A cada dez anos o IBGE faz o censo da população e a partir deste realiza projeções do que poderá acontecer. Quando jovem, a expressão que mais ouvia era que o Brasil era o país do futuro, pois tinha uma população jovem e um potencial de crescimento imenso. Hoje, os números identificam uma situação bem diversa da que foi desenhada em tempos idos. As projeções do IBGE, aqui analisadas, foram baseadas no censo de 2010 e que deverão ser confirmadas com maior clareza após a conclusão do censo de 2022. As análises realizadas mostram para 2050 o seguinte quadro: população total estabilizada em, aproximadamente, 220 milhões de habitantes e com um contingente de idosos (acima de 60 anos) ao redor de 49 milhões. Sim, em 2050, seremos um país envelhecido, com a idade média da população em 46 anos.
Atualmente vive-se no Brasil o período que é conhecido como Bônus Demográfico, onde a maioria da sua população encontra-se em idade de trabalho, portanto, entre 16 e 60 anos. Este período, segundo o IBGE, deve terminar em 2034. Este é o período em que o país deve fazer sua poupança para ter condições de garantir o que virá posteriormente, pois este período só acontece uma vez na vida dos países. Leia-se poupança como reservar o necessário para garantir à população condição aceitável de vida, aproveitando este momento para qualificar sua população e realizando obras de infraestrutura que demandem grandes investimentos.
Se formos buscar na atualidade um exemplo de como isto pode ser feito com sucesso basta olharmos para o Japão. As pessoas vivem, em média, 84 anos e, mais de 70 mil japoneses ultrapassaram a casa dos 100 anos; sua taxa de natalidade está em queda (em 2022 – 1,1 filhos por mulher) e não garante sequer a reposição da população ao nível atual. Em algumas de suas localidades as casas desabitadas estão sendo vendidas ao equivalente a R$ 5,00 e há um bônus de R$ 30.000,00 para aqueles que desejam adquiri-las. Tudo para garantir a ocupação de espaços por japoneses e descendentes. O Bônus Demográfico japonês ficou no passado, mas o trabalho realizado garante a seus habitantes um país com infraestrutura moderna, desenvolvimento de indústria de alta tecnologia, educação de qualidade inquestionável, um dos países mais tecnológicos do mundo onde a robotização é um fato real e um sistema primoroso de atendimento aos idosos, principalmente porque
muitos vivem sós. O respeito aos idosos no Japão é exemplar e, os que vivem sós, são monitorados a distância para acompanhamento de suas atividades físicas e médicas.
Enquanto isto, em certo país ao sul do Equador, em pleno Bônus Demográfico quando se vive o auge do Bônus (2022), em que para cada 10 habitantes deveriam existir 4 inativos, o país carrega 10 milhões de desempregados, mais de 50 milhões em atividades informais e assiste a uma luta fraticida entre esquerda e direita e entre beneficiários do sistema (leia-se políticos et caterva) contra o povo. A previsão de déficit financeiro, segundo alguns analistas econômicos, em 4 anos e pelo que permitirá o novo arcabouço fiscal, chegará a 1 trilhão de reais; esta dívida será paga pelas próximas gerações.
Se o futuro é planejado e construído a partir da realidade presente o que nos espera não é positivo e temo que o preço às futuras gerações será pesadíssimo. Você já ouviu algum político falar em bônus demográfico?