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Coluna Ozinil Martins | Os atletas pagam a conta!
31 de Julho de 2024

Coluna Ozinil Martins | Os atletas pagam a conta!

"O Brasil carece de políticas públicas que incentivem a formação de atletas desde a mais tenra idade"

Por Prof. Ozinil Martins de Souza 31 de Julho de 2024 | Atualizado 31 de Julho de 2024

Mais uma Olimpíada e, como em cada Copa do Mundo de futebol, temos que conviver com o ufanismo que toma conta da imprensa.

Em qualquer veículo de comunicação que sintonizamos vemos uma torrente de elogios aos nossos atletas. Somos os melhores do mundo em quase todos os esportes e as medalhas virão para o país aos borbotões.

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Em tempos de afirmações ideológicas vale projetar atletas às alturas e carregá-los de uma responsabilidade absurda como se as já existentes não fossem suficientes. A imprensa faz a sua parte neste jogo e promove a estrelas atletas medianos e, sem nenhuma chance de pontuarem no quadro de medalhas.

Hoje, no quadro de medalhas vemos países como Japão, Coreia do Sul, Canadá e até Hong Kong a frente do Brasil. Países com populações bem inferiores a do Brasil mas, com forte tradição olímpica e, com investimentos pesados no incentivo à formação de atletas com políticas desenvolvidas para qualificar os jovens que assim o desejarem.

O Brasil carece de políticas públicas que incentivem a formação de atletas desde a mais tenra idade. Nossas Universidades públicas formam militantes políticos sem nenhum interesse aos esportes; as escolas de base têm, entre suas disciplinas, Educação Física mas, com o conceito muito mais de diversão do que de formação de atleta. A única luz no meio da escuridão de formação de atletas é o programa Bolsa – Atleta das forças armadas, que forma atletas de alto rendimento. É muito pouco para um país do tamanho e da importância do Brasil. Por isto nos contentamos, sempre, com poucas medalhas e transformamos seus ganhadores em ídolos em um país que crítica e ironiza os vencedores.

Dois pontos são fundamentais para a formação de atletas de alto rendimento. O primeiro é a existência de políticas de Estado que objetivem o incentivo à prática de esportes e segundo, a massificação da prática de esportes.  Em Pindorama não temos nem um, nem outro!

Logo, transferir a responsabilidade para os atletas é de uma estultice absurda. Alguns atletas da esgrima, natação, atletismo, ciclismo treinam, por conta própria, fora do país em busca da excelência no que escolheu fazer. Assim continuamos e continuaremos a depender das individualidades com algum poder financeiro ou com algumas condições excepcionais inatas para nos fazer sentir orgulho de pertencer e ser brasileiro.

Recentemente a seleção brasileira de futebol sofreu severas críticas por ter sido eliminada na Copa América. As críticas variavam da falta de combatividade, de amor à camisa e de jogadores desconhecidos do grande público, entre eles, alguns que sequer jogaram no Brasil. Lembro que a malemolência que caracterizava nosso futebol através de Garrincha, Pelé, Dario, entre outros, era moldada em campos de pelada onde a criatividade era a única regra. Hoje, as escolinhas de futebol, ensinam as regras e táticas e engessam nossos futuros jogadores.

Recentemente pesquisa divulgada na Inglaterra (ECA – Associação dos Clubes Europeus) sobre o futebol mostrou que 13% dos jovens entre 16 e 24 anos declararam “odiar” o futebol e 27% não têm nenhum interesse no esporte. É bom, os gestores do esporte bretão, abrirem os olhos ou seremos todos atletas eletrônicos.

Como diria o Barão de Coubertin “o importante é competir”. Mas, o bom mesmo, é ganhar!

Foto:Pexels

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