Em recente reportagem de uma certa jornalista desavisada, a divulgação do nome de uma família como marca empresarial provocou comentários fortes e, a mesma não teve nenhum pejo em rotular os catarinenses como nazistas e fascistas.
O sobrenome da família, de origem alemã, nos telhados das casas disponíveis para alugueres de temporada, foi suficiente para provocar comentários agressivos ao povo catarinense. Este episódio, somados a outros, em que criticam o povo catarinense por ser ordeiro, trabalhador, respeitoso com os princípios democráticos, com certeza, incomoda muita gente.
Conheci o estado de Santa Catarina a partir de Joinville quando ainda muito jovem; impressionava-me a quantidade de bicicletas existentes na cidade e a força fabril da cidade. Posteriormente, por motivos profissionais, em 1967, morei em Florianópolis e Joinville. Até 1971 convivi com o povo catarinense aprendi a respeitar seus valores que tem tudo a ver com seus primeiros habitantes e que aqui fincaram raízes.
Enfim, além das cidades já citadas, morei em Blumenau, Brusque e Indaial e, atualmente, Florianópolis (desde 1980). Posso dizer que conheço e respeito o Estado e sua gente o que me permite escrever esta coluna.
Talvez o fato de Jair Bolsonaro ter somado 70% dos votos na última eleição e do povo ter elegido senador e deputados federais e estaduais de linha conservadora provoque os comentários raivosos como o que vimos recentemente, mas o Estado é conservador, sim!
A geografia acidentada de Santa Catarina, que tanto encanta os turistas que visitam o Estado, proporcionou, aos povos que aqui chegaram um convívio harmônico com a natureza e uma distribuição de terras que evitou, naturalmente, os latifúndios tão comuns no Brasil. Primeiro os portugueses, que foram seguidos por alemães, italianos e, em menor número, açorianos, poloneses, ucranianos, holandeses, austríacos e japoneses e, deste cadinho de povos, surge o catarinense.
Estado economicamente muito bem distribuído com suas microrregiões apresentando características próprias e possuindo uma economia que se complementa. Do oeste da agroindústria, do norte e nordeste das indústrias químicas, madeira, têxtil e siderurgia, ao litoral com suas praias maravilhosas e sua infraestrutura de serviços fantástica, ao sul da cerâmica, do vestuário e do plástico, ao meio oeste da madeira, do turismo, dos vinhedos e das frutas de altitude. Este rápido e superficial perfil se completa com um quadro de trabalhadores qualificados (esta é uma preocupação permanente da FIESC), e de empresários ousados e preocupados com o futuro e com a competitividade internacional. Sim, o Estado tem no comércio exterior uma magnifica fonte de receitas.
Um Estado em que não há invasão de terras, em que o minifúndio prepondera, que tem a menor taxa de desemprego do Brasil, com uma rede enorme e competente de universidades comunitárias, com taxas de qualificação nos ensinos fundamental e médio em posição de liderança em relação aos demais Estados (mas, ainda com enorme potencial de melhoria), suscita aos que defendem a tese do quanto pior melhor, a crítica fácil e sem base na verdade.
Segundo dados do IBGE de 2020, o Estado de Santa Catarina tem 3,4% da população brasileira, isto coloca o Estado na 10ª posição em termos de habitantes e detém o 5º lugar em relação ao produto interno bruto do país, o que nos faz contribuir, significativamente, para a manutenção do pacto federativo vigente desde os tempos do império, com retornos pífios do governo federal em relação a investimentos no Estado; basta ver a situação das BR 470 e 282. Em 2022, Santa Catarina enviou aos cofres federais a importância de 107 bilhões de reais e recebeu, em retorno, 14 bilhões.
Outro dado importante àqueles que rotulam os catarinenses como racistas relaciona-se com a Professora Antonieta de Barros que, lá nos longínquos anos 30 do século passado, na primeira vez em que as mulheres votaram e puderam ser votadas, se elegeu a primeira parlamentar negra do país.
O que fica de toda esta confusão é ao que parece já não se formam jornalistas como antigamente!