Jean Oliskovicz, presidente do Instituto OLISCORP, fundador do CEOs CLUB e LIDERA Brasil, compartilha sua jornada de liderança e empreendedorismo. Ele também é conselheiro corporativo e diretor da ADVB Santa Catarina. Nesta entrevista, exploramos suas experiências, decisões marcantes e visão sobre o papel da educação corporativa no desenvolvimento de líderes e gestores.
Muito grato por sua disposição em contribuir para nossa coluna. Você fundou o Instituto OLISCORP com foco em Educação Corporativa e Desenvolvimento Humano. Como essa iniciativa tem contribuído para o desenvolvimento de líderes e gestores no Brasil e quais são os planos para a expansão internacional?
A OLISCORP já se consolidou como um grupo, mas o Instituto OLISCORP (que hoje é a OLISCORP Educação), começou como um instituto por uma questão de estratégia. Hoje, a OLISCORP Educação já desenvolveu mais de 180.000 líderes, incluindo mais de 1.000 CEOs, e trabalhou com mais de 200 empresas. Acreditamos que o futuro é humano, apesar das novas tecnologias como IA, Metaverso e outras. As modas tecnológicas mudam rapidamente, mas o futuro da performance nos negócios continuará humano. O humano faz o que o “control+C control+V” não consegue, e a IA é apenas uma grande base de informações formada por humanos para fornecer respostas coerentes.
O impacto que tivemos ao longo dos anos é difícil de mensurar em dados específicos, mas sempre alcançamos resultados. Trabalhamos com projetos personalizados para cada empresa, entendendo os desafios específicos de cada segmento. Sempre atingimos 100% das metas e objetivos, algumas vezes extrapolando em 170% ou 180%, e outras vezes atingindo 105% ou 103%.
Nosso impacto positivo é devido ao foco no lado humano do sucesso, respeitando as pessoas envolvidas no processo, entendendo, e não julgando. Nossa função na OLISCORP Educação é fortalecer o entendimento, não o julgamento. Quanto mais entendemos, mais respeitamos, e assim, construímos soluções reais. Se percebemos que estamos na empresa errada, isso também é respeitado.
Do ponto de vista de internacionalização, tentamos acelerar esse processo há alguns anos, e temos parcerias internacionais, principalmente em países de língua portuguesa como Portugal, Angola e Moçambique. No entanto, nossa prioridade estratégica agora é assumir o protagonismo como principal desenvolvedor de lideranças para empresas brasileiras e fazer parcerias estratégicas com marcas relevantes em outros cenários como FIESC, GoNew, SALES Clube e CMJ. Procuramos ser parceiros de grandes referências em segmentos específicos do empreendedorismo, sendo o braço de desenvolvimento de liderança desses processos.
O CEO’s Club é um clube exclusivo com foco em Network, Informação, Evolução e Negócios. Como você vê o papel do networking na carreira de um profissional e como o CEO’s Club tem facilitado isso?
Acredito que o CEO’s Club adota um modelo super disruptivo. Em que sentido? Bem, o ser humano se constituiu como espécie dominante não necessariamente por ser mais inteligente, mas sim por sua capacidade de agir em grupo, criar comunidades e ecossistemas. Talvez tenhamos nos perdido um pouco quando os ecossistemas se tornaram complexos demais, mas o fato é que nossa habilidade de colaborar em conjunto nos destacou. Mesmo não sendo a espécie mais forte, rápida ou voraz, conseguimos compensar essas deficiências naturais.
No contexto do CEO’s Club, acredito que ele resgata essa ideia de estarmos entre pares. Isso é válido tanto para CEOs quanto para executivos. No topo da pirâmide, a pressão é maior, e respirar se torna mais difícil. Com menos pessoas ao redor, mostrar fraquezas nem sempre é inteligente. No entanto, o CEO’s Club cria um ambiente seguro onde diretores e executivos podem compartilhar desafios e dificuldades sem máscaras. A troca de insights é mútua, e experiências únicas, como eventos, jantares e participação em competições, fortalecem essa conexão.
A busca não é apenas apontar doenças, mas sim encontrar e diagnosticar a melhor forma de cura. Acreditamos que a prosperidade não deve ser isolada, mas compartilhada. O CEO’s Club é um espaço onde a cura coletiva supera qualquer câncer organizacional.
O Lidera BRASIL é um evento itinerante que visa difundir o empreendedorismo e as melhores práticas de gestão. Quais são as principais lições de carreira que você tenta transmitir através deste evento?
