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Coluna Fabrício Wolff | Os erros da língua e suas consequências
21 de Setembro de 2020

Coluna Fabrício Wolff | Os erros da língua e suas consequências

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Por Fabrício Wolff 21 de Setembro de 2020 | Atualizado 21 de Setembro de 2020

A língua portuguesa é fácil? Não, não é. Mas é a nossa língua pátria, aquela que temos a obrigação de dominar. A língua é a base da comunicação. Falada ou escrita, foi ela que permitiu, há milhões de anos, que o homem começasse a viver em sociedade. Antes éramos nômades. Quando o homem começou a cultivar a terra, passou a estabelecer um território. Este fato mudou o modo de viver das pessoas e foi a comunicação que permitiu que elas se entendessem. Assim, falar a mesma língua tornou-se a melhor maneira de convivência, seja para alinhar atitudes ou para resolver conflitos.

Milhões de anos depois, a falta de domínio da língua ainda impressiona. As redes sociais escancaram isto de forma absoluta. Basta ver os erros cometidos em comentários de posts, ou mesmo em postagens feitos especialmente em grupos de compra e venda nos Facebooks da vida. Muitos deles não conseguem sequer ser compreendidos, de tão mal escritos. Dificultam e, por vezes, até impedem a comunicação. Existe até blogs e sites que se preocupam em apontar os erros mais comuns cometidos contra a nossa língua portuguesa, como o https://mscamp.wordpress.com/2009/08/23/os-100-erros-mais-comuns-da-lingua-portuguesa/. E quando nos deparamos com os 100 erros mais comuns, reconhecemos alguns que ouvimos no dia a dia.

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O uso do “fazem” (no plural) para indicar números maiores do que um é dos mais persistentes. “Fazem cinco anos”… “Faziam dois dias”… “Fizeram 15 dias”… Quando o verbo fazer exprime tempo, ele é impessoal. O correto é faz, fazia ou fez, independente da quantidade de tempo que venha após o verbo. A mesma regra vale para outro erro muito comum: “Houveram muitos acidentes”. Haver, assim como existir, também é invariável. O correto é “Houve muitos acidentes”. Tão doído aos ouvidos quanto esses, é usar a expressão “mim” antes do verbo, o fatídico “para mim fazer” ou “para mim (qualquer outro verbo que venha a seguir: comer, jogar, dormir, caminhar etc)”. Mim não faz porque não é sujeito. Logo, antes do verbo, na mesma oração, usa-se o “eu”. 

Efetivamente, a lista de erros de gramática na língua portuguesa é extensa e está em nosso cotidiano. O uso da expressão “chego” para substituir “chegado”, a confusão entre o “mal” e o “mau”, o uso indevido do h na expressão “há” ou o esquecimento dele quando é necessário, a desordem no uso das conjunções, o desconhecimento das regras do uso das crases e dos quatro tipos da expressão porquê (porquê, por quê, porque, por que), cada um com um significado diferente dentro do texto.

Há quem minimize a importância desses erros com a falácia argumentativa que diz que “se o outro entendeu, está bom, a comunicação se realizou”. Não é bem assim. A boa comunicação tem como princípio básico que o emissor da mensagem facilite a compreensão do receptor, só assim o emissor consegue ser compreendido sem mal entendido e alcança a seu objetivo com a mensagem emitida. Já falamos sobre isto em textos anteriores, aqui na coluna: toda mensagem tem um objetivo e alcançá-lo depende do uso de técnicas básicas. Usar a língua pátria da forma correta, é uma delas. De outro modo, se bastasse entender o que o outro quer dizer, o homem ainda poderia estar se comunicando através de grunhidos ou sinais de fumaça.

Esses erros gramaticais da língua portuguesa podem nos levar a outras conclusões, como a deficiência do nosso sistema educacional. Se tanta gente os comete a ponto de considerá-los comuns no cotidiano, é porque nossas escolas não são eficientes para ensinar a base da língua pátria. E isto nos leva a mais uma preocupação: se a escola não consegue ensinar o básico (no caso, a correta aplicação da língua portuguesa), como queremos imaginar que um estudante possa sair do sistema educacional com a capacidade de interpretar textos, situações, significados? Podemos cobrar desta pessoa boas escolhas?

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