“Nós vamos hackear a cidade toda!” foi o que li e me chamou a atenção para o Hacktown, que é a mistura de hackear (fazer as coisas diferente do sistema atual, através de falhas no mesmo) + town (cidade).
Hacktown é um festival de inovação que aconteceu pelo terceiro ano consecutivo, de 6 a 9 de setembro, em Santa Rita do Sapucaí, sul de Minas. Foram mais de 300 palestras em quatro dias de imersão que trataram de inovação, tecnologia e criatividade em diversas áreas como música, gastronomia, trabalho, relações humanas, medicina, ciências, comunicação e outras.
Conteúdo riquíssimo. Enquanto numa palestra é possível conhecer melhor os algoritmos do Facebook e do Google, em outras se discutem roteiro para cinema, produção de vídeos baratos, transformação digital, o futuro do trabalho, conexões cognitivas, propriedade do DNA e biogenética, cidade criativa e muito mais. Tudo isso com exemplos práticos de pessoas que mudaram suas vidas e que vale a pena conhecer.
As palestras aconteceram em diversos pontos da cidade, como colégios, restaurantes e a grande concentração ficou no Inatel – Instituto Nacional de Telecomunicações, que tem uma estrutura espetacular de laboratórios.
Estava curioso para entender como aquela pequena cidade no interior de Minas havia se transformado em polo de inovação e tecnologia. O prefeito Wander Chaves, diretor por oito anos do Inatel, explicou em sua palestra, de forma emocionada e cativante, todos os fatos que desencadearam essa mudança para Cidade Criativa, Cidade Feliz. E tudo começou na década de 60, quando Santa Rita do Sapucaí implantou a primeira escola técnica do Brasil em seu território.
O festival Hacktown é um Lab a céu aberto, onde startups rodam suas versões beta. Uma delas foi a Ellos, aluguel de bikes. Usei o serviço três vezes para me deslocar entre os pontos das palestras – dá para pagar com créditos na pulseira do Hacktown. No Ellos as bikes são da comunidade, têm nome e história, com acesso através do QR code. Eu peguei a Quebra-Galho, a Dindin e a Tons de Banana. Ellos aprovado!
O aprendizado foi constante e rende muitos outros posts e artigos. Ainda está caindo a ficha, após tanto conteúdo. Em linhas gerais, fica evidente que, com a revolução tecnológica, as relações de trabalho e consumo mudaram, e todos os mercados estão em transformação. É uma espécie de dança das cadeiras permanente, e assim que a música para alguém ou algum segmento dança. Ou melhor: sai da dança e é obrigado a procurar outro fazer. Essa pessoa, então, se reinventa ou inventa um novo trabalho e função e acaba abrindo um novo nicho.
E assim as melancias se acomodam com o andar da carruagem, trocamos o pneu com o carro andando e todas aquelas velhas coisas que, hoje, quem quiser sobreviver, deve aprender a olhar, obrigatoriamente, por um novo prisma. Inovação não é jogar o velho fora, mas aprender a ressignificar.