Head no LinkedIn Brasil desde 2018, Ana Claudia Plihal tem uma vasta experiência em multinacionais como Microsoft e Cisco, onde desempenhou papéis cruciais no desenvolvimento de estratégias comerciais e inovação. Sua formação acadêmica em temas como Design Thinking pelo MIT-Sloan School of Management e especializações em instituições como INSPER, FGV entre outras, permitiu que ela enfrentasse os desafios do mundo corporativo com uma abordagem inovadora. Ao longo desta entrevista, Ana Claudia aborda questões relevantes como o impacto da Inteligência Artificial no futuro do trabalho, a importância da liderança inspiradora e suas estratégias para conectar talentos e empresas em um cenário de constante mudança.
Muito grato por sua disposição em contribuir para nossa coluna. A primeira questão é relativa à sua formação profissional. Em sua ampla capacitação, temas como Competências Profissionais, Emocionais e Tecnológicas, Business e Design Thinking devem ter sido essenciais para moldar sua carreira. Como essas competências adquiridas impactaram suas escolhas profissionais e seu estilo de liderança em tempos de mudança?
A interseção entre competências técnicas e emocionais foi um dos grandes diferenciais ao longo da minha carreira. Desde cedo, percebi que, além de entender profundamente o aspecto técnico e tecnológico, o sucesso em ambientes corporativos e de liderança dependia da capacidade de gerenciar pessoas e suas emoções. Essa combinação de habilidades me ajudou a adaptar e liderar em tempos de mudança, sempre focada em empatia e escuta ativa, sem deixar de lado o foco em resultados e inovação. Em tempos de grande transformação digital, essas competências me ajudaram a ser mais flexível e resiliente, características essenciais para navegar pela incerteza e guiar equipes para o sucesso.
Sua formação em Design Thinking pelo MIT-Sloan School of Management deve ter influenciado sua abordagem inovadora em negócios. O que lhe levou a procurar esta formação, mesmo já sendo uma executiva de larga experiência na época? E quais foram os principais resultados advindos desta formação?
Mesmo com muitos anos de experiência, sempre acreditei que o aprendizado contínuo é um diferencial competitivo. Além disso, sentia que eu precisava desafiar o meu modelo mental na tomada de decisão, eu tinha uma curiosidade em mim quanto ao meu processo de inovação. O Design Thinking é uma abordagem que coloca o ser humano no centro das decisões e é fundamental para inovar de forma sustentável. Minha decisão de buscar essa formação veio da necessidade de aplicar essa perspectiva em uma escala maior, permitindo criar soluções que realmente atendam às necessidades do cliente. Os principais resultados foram uma maior agilidade na tomada de decisões e a capacidade de engajar equipes de forma colaborativa, o que gerou soluções mais criativas e impactantes, além de uma experiência do cliente aprimorada.
Durante seu período como diretora comercial da Cisco Systems, você manteve o crescimento de vendas em dois dígitos através de três estratégias de mercado. Quais fatores você considerou ao definir essas estratégias e como suas decisões contribuíram para o sucesso contínuo da empresa?
Na Cisco, o foco sempre foi entender as necessidades emergentes do mercado e dos clientes. As três estratégias centrais foram: 1) Adoção de tecnologias inovadoras para estar sempre à frente da concorrência; 2) Investimento em capacitação e desenvolvimento de times de vendas para maximizar a performance; e 3) Parcerias estratégicas para expandir o alcance e a profundidade do mercado. A tomada de decisões foi orientada por dados, mas com um olhar atento para as tendências futuras, o que garantiu um crescimento sustentável e a habilidade de antecipar demandas, promovendo uma conexão genuína com os clientes. Havia também uma janela de oportunidade pois era interesse da Cisco, naquele momento, entrar num segmento de mercado que era novo para ela, onde a concorrência era muito pulverizada e extremamente pressionada por preço. Esses momentos sempre foram encarados como oportunidades para mim. São o cenário perfeito para fazer algo bem diferente. O risco é alto, mas o retorno também. Foi o que aconteceu.
Em sua trajetória de mais de quinze anos na Microsoft, de 1997 a 2012, você desempenhou diversas funções, sendo uma delas em Knowledge Management. Diante da relevância dada ao gerenciamento do conhecimento para o crescimento das organizações, como você avalia que as empresas no Brasil estão posicionadas nesta área comparando ao cenário internacional?
