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Coluna Jaime De Paula | Projeto Neom: prepare-se para conhecer a cidade de um prédio só
17 de Agosto de 2022

Coluna Jaime De Paula | Projeto Neom: prepare-se para conhecer a cidade de um prédio só

Dá para acreditar que The Line conseguiria abrigar toda a população de Santa Catarina, que hoje conta com 7,338 milhões de habitantes?

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Por Jaime de Paula 17 de Agosto de 2022 | Atualizado 17 de Agosto de 2022

Já parou para pensar como as cidades serão no futuro? Transportes elétricos voadores, robôs dividindo atividades rotineiras com seres humanos, construções verticais totalmente sustentáveis, inteligência artificial em tudo que se possa imaginar! Na Arábia Saudita esse futuro pode chegar antes por conta do projeto Neom, que promete revolucionar o que conhecemos como cidade – se você nunca ouviu falar vai se surpreender com esse paraíso tecnológico.

Quando as primeiras informações sobre o projeto foram divulgadas, em 2017, deram muito o que falar e a repercussão foi grande diante do audacioso plano de construir do zero uma megalópole futurística no meio do deserto – a sua extensão deve abranger o território de três países (Arábia Saudita, Jordânia e Egito). O Neom está sendo planejado para ser um lugar sem carros e estradas, sem emissões de carbono e todo alimentado por energia limpa, 100% de origem renovável. Segundo o príncipe herdeiro do reino saudita, Mohammed Bin Salman, o megaprojeto trará “uma revolução civilizacional que abordará os desafios que a humanidade enfrenta hoje na vida urbana e lançará luz sobre formas alternativas de viver”.

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Recentemente, foi anunciada uma das primeiras etapas do projeto: a cidade futurista The Line, que abrigará um prédio de 170 quilômetros de comprimento. Na prática, será a cidade de um prédio “só” – um enorme arranha-céu vertical, de apenas 200 metros de largura, com torres conectadas por passarelas e divididas em bairros. A construção seguirá o modelo de urbanismo gravidade zero, sobrepondo residências, escolas, parques, farmácias, áreas de lazer, etc. A promessa é de que os moradores terão tudo à disposição a, no máximo, cinco minutos de caminhada. Para deslocamentos um pouco maiores, estão previstas outras inovações, como um trem de alta velocidade que passará sob o edifício, atravessando a cidade de ponta a ponta em apenas 20 minutos.

Dá para acreditar que The Line conseguiria abrigar toda a população de Santa Catarina, que hoje conta com 7,338 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE? E, pasme, ainda sobraria espaço, pois a estimativa é de que esse único edifício comporte 9 milhões de pessoas. As informações sobre esse megaprojeto, que será erguido a 500 metros acima do nível do mar, estão sendo divulgadas aos poucos, mas o que já se sabe é realmente extraordinário e animador quando pensamos no que queremos para o futuro das nossas cidades e das próximas gerações.

 

 

Entre as promessas desse ambicioso projeto, tem ainda a construção de um estádio até 300 metros acima do solo, uma marina para iates e pistas de esqui ao ar livre. Das propostas futuristas, estão os táxis voadores, robôs domésticos, lutas de robôs gladiadores, 50 ilhas artificiais e até uma lua artificial gigante, formada por uma frota de drones que poderiam transmitir imagens ao vivo do espaço. E tem mais: a construção de uma ilha com robôs-dinossauros para recriar o parque do filme Jurassic Park.

O que está sendo proposto ainda pode soar um tanto surreal. Em alguns momentos nos remete a uma releitura do cenário do desenho “Os Jetsons”, criado pela Hanna-Barbera na década de 60, que contava a história de uma família futurista que vivia no século 21, no ano de 2062. Quem lembra da robô Rose, que ajudava nas tarefas domésticas? The Line promete ser ainda mais tecnológica e totalmente automatizada, onde tudo pode ser assistido e monitorado por drones e câmeras.

Já testemunhamos uma infinidade de novas tecnologias, que não param de surgir, os avanços são contundentes e nos transformaram como sociedade nas últimas décadas. Por que então não acreditar numa cidade como The Line, que equaciona a expansão urbana descontrolada e ambientalmente prejudicial e reúne o que temos de mais moderno em tecnologias? O líder saudita Bin Salman anunciou que a cidade preservará 95% das áreas naturais e a torcida é para que isso se cumpra, afinal, estamos diante de um dos países mais poluidores do mundo. O projeto vai na antemão das tradicionais cidades planas e horizontais, faz repensar a vida urbana e cria um novo modelo de enfrentamento aos desafios atuais, principalmente nos eixos da mobilidade, meio ambiente e habitação.

Além de ser totalmente alimentado por energia renovável, The Line deve contar com uma ventilação natural, garantindo um microclima ameno durante todo ano. A região de Neom também está bem posicionada para se beneficiar da energia solar e eólica, e a expectativa é que a cidade venha a abrigar a maior usina de hidrogênio verde do mundo. “Será o local mais habitável em todo planeta”, defende o príncipe saudita, que, frente ao ceticismo de alguns, faz questão de enfatizar a viabilidade econômica e tecnológica de todo o projeto.

 

 

Neom tem um grande propósito do ponto de vista ambiental e tecnológico, mas por trás de tudo isso se sobressaem ainda os interesses da própria Arábia Saudita para diversificar a sua economia – que hoje depende majoritariamente da exportação do petróleo -, e se tornar uma potência turística frente aos vizinhos Golfo e os Emirados Árabes Unidos. A projeção, bem otimista, dos investidores é de que, até 2030, a cidade The Line abrigue 1,2 milhão de habitantes e até 2045 chegue a 9 milhões.

Para que essa região futurista e tecnológica saia do papel, serão financiados US$ 500 bilhões do governo saudita e do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. Até 2030, o projeto Neom deve gerar 380 mil empregos e a sua contribuição para o Produto Interno Bruto está estimada em 180 bilhões de riyals, o equivalente a mais de 39 bilhões de euros, de acordo com nota divulgada pelos conselheiros do projeto.

Agora é esperar os próximos capítulos e torcer para que muitas dessas inovações previstas no projeto façam realmente parte das cidades do futuro. Sendo você do time dos entusiastas ou dos incrédulos quando falamos de lugares futuristas como este, é fundamental repensarmos a nossa forma de viver, priorizarmos cada vez mais o urbanismo sustentável, a preservação da natureza e usarmos de forma inteligente a ciência e a tecnologia disponíveis à favor da humanidade e do desenvolvimento consciente e coletivo.

Ficou curioso para saber mais? Veja mais detalhes no site do projeto.

Obrigado pela leitura e até o próximo conteúdo!

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