O debate econômico brasileiro tem sido muito pobre. Na última eleição presidencial, foi deixado de lado, com os principais candidatos focando em temas mais relacionados a corrupção e, principalmente, covid e democracia. O atual governo acabou sendo eleito sem se comprometer com uma agenda econômica mínima. Apesar da retórica anti mercado, até o momento, não tomou medidas mais sérias que mudassem a estrutura da economia brasileira. Temas como reforma trabalhista e da previdência seguem, até o momento, esquecidos.
Porém, o ritmo de gastos da União teve um aumento estrondoso. Um aumento de gastos já estava precificado, mesmo se o antigo governo fosse reeleito, mas vimos um estouro das despesas, bem maior que o esperado. Para fazer frente a isso, ao invés de rediscutir esses gastos e tentar otimizar despesas, com uma possível reforma administrativa, o governo decidiu que o correto seria aumentar impostos. Com a bandeira da justiça fiscal, partiu pra cima do que chamou de falhas na tributação. A caça as bruxas é enorme. Mesmo com esse movimento forte, a expectativa do mercado é que ainda teremos déficit fiscal em 2024.
Temos outras notícias não tão boas. Apesar do PIB brasileiro ter crescido em 2023 (e ter expectativa positiva em 2024), o crescimento é focado em poucas áreas, como o agronegócio. Nossa balança comercial bate recordes, porém o destaque é a venda de petróleo e a queda das importações. Menos importação quer dizer menos investimentos em máquinas e equipamentos. Ou seja, o setor produtivo segue aguardando algum sinal positivo para embarcar. O empresariado, em sua grande maioria, não votou no atual governo. E apesar de valorizar o esforço da equipe econômica na tentativa de melhorar as contas públicas, continua não acreditando que isso seja sustentável no longo prazo.
Observando a situação fora do Brasil, continuamos com a guerra na Ucrânia. Mais um ponto de cautela com a situação na Faixa de Gaza. EUA seguem crescendo, mesmo com juros mais altos. Porém, o grande ponto a ser acompanhado é China. As informações sobre economia chinesa sempre vêm muito truncadas. Dados não confiáveis. Porém, algumas luzes amarelas foram acesas no setor de construção civil e bancário. Empresas começando a ter problemas de crédito. Efeito de uma expansão gigantesca do crédito nas últimas décadas.
O grande ponto positivo (e que pode dar um alento de curto/médio prazo) é a queda dos juros no Brasil. E um possível início de queda de juros nos EUA. O Banco Central brasileiro segue o ritmo de cortes de 0,50% em cada reunião. A parada final deve ficar entre 8% e 9,5%, dependendo dos cortes de juros que tivermos nos EUA. As empresas agradecem. Despesas financeiras têm sido a grande dificuldade nos balanços corporativos brasileiros.
No entanto, sem uma mudança estrutural no Brasil, teremos mais um vôo de galinha. Estado precisa se reinventar, ser menor. Dar espaço para a iniciativa privada trabalhar. Valorizar e proteger o empreendedor. Ao invés de persegui-lo com taxas e impostos. Investir em educação de qualidade, para aumentar a produtividade média da economia. Infelizmente, a gente vive de medidas isoladas. Falta diagnóstico correto do que deve ser melhorado. Voltamos a discutir coisas que já deram errado no passado e, que, incrivelmente, estão sendo novamente reintroduzidas. Tudo isso temperado com uma desconfiança cada vez maior nas instituições. Fica difícil acreditar que conseguiremos, enfim, deixar de ser o país do futuro para ser o país do presente.
O mundo é dinâmico. Temos fatos novos todas as semanas. Deixo o convite para vocês assistirem ao meu programa semanal no YouTube da ActivTrades. O programa se chama “Markets Warm Up”, onde faço literalmente um aquecimento para a semana, todas as segundas, ao vivo, às 09 da manhã. Deixem comentários, perguntas, sugestões. Vamos fazer juntos um espaço em que possamos discutir idéias e alternativas para o Brasil, além de comentar operações que possam ser lucrativas.