Publicidade
A brilhante trajetória de Renato Gomes, co-fundador da Pix Force, startup de IA Nº 1 do país
12 de Dezembro de 2023

A brilhante trajetória de Renato Gomes, co-fundador da Pix Force, startup de IA Nº 1 do país

A interação entre o direito e o empreendedorismo, especialmente em setores notadamente dinâmicos como tecnologia e exploração mineral

Por Prof Jonny 12 de Dezembro de 2023 | Atualizado 13 de Dezembro de 2023

 

Renato Gomes é co-fundador e presidente da Pix Force, considerada a startup de Inteligência Artificial número um do Brasil. Renato possui formação técnica em Eletrônica e bacharel em Direito ambos pela UFMG, mestrado em Direito pela London School of Economics (Reino Unido) e doutorado em Direito pela Universidade de Georgetown (EUA). Renato é advogado qualificado no estado de Nova Iorque, Portugal e Brasil. Além da Pix Force, ele fundou outras empresas: a Graphcoa nos Estados Unidos (exploração mineral), a Verde Agritech (produtora de fertilizantes), a Acertpix (Prevenção à Fraude) e mais recentemente a Redsoft A.I. (que aplica IA para indústria da carne), ocupando até o presente momento funções em seus Conselhos. Diretamente de Helsinki, onde mora com esposa e três filhos, Renato nos brinda com sua visão empreendedora de uma carreira internacional.

Publicidade

 

Com uma formação acadêmica diversificada, desde Eletrônica na UFMG até doutorado em Direito Internacional pela Georgetown, como se deu a transição no início de carreira da área de tecnologia para jurídica?E como essas experiências educacionais influenciaram sua abordagem aos desafios empresariais no setor de tecnologia e exploração mineral?

Acredito que, antes de tudo, nesse tipo de análise, vale a pena destacar que hoje a importância da formação original de uma pessoa mudou consideravelmente. Há 30 anos, uma vez formado, o acesso à nova informação não era tão fácil. Hoje, a formação é um processo constante. No meu caso, beneficio-me muito dessa possibilidade. O fato de ter uma formação técnica e jurídica não é apenas o começo do que será no mundo do empreendimento. Ao empreender, você tem muita informação específica ao novo negócio que está sendo montado. No meu caso, as formações em Eletrônica e Direito são pilares que fundamentam os aprendizados subsequentes, seja no setor da mineração, da Inteligência Artificial, aplicados constantemente de maneira indireta. Sem essa formação contínua, mesmo se eu tivesse uma formação em Ciência da Computação ou engenharia da computação, não bastaria. Esse novo conhecimento e treinamento são necessários. Isso é parte integral do processo e tão importante quanto; é algo que não podemos parar. A não ser que estejamos lidando com uma indústria muito tradicional, não acompanhar o que está acontecendo em termos das novas tecnologias e modelos de negócios significa ficar para trás.

Na minha carreira, isso tem sido uma constante e é algo que sei que, se houver qualquer acomodação em três anos, estou completamente ultrapassado no que estou fazendo. Portanto, é um processo contínuo de formação, sendo que as duas formações acadêmicas são pilares que ainda utilizo, conto com isso, mas que não são suficientes.

 

Você poderia compartilhar como o mestrado em Direito dos Negócios Internacionais pela London School of Economics contribuiu para sua compreensão e tomada de decisões no ambiente global dos negócios? E o que lhe fez optar por um segundo mestrado em Direito Internacional, desta vez pela Georgetown, antes de realizar o doutorado também por esta universidade?

É interessante porque uma das coisas que é bastante importante, eu acho que você sabe disso, Jonny, e bem particular ao fazer um estudo no exterior; o desafio não é só estar em um novo país e em uma nova cultura, mas as oportunidades que isso gera em termos de interação com pessoas de outros backgrounds, tanto em termos de cultura do país como no futuro, isso permite essa rede que estabelecemos, como foi o caso no meu mestrado e eventualmente também em Georgetown. Esses contatos geram muitas oportunidades futuras. A parte acadêmica foi importante, as possibilidades de aprendizado são valiosas, mas mais do que isso, foram essas redes de contato.

Sempre que há uma oportunidade, por exemplo, agora a PixForce está explorando novos negócios na Índia, meu primeiro telefonema não é para um advogado ou contador indiano, é para os alunos da Índia que estudaram comigo em Georgetown na LSE. Isso é uma possibilidade de abrir portas que seriam muito mais difíceis sem essas amizades criadas nesse contexto. A opção pelo segundo mestrado em Georgetown foi mais uma exigência interessante porque no meio americano, especialmente na área de humanas, as universidades têm uma tradição de ter uma linha de pensamento específica.

