Publicidade
Coluna Ozinil Martins | Japão e a jornada de trabalho 4 x 3
18 de Dezembro de 2024

Coluna Ozinil Martins | Japão e a jornada de trabalho 4 x 3

"Os japoneses são obcecados pelo trabalho e, segundo o governo, isto tem afetado a taxa de natalidade"

Publicidade
Por Prof. Ozinil Martins de Souza 18 de Dezembro de 2024 | Atualizado 18 de Dezembro de 2024

Começou a circular nos meios de comunicação a informação de que o Japão estará implantando a jornada de trabalho 4 x 3 a partir de abril de 2025. Ao aprofundar a informação percebe-se que a manchete é tendenciosa. Na verdade a jornada reduzida será implantada na cidade de Tóquio e atingirá apenas os funcionários públicos daquela cidade.

O motivo principal é a queda da taxa de natalidade e o envelhecimento severo do país. Como a taxa de natalidade ideal, para manutenção da cultura social e econômica de qualquer país, é de 2,1 filhos por casal, o Japão apresenta, no momento, uma taxa de reposição de 1,2 filhos por casal. As consequências são óbvias: envelhecimento populacional e falta de pessoas para garantir a manutenção e o crescimento econômico do país.

Publicidade

Para os que desconhecem é importante salientar que o Japão fez, perfeitamente, a lição de casa em relação ao bônus demográfico. Só relembrando aos leitores da coluna, bônus demográfico só acontece uma vez na vida dos países e está relacionado ao momento em que o país tem o auge de sua população em idade de trabalho. Neste momento o país tem que acumular riquezas e preparar-se para um futuro onde prevalecerão os idosos. O Japão fez tudo certo. Acumulou riquezas (PIB per capita em 2023 foi de U$ 46 mil), é a 4ª economia do mundo, têm indústrias entre as mais produtivas do mundo e na Educação ocupa o 4º lugar no Exame de Pisa.

Verdade que os japoneses são obcecados pelo trabalho e, segundo o governo, isto tem afetado a taxa de natalidade. Este é o motivo fundamental para a implantação da jornada, como experiência, entre os funcionários públicos de Tóquio.

Em certo país, ao sul do Equador, a ilustre deputada federal, Érika Hilton, está propondo a redução de jornada de trabalho. Em entrevista concedida, quando perguntada sobre as consequências econômicas da medida, esclareceu que não havia sido feito nenhum estudo, que a proposta tinha um cunho social pelo desgaste emocional e físico do trabalhador.

Pois bem! Vamos ajudar com alguns pontos que devem enriquecer o debate. A deputada deve saber que o Brasil vive, neste momento, o auge do bônus demográfico. Isto significa, quando se olha para a pirâmide de idade (basta consultar o IBGE), a concentração na faixa etária em idade de trabalho e o emagrecimento da base da pirâmide e, com o consequente inchaço do topo onde estão os chamados idosos.

Este período deve terminar, segundo estudos, em 2034. Este é o período para acumular a poupança que garantirá futuros investimentos, a saúde do sistema previdenciário e a qualidade de vida da população. Fazendo a comparação com o envelhecido Japão, o Brasil teve um PIB per capita de U$ 10 mil em 2023, é a 10ª economia do mundo e situa-se em 65º lugar no Exame de Pisa.

Importante lembrar que 53 milhões de pessoas no país dependem do benefício bolsa família, que o desemprego atinge 6% da população economicamente ativa e a deputada propõe, sem nenhum estudo técnico, que se reduza a jornada de trabalho. Como será que os trabalhadores, sem dinheiro e com tempo ocioso, utilizarão o  tempo disponível?  Com deputados assim e são muitos, não precisamos temer pelo futuro, pois temos certeza de como será.

Foto:Unsplash

Publicidade
WhatsApp
Junte-se a nós no WhatsApp para ficar por dentro das últimas novidades! Entre no grupo

Ao entrar neste grupo do WhatsApp, você concorda com os termos e política de privacidade aplicáveis.

    Newsletter


    Publicidade