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COLUNA DOT | O Twitter morreu? Pode ser, mas não na política
27 de Fevereiro de 2017

COLUNA DOT | O Twitter morreu? Pode ser, mas não na política

por Rodrigo Teixeira

 

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“Just setting up my twttr”

Esta é a primeira mensagem da ferramenta criada em 2006. O Twitter ganhou notoriedade no Brasil em 2008 durante as eleições municipais, mais especificamente na capital paulista. Até então, a única rede social de fato existente no país era o finado Orkut, criado pelo Google para ser uma plataforma global, mas que foi dominada pelos brasileiros. A chegada do Twitter, famosa pelo dinamismo e velocidade, trouxe ar fresco a atmosfera digital brasileira. Mas isso durou pouco.

Assim como aconteceu com o Orkut, o vírus H1NBrasil atacou o Twitter com apetite voraz. José, Maria, Augusto e até padaria (sem brincadeira) criaram uma conta na rede social do momento. Sem entender para que o Twitter servia, milhões de brasileiros entraram por uma porta dos 140 caracteres para, em seguida, sair pela outra rumo ao Facebook sem sentir saudades.

Passado o oba-oba, o Twitter começou a cumprir sua função inicial, e colocou em contato pessoas interessadas em trocar opinião e, acima de tudo, informação. Além de algumas celebridades, o Twitter é utilizado primariamente por jornalistas, blogueiros e políticos. É ali que os periodistas, sempre restritos à coleira da transmissão da notícia, passaram a vocalizar suas opiniões, a dialogar com a audiência.

Os políticos, por outro lado, encontraram outra finalidade para a plataforma. Ali, sem o filtro da mídia e editores, compartilham agenda, opinião e se comunicam com jornalistas, que consumem os tweets como aspas. Acima de tudo, eles se mantêm em contato o eleitorado. Foi no Twitter que dois fenômenos da direita nasceram: Donald Trump, nos Estados Unidos, e Ronaldo Caiado, na Terra Brasilis.

Twitter – 10 anos de Brasil

Hoje, passados 10 anos do debute em ares tupiniquins, o Twitter voltou a ganhar destaque na grande mídia brasileira. Donald Trump, então candidato à presidência americana, utilizou a rede social para conversar com seu público-alvo, então esquecido por outros candidatos e jornais. Hoje, o homem por trás da @Potus, que é a conta destinado ao President of The United States, utiliza sua conta institucional e também a particular, @realdonaldtrump, para propagar opiniões e defender decisões. Para Trump, o Twitter é uma forma de furar as redações. Para a imprensa, seu Twitter é um prato cheio de aspas polêmicas e controversas.

No começo de 2016, Trump tinha aproximadamente 5 milhões de seguidores. Em janeiro, o número saltou para 24 milhões, embora 20% sejam os chamados ovos, ou seja, que nunca trocaram a foto de perfil. Além disso, 4,7 milhões nunca publicaram um único tweet. Mesmo assim, o Twitter foi a rede social mais poderosa, em termos proporcionais, no arsenal de campanha de Donald Trump.

Entre junho de 2015 e novembro de 2016, Trump teve cerca de 9 bilhões de impressões de conteúdo e 400 milhões engajamentos no Twitter, contra 21 bilhões de impressões e 485 milhões engajamentos no Facebook. Vitória do Facebook? Negativo. Em dezembro, 1,86 bilhões usuários estavam ativos no Facebook, enquanto o Twitter teve “apenas” 317 milhões pessoas conectadas. Ou seja, cada usuário online no Facebook foi impactado 11,7 vezes por uma impressão, enquanto um usuário ativo no Twitter foi impactado 28 vezes. Costumo dizer que o Facebook é vitrine, mas o Twitter é o que, de fato, espalha a informação. Os números obtidos por Trump são exemplo disso.

A utilização do Twitter como plataforma de campanha foi benéfica para Trump, mas também foi boa para a ferramenta. O número de usuários ativos por mês na plataforma saltou de 310 milhões, nas primárias, para 317 milhões no final da eleição. Em 2015, a taxa de crescimento de usuários foi de 1%. Em 2016, pulou para 3%. Desde seu IPO em 2013, a rede social nunca deu lucro, mas segundo a BTIG Research, graças a Trump e o aumento de impressões e usuários ativos, o Twitter pode finalmente sair do vermelho em 2017.

Real vocação

Essa vocação como fonte de informação, e não como plataforma de relacionamento, motivou a empresa a lançar recentemente medidas para combater mensagens de ódio e intolerância. O foco atual é tornar o Twitter um ecossistema mais amigável, seguro, e livre de trolls, denominação da rede para o famoso encrenqueiro.

Sempre que monto estratégia digital para um cliente, político ou não, surge o debate sobre a eficácia do Twitter. É comum que assessores tentem descarta-lo, pois na opinião deles, só o Facebook é que funciona. Não é bem assim. Em 2009 Ronaldo Caiado, então desconhecido deputado goiano, começou a usar o Twitter. Foi ali que ele, sem espaço na imprensa, ganhou o país como voz líder na oposição contra o governo Lula. Hoje, Caiado é Senador da República e virtual pré-candidato a presidente em 2018. Em 2014, quando o encontrei durante sua campanha ao Senado, Caiado disse para quem quisesse ouvir. A chegada ao Twitter foi um ponto de virada em sua carreira política.

Em suma, os 140 caracteres dinâmicos do tweet podem não agradar a todos, mas como podem dizer Ronaldo Caiado, João Dória e os 318 milhões governados por Donald Trump, o Twitter vai muito bem, obrigado.

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Rodrigo Teixeira @roteixeira é Estrategista de Comunicação da DDBR.

 

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