva.

AAqui – Você foi premiado como o Melhor Fotógrafo no 6 Prêmio Catarinense de Propaganda, realizado pelo CCSC, em 2012. Qual a importância desse prêmio na sua carreira?

Philippe Arruda – Para quem trabalha há tanto tempo com publicidade e sendo o Prêmio Catarinense de Propaganda a expressão máxima, fiquei realmente muito feliz, e me estimulou a seguir crescendo na fotografia. Após 20 anos de trabalho intenso, continuo com o maior tesão, querendo sempre produzir jobs criativos, onde o dna do fotógrafo possa ser identificado.

AAqui – Uma boa foto publicitária é mérito do equipamento, fotógrafo, pós produção ou da ideia que veio da agência?

Philippe Arruda –Esta semana o The New York Times, postou uma foto de Instagran na capa. A foto foi feita pelo fotógrafo da agência Getty, Nick Lahan, e põe em discussão a utilização dos smartphones. A verdade é que hoje há muitos meios de captação e depende muito da linguagem que se queira dar. Já existe longa metragem captado com iPhone o equipamento é o acessório, a ideia da agência é fundamental, a pós produção é a maquiagem servem para corrigir e dar os acabamentos. A foto é a essência, a depuração de todo o processo. Todas as etapas são fundamentais, mas o maestro ainda é o fotógrafo. http://photos.uol.com.br/materias/ver/74634

AAqui – Quais os conselhos e dicas que você dá para quem quer seguir a carreira de fotógrafo?

Philippe Arruda –Primeiro estudar, bastante, conhecer a história da fotografia e seus mestres. Dominar a técnica é fundamental para, se quiser, poder desconstruí-la. Saber liderar uma equipe e delegar funções. Não se faz nada sozinho. Entender de administração e marketing e as três principais atitudes: persistência, persistência e persistência.

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