O Lidera Brasil é uma verdadeira máquina de transferência de conhecimento. Temos muito orgulho desse projeto, pois ao longo da trajetória da OLISCORP Educação, nos conectamos com grandes líderes e trabalhamos com pessoas incríveis. Sempre acreditamos que essa inteligência não deveria ficar restrita a salas fechadas. O olhar, o carinho e até a firmeza necessária na carreira executiva são essenciais.
Costumo dizer que o Executivo perfeito é como um doce de açaí: tem o coração manso, mas o pulso firme. Ele ouve sua equipe, compreende, mas também é cobrado por suas decisões. Firmeza não significa grosseria; é tomar decisões embasadas em informações relevantes e seguir fiel a essas inclinações.
O Lidera Brasil traz exatamente isso. Colocamos grandes líderes e executivos no palco para compartilhar lições valiosas. Uma das principais lições é buscar o entendimento, não o julgamento. Isso aprendi no Lidera Brasil. A vontade de aprender é uma característica marcante dos brasileiros. Embora o conhecimento esteja disponível, nem sempre é acessível para todos. O YouTube, por exemplo, é um mar de informações, mas também contém muita informação irrelevante. Nos destacamos por trazer informações relevantes para o público à frente desses desafios. Empreendedores, líderes e gestores participam e aprendem com práticas de sucesso. Já tivemos CEOs, superintendentes, diretores, campeões olímpicios e até o maior franqueador do Brasil, Léo Castelo, compartilhando lições sobre propósito, estratégia e construção de cultura.
O maior presente do Lidera Brasil é levar essa inteligência para empreendedores que, muitas vezes, se sentem pequenos. Eles saem do evento com a certeza de que não são pequenos; este é apenas um momento em que estão vivendo. Essa riqueza de conhecimento é inestimável.
A plataforma UNIVERSO Empreendedor oferece educação empreendedora online e gratuita. Como essa iniciativa tem impactado as decisões de carreira das pessoas e quais são os planos futuros para a plataforma?
O Universo Empreendedor é um ecossistema pensado para empreendedores como você, onde todos contribuem com insights focados na melhoria de performance. Nesse contexto, a plataforma Universo Empreendedor já existe há mais de 04 anos. Durante a pandemia, muitos paradigmas foram rompidos, e ficou claro que a qualidade do conteúdo é essencial. Aprendemos que o conteúdo é o que realmente importa.
Para atender a essa necessidade, criamos a nossa plataforma, onde realizamos mentorias ao vivo. Os participantes podem interagir, fazer perguntas e assistir posteriormente, como em um streaming. Já acumulamos mais de 350 horas de conteúdo gratuito, com mentores renomados como Carlos Wizard, Ricardo Belino e a campeã mundial de oratória, Lena Souza. Essas mentorias oferecem insights valiosos e informações íntegras para empreendedores de todos os níveis. O acesso é gratuito, e a plataforma está disponível para quem busca conhecimento e crescimento no mundo dos negócios.
Como mentor de diversos Presidentes, CEO’s, Diretores e Executivos, quais são as principais orientações de carreira que você oferece e como essas orientações têm impactado a trajetória profissional desses indivíduos?
A pandemia rompeu muitos paradigmas pessoais meus, porque a plataforma Universo Empreendedora já é um plano há mais de 10 anos. Eu pensava que precisava de uma estrutura de Hollywood, um negócio hollywoodiano, com investimentos absurdos, documentários no estilo Netflix para dar certo. Quando veio a pandemia, tudo isso foi por água abaixo. Na pandemia, o relevante era a qualidade do conteúdo, não a qualidade da imagem. Até a qualidade do som, nós aprendemos que é muito importante, porque um vídeo com som ruim você não escuta. Um vídeo com som bom e imagem ruim, como um podcast, você escuta. A qualidade do som é muito importante, assim como a qualidade do conteúdo. Quando começou a pandemia, não podíamos nem entrar no escritório. Decidimos contribuir com o ecossistema da melhor forma possível, com o que sabíamos. Disponibilizei uma mentoria gratuita comigo. Fiz um post orgânico no Instagram dizendo “mentoria gratuita pessoal, comigo”. Em dois dias, eu tinha 450 mentorias agendadas, ou seja, com três meses e meio de mentoria pela frente. Falei “meu Deus, como vamos fazer isso?” Decidimos começar com meia hora de mentoria para cada um. No segundo dia, entendi a riqueza das informações que estava captando, e percebi que o maior presente estava sendo para mim. Eu contribuía com os empreendedores, tentando gerar ideias e soluções, mas estava sendo presenteado com uma chuva de insights e informações, realizando até 15 reuniões por dia. Tive reuniões que foram de donos de bancas de camelô, a ex-ministros da República. O background foi gigantesco. Comecei a anotar tudo. Quando terminou os três meses, ficou claro que todos queriam um local onde houvesse inteligência e boas práticas. Isso não significa que o que funciona para um funciona para outro, mas que temos certeza que a informação é íntegra e verdadeira. No YouTube, há de tudo. Você precisa de tempo para pesquisar e verificar a veracidade das informações.
