Há um conceito que tem sido disseminado por alguns dos atuais filósofos contemporâneos que aprendi a admirar e que num primeiro momento me causou a mesma estranheza que você sentiu a ler o título deste artigo.
O explicador Clóvis de Barros, como ele mesmo se denomina, cita alguns destes filósofos, e na nobre missão de simplificar o entendimento, evidencia a diferença entre o útil e o inútil pela sua etimologia. Diz ele com suas palavras: O útil existe como meio ou ferramenta para realizar algo; e quem o utiliza é o realizador. O inútil, por mais pejorativo que o coloquialismo faça parecer, é aquilo que é e não precisa server para realizar algo. O inútil realiza sua essência sem a necessidade de utilizar ou ser um meio para existir. Minha inutilidade predileta neste momento é a Arte.
Você pode ter se perguntado ao longo da vida: para quê serve a arte?
De fato a arte não é serva ela é essência. Existe por si mesma e posso até utiliza-la para minhas necessidades, mas ela não precisa cumprir minha necessidade para ser, tanto que ela nasce na natureza, independentemente da capacidade do ser humano em reproduzi-la em uma tela, foto ou escultura. A arte é sem precisar de nós, mas revela-se em nossa mente cada vez que reconhecemos a graça.
Foi assim que organizei minha existência como artista plástico no diagrama abaixo em que, usando da metodologia criada nos anos 1970 por Noel Bürch da Gordon Training Internacional.
Divido inicialmente o diagrama em duas grandes áreas. A primeira onde estou aprendendo e faço minhas atividades porque produzo algo útil com isso e no meu caso, a arte (que não precisava de mim para ser arte, pois já estava na natureza) foi uma ferramenta para superar as dificuldades do luto e da falta de sentido para a vida. Foi uma válvula de escape.
Na segunda área do diagrama, depois de já ter passado por todas as fases de amadurecimento da competência (e recorrentemente ainda estou amadurecendo em cada nova habilidade ou percepção) e de não haver mais motivo útil para fazer arte, continuo fazendo arte e acredito que sob alguns aspectos encontrei o estágio final e entendi o que chamei de O ESTADO DA ARTE. Momento em que faço aquilo que faço sem utilidade. Sem intenção. Somente para admirar, contemplar, filosofar, emocionar, impactar, provocar ou inspirar. Já não faço mais para produzir algo, mas sim para que a arte faça de si mesma o que ela é.
Sei que pode parecer muito conceitual para quem ainda não passou por isso. Mas espero que este artigo seja um farol para os que estão por perto dessa luz. Para os que quiserem usar este amontoado de conceitos para entender seu lugar no mundo como para mim foi útil.