Confira os destaques do GEC2016, fórum mundial para discutir empreendedorismo e ambiente de negócios.
Há duas semanas, aconteceu, em Medellín, o GEC, Congresso Global de Empreendedorismo, um dos maiores encontros para discutir como melhorar o ambiente de negócios das cidades e países. Aproveitamos a viagem e, além de já termos contado por que Medellín mereceu o título, trazemos aqui os principais destaques do evento.
Poderíamos trazer 10, 15, 50 aprendizados, mas aqui já vai a primeira lição, expressa: mais do que qualquer coisa, empreendedor precisa ter foco, fazer poucas coisas nota 10 ao invés de muitas nota 5. Por isso, reunimos só 4 insights, os imperdíveis!
- TL;DR
Sabe aquele desânimo que bate quando você abre um arquivo e vê aquele monte de páginas carregando na barra de rolagem? Pois é, muitas das pessoas desistem, nessa hora, de começar a leitura e apenas batem o olho em algumas partes que parecem ser relevantes. Talvez você tenha feito exatamente isso nesse mesmo artigo, mas não se culpe, há uma explicação pra isso: TL;DR. Ou, too long, didn’t read (muito longo, não li).
Foi sobre isso que o futurista Jerry Michalski falou. Com a explosão de canais de informação e conteúdo, pouca gente tem tempo para se concentrar em um texto longo ou que apresente questões mais reflexivas e/ou “profundas”. No mundo do empreendedorismo é igual, e o que acontece também é o que o palestrante chamou de “The Stalker Economy” (a economia que te persegue). Ou o termo do mercado: on-life media.
Em resumo, quer dizer que você, consumidor, é perseguido 24 horas pelas marcas e suas exposições. E tudo isso torna o mercado um ringue de luta livre:
MARCAS COMPETEM ENTRE SI, ESTUDANDO QUAIS OS MELHORES GOLPES DEVEM SER UTILIZADOS PARA GANHAR A LUTA E CONQUISTAR O GRANDE PRÊMIO: VOCÊ, CONSUMIDOR.
Na visão de Michalski, nessa loucura de televisão em elevadores e ônibus, propagandas em sacolinhas de supermercado, sobressaem-se as marcas que conseguem se conectar verdadeiramente com seus consumidores. Isso, para ele, quer dizer ser transparente, falar a verdade e ser realmente aberto. Os exemplos dessa nova forma de fazer negócios estão na economia colaborativa (Airbnb, Uber, Enjoei…), nos softwares abertos (Wikipedia, Arduino…), em orçamentos públicos participativos e por aí vai.
2. Se você achar a métrica perfeita para a educação empreendedora, conta pra gente!
É natural que em um encontro de empreendedorismo exista a discussão sobre como formar mais e melhores empreendedores. E, sim, estamos afirmando que isso é possível – um consenso no GEC.
Mas, partindo da máxima “quem não mede, não gere”, como saber se você está fazendo a coisa certa? Qual a melhor métrica para definir se uma universidade – ou mesmo uma escola de ensino básico! – está realmente ajudando a criar mais e melhores empreendedores?
Bom, se você souber a resposta irrefutável, conta pra gente e pros mais de 50 pesquisadores que se debruçam sobre o tema. A métrica mais óbvia talvez fosse o número de empresas criadas por seus alunos/as, mas e se ele/a for empreender só cinco anos depois daquelas aulas? E se ele se encantar tanto pela coisa e largar a faculdade, como fizeram os sempre citados Mark Zuckerberg e Bill Gates?
A conclusão é: não há conclusão. A única certeza é que sim, faz muito sentido inspirar/ensinar/apoiar jovens que se interessem por empreendedorismo. E há muitos jeitos de chegar lá. Mas isso Bill Aulet, diretor do departamento de empreendedorismo do MIT, também já falou a respeito (e nós publicamos um artigo!).
3. Se você quiser melhorar o ambiente empreendedor da sua cidade, descubra qual o problema dela
“Se eu tivesse uma hora para resolver um problema, gastaria 55 minutos pensando no problema e 5 minutos pensando na solução”, o Einstein, Albert falou. Muitos empreendedores saem pensando em soluções para problemas que não existem (ou que são “menos importantes”), simplesmente porque não sabem qual problema estão resolvendo.
Uma máxima do Congresso foi a discussão sobre políticas públicas para fomentar o empreendedorismo. O primeiro problema é que os governantes – e isso acontece muito no Brasil, das cidades ao país como um todo – não sabem o que no ambiente de negócios precisam resolver. O resultado são recursos gastos e pouquíssima eficiência – já vimos esse filme, não disponível só para empreendedores.
A boa notícia é que existem modelos já prontos para diagnosticar os desafios de uma cidade ou região. A começar pelo criado pela Endeavor Brasil, que embasa o Índice de Cidades Empreendedoras e foi mais uma vez apresentado (e aplaudido) no Congresso. Mas muitos outros foram citados, como os criados pela UP Global ou pela Fundação Kauffman. Podem usá-los também, a gente não fica com ciúmes.
4. Quem não cola não sai da escola cria políticas empreendedoras
Startup Brasil, Rio, Singapura, Irlanda, Canadá e mais outros lugares que formariam uma grande lista são alguns dos países e cidades que criaram programas de apoio à novas empresas, em geral com investimentos-anjo e um período de incubação in loco.
Ainda que os resultados sejam discutíveis, não há dúvidas de que os países vêm tentando criar políticas públicas para empreendedores, especialmente depois do reconhecido Startup Chile – daí o grande número de programas Startup [coloque o nome do país aqui].
Durante o Congresso, aconteceu o 2º encontro global de Ministros do Empreendedorismo, promovido pela Secretaria de Pequenos Negócios dos Estados Unidos e com a presença de cerca de 15 autoridades públicas. Ao final da reunião ministerial, em que cada representante contou sobre suas iniciativas, um acordo:
NÃO VAMOS REINVENTAR A RODA NA HORA DE CRIAR POLÍTICAS PÚBLICAS PARA IMPULSIONAR O EMPREENDEDORISMO DOS PAÍSES.
Jorge Paulo Lemann adora dizer que copia seus concorrentes e aprende com os erros deles. Parece que os gestores públicos estão seguindo a dica. Vamos ver se colocam o acordo em prática.