Pensamos em montar a plataforma Universo Empreendedor. Como eu não tinha tempo para gravar, editar e lançar, decidimos fazer ao vivo e deixar a curadoria disponível. Quem participa ao vivo pode comentar, perguntar, e o mentor convidado responde em tempo real. Quem não pôde participar no dia pode assistir depois, como em um streaming. Já temos mais de 350 horas de conteúdo gratuito na plataforma. A pessoa entra, faz o cadastro e tem acesso a mentoria com Carlos Wizard, Ricardo Bellino, campeões olímpicos como Paulão, e Lena Souza, a única brasileira campeã mundial de oratória.
A plataforma cresceu e foi premiada. Sandra, nossa CEO, ganhou o prêmio “Mulheres que fazem a diferença” na categoria transformação digital com o case da plataforma Universo Empreendedor. Hoje, são milhares de empreendedores que se capacitam conosco. Temos uma média de cinco a seis novos inscritos por dia. Temos membros em todos os continentes, participando em tempo real conosco.
A plataforma Universo Empreendedor vai virar um canal de televisão, disponível primeiramente na Olé TV. Estamos em negociação com a Claro e reformando nossa sede. Estamos criando um estúdio versátil para construir conteúdos no formato de TV e depois disponibilizá-los na plataforma. É como se tivéssemos criado o Globo Play primeiro e agora estamos criando a Globo. Esse é o futuro: construir algo de que possamos nos orgulhar e que contribua para o crescimento e desenvolvimento de executivos e empresários, minimizando erros e maximizando acertos em suas carreiras e negócios.
Como conselheiro e diretor da ADVB Santa Catarina, quais são as principais tendências que você vê no campo do empreendedorismo e como elas podem influenciar as decisões de carreira das pessoas?
A primeira grande orientação de carreira, principalmente para CEOs e altos executivos, é: você está feliz aqui? Esse executivo já passou da fase de trabalhar apenas por dinheiro. Muitas vezes, você encontra pessoas doentes. Hoje de manhã, eu estava conversando com um CEO que tem sete médicos marcados esta semana. Eu perguntei: “Você acha que está no lugar certo? Você tem sete médicos marcados, não seria um alerta que você está ignorando?” Eu já passei pela fase de trabalhar com algo que não gostava, mas era necessário para prover a minha família. Tive paralisia facial por estresse de trabalho. Tomava decisões com as quais não concordava. Não que a empresa estivesse errada, mas meus valores foram se distanciando dos valores da empresa ao longo da jornada.
Nossa vida é como jogar golfe. Quem já aprendeu a jogar sabe que, no início, você tenta acertar a bola para ela ir reta, mas ela vai 50 metros para o lado. Às vezes, você bate 200 vezes na bola tentando acertar. A vida é assim, um desenvolvimento constante. O problema é que, às vezes, o executivo está errando por 50 metros à frente, mas o principal equívoco não é lá, o erro consiste em ajustar 1 milímetro da tacada, mas na bola. Esse 1 milímetro desalinhado com a empresa vira 50 metros de distância, fazendo mal a você e prejudicando a companhia.
Para CEOs e altos executivos, a primeira orientação é verificar se estão felizes. Você tem o mesmo entusiasmo que tinha quando começou? Se sim, então podemos analisar como você pode contribuir da melhor forma possível para que a empresa atinja recordes. Esse é o propósito do intraempreendedor, que deve ter postura de dono, mesmo não sendo o dono. Como ele pode deixar um legado dentro da empresa?
Vivemos em um momento onde se fala muito sobre ter seu próprio negócio. Se você não tem uma startup, parece que é um perdedor. Mas sucesso financeiro não é obrigatório para todos. Sucesso para mim não é igual ao sucesso para você. Ninguém faz nada sozinho. Não há problema em ser um maravilhoso capítulo no livro de alguém. Se isso te satisfaz, isso é o mais importante.
Um grande amigo meu postou que está saindo de uma função executiva de uma das maiores companhias do Brasil após 11 anos. Ele agradeceu pelos 11 anos de aprendizado e entende que chegou o momento de encerrar esse ciclo. Vamos para um próximo estágio, tanto para a empresa quanto para ele, e está tudo bem. Ter essa visão é determinante para construir algo de que você se orgulhe.
