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Coluna Ozinil Martins | A arte de envelhecer com dignidade
18 de Maio de 2022

Coluna Ozinil Martins | A arte de envelhecer com dignidade

Como já dizia o filósofo Sêneca “de que adiante viver 80 anos repetindo a mesma experiência?”

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Por Prof. Ozinil Martins de Souza 18 de Maio de 2022 | Atualizado 26 de Maio de 2022

As aulas de História sempre me atraíram em meus tempos de estudante do Ginásio e Científico, hoje, Ensino Médio. A História como referência se fosse entendida evitaria a repetição de erros brutais e que tanto mal fazem a Humanidade. Mas, parece que nossos dirigentes mataram estas aulas. Uma das aulas que ficou gravada na memória foi quando o Professor abordou o episódio de Juan Ponce de León; o conquistador espanhol do início do século XVI que foi o primeiro governador de Porto Rico e ficou mais conhecido pela excursão que fez à Flórida em busca da fonte da juventude eterna.

A preocupação da Humanidade com a juventude vem de longe. A necessidade de deter ou amortecer os efeitos do envelhecimento faz prosperar, em todo mundo, uma poderosa indústria que promete atender estes anseios daqueles que se preocupam com o envelhecimento. Além de cremes e outros que tais, que tudo prometem, surgem, agora, cápsulas que são introduzidas no corpo humano e liberam doses regulares de hormônios por um determinado tempo e “garantem” o rejuvenescimento das pessoas. O interessante é que, entre seus usuários, há um bom número de jovens. Parece que a Anvisa já proibiu o uso de tal produto.

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Lembram-se do mito de Narciso. Filho do deus Cefiso e da ninfa Liriópe, Narciso, dono de grande beleza, se notabilizava pela vaidade e orgulho. Diz a história que Narciso, ao espelhar-se em um poço, encantado pela sua beleza caiu e encontrou seu fim nas águas do seu espelho. Hoje, o que mais se vê, são pessoas encantadas com suas próprias figuras e que, para chamar a atenção e mostrar seu descontentamento e rebeldia com a sociedade que aí está, utilizam-se dos mais variados acessórios, quando não fazem de seus corpos outdoors ambulantes.

Pesquisas são feitas em todo o mundo em busca do produto maravilhoso que venha a garantir a juventude eterna. Por enquanto há que se contentar com os espetáculos patrocinados por pessoas que se transformam por meio de cirurgias plásticas ou que morrem em clínicas domiciliares, a custos módicos, em que até o silicone industrial é usado para o tratamento. Vez por outra os noticiários mostram vítimas de tais procedimentos, perdendo a vida ou com deformações que as acompanharão para o resto de suas vidas.

O que muitos não conseguem entender é que o tempo não para; ele é inexorável em sua caminhada. Enquanto as pessoas se mantiverem preocupadas em garantir a juventude eterna, a vida deixa de ser vivida. Recentemente a atriz Cássia Kiss, afastada da televisão há algum tempo, deu uma aula de vida aos que a entendem como um interregno de tempo que deve ser, apenas, vivido. Cada um de nós já tem problemas demais a serem solucionados; por que, então, transformar a aparência física em mais um problema? Cássia Kiss apareceu na telinha com seus cabelos brancos, suas rugas que mostram que viveu plenamente seu tempo e o mesmo discurso que ouvi há muito tempo sobre suas preocupações com aparência e outros conceitos muito importantes sobre família, aborto entre outros que deixaram a entrevistadora em situação de constrangimento.

Sei que minha visão de vida pode ser mal entendida por alguns e este é o custo de quem se expõe, mas a vida é composta de fases muito bem caracterizadas e que estimulam determinados comportamentos. Viver intensamente cada fase faz parte de viver a vida. Como já dizia o filósofo Sêneca “de que adiante viver 80 anos repetindo a mesma experiência?”

 

Foto do topo: Pixabay

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