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Coluna Ana Lavratti: Na faxina da alma, troquei o pó pelo pólen. Que venha a Primavera!
10 de Setembro de 2018

Coluna Ana Lavratti: Na faxina da alma, troquei o pó pelo pólen. Que venha a Primavera!

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Por Ana Lavratti 10 de Setembro de 2018 | Atualizado 10 de Setembro de 2018

Feriadão da Independência.

Pela janela do escritório

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vejo o verde que garrida nossos campos com mais flores,

o sol da liberdade que hoje brilha em raios fúlgidos,

o azul risonho e límpido no céu impávido colosso.

 

Aqui dentro, ao contrário, só vejo folhas e folhas e folhas,

secas, sim; áridas jamais.

Amores tombados em cartas manuscritas.

Eternizados nas letras desbotadas.

Recuperados na faxina improvisada

onde limpei muito mais do que papel.

 

Lavei a alma, mesmo sem chuva.

Desinfetei lembranças nocivas,

bolor acumulado em dolorosas despedidas.

Calorosos elogios de quem depois me demitiu.

Relatórios, diplomas e cartilhas de uma expertise obsoleta,

dos tempos sem internet, do orgulho em ser jornalista.

Uma vida depurada, espremida feito hiato a cada folha descartada.

 

Como árvore subjugada ao Inverno, também perdi parte de mim.

Folhas e folhas e folhas imunes à criptografia.

Uma vida por extenso. Amor profundo imune ao vento!

Anos e anos se passaram. Intempéries me moldaram.

E quando crio coragem pra podar a tinta sem cor,

eis que as memórias chacoalham, se confundem de galho em galho,

dificultando o desapego. Aflorando no peito

um furacão de emoção.

 

 

Tudo isso eu vivi, no feriado da Independência,

na faxina da alma prévia à nova estação.

Não sem sofrer. Até me convencer

do quanto sou dependente, indelevelmente,

de tudo o que eu vivi.

Do soluço que jorra da letra que reconheço.

A lágrima que foge, o vulcão que eclode

só de lembrar

do que não tem volta nem sei se vai sanar.

 

Mas cabe a mim desocupar

caixas, gavetas, prateleiras,

amarguras contorcidas que lotam minhas veias.

Dar outro significado ao sentimento embolorado.

Doar livros aos quilos.

E o conteúdo das cartas, filtrar grama a grama… Emoldurar telegramas

que em outro tempo traduziam a urgência da saudade.

Desfolhar o passado nunca foi fácil, mas decidi, com vontade,

trocar o pó pelo pólen. Espanar velhas crenças. Acatar a mudança.

Te recebo, Primavera, com mais espaço e esperança.

 

 

Para ampliar as imagens e acionar o slideshow , clique nas fotos da Galeria.

 

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