O Brasil tem evoluído significativamente na gestão do conhecimento, especialmente com a digitalização dos processos. No entanto, comparado a cenários internacionais, ainda há um caminho a ser percorrido em termos de cultura organizacional e integração de sistemas. No exterior, especialmente em mercados mais maduros, o foco está em criar uma cultura de compartilhamento de conhecimento e inovação contínua. Aqui, ainda temos desafios na implementação de processos que incentivem a colaboração de forma integrada e natural. O avanço depende de uma mudança de mentalidade, onde a gestão do conhecimento é vista como um ativo estratégico, e não apenas como um recurso adicional.
Como head do LinkedIn no país, você implementou estratégias inovadoras de recrutamento. Pode compartilhar um exemplo de como essas estratégias conectaram talentos e empresas de maneira eficaz e quais fatores foram cruciais para o sucesso?
A estratégia mais eficaz foi começar as conversas sobre oportunidades de emprego olhando pelas habilidades que estávamos procurando, desvinculando dos tradicionais cargos e carreira. Revisitamos os critérios requeridos para as posições que estávamos olhando nos questionando o quanto aquilo realmente garantia que trouxéssemos um profissional que comungasse dos nossos valores e se identificasse com a nossa cultura. Imediatamente nosso pool de talentos cresceu e a diversidade aconteceu de forma natural. O uso de dados e insights para promover um match mais preciso entre talentos e empresas também foi fundamental, só que agora baseado em competências, habilidades. O LinkedIn oferece uma base riquíssima de informações, que, quando bem analisadas, permite identificar padrões e comportamentos que levam a conexões mais bem-sucedidas. Um exemplo prático foi a criação de campanhas segmentadas que conectaram profissionais com habilidades emergentes, como IA e ciência de dados, a empresas que buscavam inovar nessas áreas. O fator crítico foi a personalização e a capacidade de promover conexões autênticas, priorizando o fit cultural além das competências técnicas.
A crescente influência da Inteligência Artificial está transformando significativamente o universo do trabalho, criando novas oportunidades e desafios para profissionais e empresas. Como você enxerga essa transformação trazida pela IA? E como busca influenciar positivamente as pessoas e empresas em suas interações sobre esse novo cenário?
A IA está, sem dúvida, revolucionando o mercado de trabalho, criando novas oportunidades em áreas que antes nem existiam, mas também exigindo uma adaptação rápida por parte dos profissionais. Meu papel tem sido promover uma visão de que a IA não substitui talentos, mas complementa. Estamos vendo um deslocamento de habilidades repetitivas para o foco em criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas complexos. No LinkedIn, trabalhamos para educar tanto profissionais quanto empresas a entenderem o valor dessas novas competências e como se preparar para o futuro. Minha meta é ser uma facilitadora dessa transição, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo e adaptação.
Diante de sua vasta experiência executiva em diversas empresas globais e setores, qual seria sua mensagem final para esta entrevista? E quais conselhos você daria para alguém que está iniciando sua carreira ou passando por uma fase de transição?
Minha mensagem final seria: a chave para o sucesso é a adaptabilidade e o aprendizado constante. Vivemos em um mundo em que a tecnologia evolui rapidamente, e o que nos trouxe até aqui pode não ser o que nos levará adiante. Para quem está começando, meu conselho é simples: esteja sempre disposto a aprender e a se reinventar. A humildade de aprender com os erros, a curiosidade de explorar novas possibilidades e a coragem de sair da zona de conforto são as características que farão a diferença. Para quem está em transição, minha sugestão é abraçar o novo com confiança, sabendo que cada experiência traz consigo uma oportunidade de crescimento. Seja protagonista da sua carreira, o crescimento só acontece quando buscamos ativamente isso. Não é responsabilidade da empresa te proporcionar oportunidades, as corporações tem necessidades. Depende do profissional estar atento a essas necessidades e optar por se adaptar para endereçar essa demanda. Todo passo é um aprendizado e esses passos constroem a jornada da carreira.
Lições de carreira
Com uma carreira marcada pela inovação e por sua capacidade de liderar grandes equipes, Ana Claudia Plihal nos mostra como as mudanças tecnológicas e a evolução das competências humanas caminham lado a lado. Em um cenário onde a Inteligência Artificial está remodelando o mercado de trabalho, ela destaca a importância de uma liderança que valoriza o crescimento pessoal e o impacto positivo nas organizações. Seu exemplo de sucesso é um lembrete poderoso de que, seja no início ou em um momento de transição, investir em si mesmo e nas pessoas ao redor é o caminho para um futuro brilhante e sustentável.
Grato pela leitura. Nos encontramos no próximo artigo!
Abraço, Jonny