Esse executivo só conseguirá causar um impacto positivo se estiver trabalhando em sua melhor performance. Isso inclui tudo. Sempre pense no seu nível de felicidade. Se você está feliz com o que faz, se os próximos passos da empresa estão alinhados com seus valores, então podemos construir algo de que nos orgulharemos.
Uma vez isso alinhado, a grande reflexão é sobre a postura do mentor. Quem você está preparando? Todos nós fomos estagiários um dia e alguém nos mentorou. Se esse executivo está alinhado, ele tem capacidade de preparar sucessores e ser mentor de outras pessoas. Gostamos de trabalhar nas empresas com o conceito de mentoria, levando isso para dentro da organização para transformá-la.
Em recente postagem, você comenta sobre a participação no Summit de Inteligência Artificial, qual é sua visão sobre o papel da IA no atual cenário no universo profissional?
A IA está num momento incipiente, apesar de não ser uma nova tecnologia. Em 2016-17, eu já via desenvolvimento de IA, e eu não sou do ramo da tecnologia, sou das humanas. Mas ainda acredito que a IA está em um momento extremamente inicial. Entre o momento atual, e ela tomar decisões, há um caminho a ser seguido.
Onde vejo que ela será muito eficiente é como um aconselhamento para os empresários. Imagine um cenário hipotético em que você tem uma IA na sua empresa, chamada WW. Como executivo de compras, estou com o desafio de desenvolver novos fornecedores para uma determinada cadeia de matéria-prima. A IA me traz, em 2 segundos, de três a cinco caminhos a seguir. Daí sim, com minha experiência e visão da empresa, tomo minha decisão e ganho tempo de desenvolvimento.
A grande sacada da IA para o desenvolvimento dos executivos será o aconselhamento, principalmente no ganho de tempo. Em vez de parar para reunir o time, a IA traz soluções rapidamente. No entanto, é importante não depender dela para trazer todas as soluções. O mergulho na piscina deve ser feito pelo executivo. A IA pode dizer que há uma piscina de 3 metros, uma de 5 e uma de 30 centímetros. Você precisa decidir o que fazer: se quer apenas molhar o pé, vai na piscina infantil; se quer mergulhar de um trampolim mais alto, vai na piscina de 5 metros. A decisão e o aprofundamento de informações devem ser humanos. O maior ganho da IA é a velocidade.
Qual seria sua mensagem final para esta entrevista?
Acredito que tanto um quanto outro se encaixa bem na definição de sucesso de Einstein. A definição de sucesso de Einstein é: “deixar sucessivos, sucessores, bem-sucedidos”. Isso significa transferência de inteligência. Chega um momento na vida em que temos menos conhecimento para transferir, então é hora de receber. Escolha muito bem quem serão seus mentores. Isso não quer dizer puxar saco, mas sim se colocar na posição de mentorado e aprender com as pessoas. Você aprende tanto com o presidente da empresa quanto com a tia do cafezinho. É preciso aprender com todos, o tempo todo, absorver informação, trazer para sua realidade, guardar o que é relevante e descartar o que não faz sentido, sempre com respeito.
Ao se colocar nessa posição, você aumenta muito sua biblioteca de soluções. Recentemente, ouvi que tenho resposta para quase tudo, e que sou muito gentil nas respostas, mesmo quando sou contra uma ideia. Respondi que devo isso a todas as pessoas que se sentaram na minha frente e me oportunizaram aprender com elas. Só tem pouca ou nenhuma resposta quem não se colocou na posição de aprender com o próximo.
O principal recado que dou é: deixe sucessivos sucessores bem-sucedidos. Em alguns momentos, você estará lá para aprender, mas em muitos momentos, estará lá para ensinar. Quanto mais inteligente e bem-sucedido for o mentorado, mais bem-sucedida será sua trajetória. Você não precisa ser o mais inteligente, mas deve dar condições para que a inteligência floresça. Se talentos brotarem ao seu redor, você sabe que está no caminho certo.
Lições de carreira
Jean Oliskovicz nos lembra que a liderança vai além dos cargos formais e que o networking, a educação e o impacto positivo são pilares essenciais para o sucesso profissional. Sua trajetória inspiradora nos convida a refletir sobre nossas próprias escolhas e ações na busca por uma carreira significativa. Espero que os insights aqui compartilhados lhe sirvam para criar uma atitude empreendedora em sua própria carreira.
Grato pela leitura. Nos encontramos no próximo artigo!
Abraço, Jonny