No caso de Georgetown, na parte de direito internacional, eles têm uma conexão forte com uma linha de pensamento que balizou muito a postura americana nos negócios internacionais, especialmente na globalização da década de 90. Isso é refletido na escola de Georgetown, e eles exigem que certos créditos sejam feitos antes da admissão no doutorado. Como eu já tinha um mínimo de créditos, aproveitei para fazer mais créditos, preencher os requisitos do mestrado e formar inclusive com a turma de mestrado que entrou comigo. Depois, segui dedicado full-time ao doutorado.

Por exemplo, quando você mencionou que tenho qualificação como advogado em Nova York, isso é uma das exigências. Ou você tem o grau de Doutor em Direito nos Estados Unidos, ou você tem o grau de Mestre em Direito nos Estados Unidos, sendo necessário ter algumas matérias básicas do direito americano, como direito constitucional e alguns outros temas, para fazer a prova do BAR. Obviamente, você precisa passar na prova do BAR, mas isso é o que abriu a possibilidade de qualificar como advogado em Nova York. Nos Estados Unidos, você pode ser formado em direito em qualquer local, mas a atuação é restrita em âmbito estadual. Não necessariamente um advogado de Nova York pode atuar na Flórida, pois as leis são baseadas no estado, enquanto no nosso país, há leis federais, obviamente, mas lá as particularidades dos direitos estão nos estados.

 

Sendo alguém com uma formação jurídica tão robusta, como você enxerga a interação entre o direito e o empreendedorismo, especialmente em setores notadamente dinâmicos como tecnologia e exploração mineral?

Realmente, essa é uma questão que vai de encontro à importância de que o empreendedor tem que conhecer o ambiente regulatório no qual está entrando, seja qual for a área. Destaco as duas áreas em que estou atuando. Não adianta ter o conhecimento técnico ou uma inovação tecnológica; é necessário saber qual o ambiente regulatório no qual aquela tecnologia vai estar inserida.

É um paradoxo na minha carreira porque o ambiente da mineração é altamente regulamentado. É algo em que o estado detém, no caso do Brasil, a união detém o monopólio no subsolo. Você pode ser dono de uma fazenda, mas você não é dono do que tem no subsolo, quem é dono daquilo é a união até o momento que você pleiteia o direito de fazer a exploração mineral. Cada passo da exploração, do detalhamento até o momento que vai encerrar a lavra, o Estado tem um monitoramento constante.

Por outro lado, na tecnologia, a indústria está correndo tentando inovar da maneira mais rápida possível antes que venha uma regulamentação. A regulamentação vem correndo atrás. Acho que há muitos casos, talvez o mais emblemático seja a questão do Uber. O Uber entra em um ambiente em que não há regulamentação para motoristas de aplicativo, e as leis começam a ser criadas a posteriori da tecnologia e não só da tecnologia, do uso amplo e restrito daquela tecnologia.

Onde atuo hoje na tecnologia, que é inteligência artificial, ainda existe um oceano de oportunidades e um deserto de regulamentação. Não há nada que limita a regulamentação além do que são as normas aplicáveis ao software hoje. É algo que espero que vejamos regulamentações de alta qualidade que não venham a restringir o potencial da inteligência artificial, mas que tragam salvaguardas, especialmente no interesse da sociedade em questões em que as leis tradicionais às vezes terão dificuldade em garantir segurança, privacidade, direito à imagem. Como empreendedor desse setor, temos uma obrigação não só de acompanhar essa discussão, mas dentro do possível, contribuir para que isso aconteça.

Uma resposta extensa para dizer que esse conhecimento jurídico é importante onde existem leis que vão restringir o seu negócio, bem como fundamental quando ainda não existem as normas, para que possa adaptar e melhorar a operação tendo em vista as novas normas que serão inevitavelmente colocadas pelos legisladores, e até depois, contribuir com a criação das normas.

 

Ao longo de sua carreira, você fundou e liderou empresas nos setores de tecnologia, agronegócio e exploração mineral. Como você apresenta a diversificação em setores tão distintos? E qual é o fio condutor em sua abordagem empreendedora?

Você sabe, o fio condutor é, inevitavelmente, ter boas pessoas. Por mais que eu gostaria de dizer “aprenda e faça acontecer”, a verdade é que você precisa ter boas pessoas junto com você, pessoas que tenham um conhecimento que complemente o que você consegue trazer. O denominador comum principal desses negócios é justamente a qualidade dos profissionais que começam um empreendimento comigo ou que entram no empreendimento para trabalhar rumo ao nosso objetivo comum.

Isso é fundamental porque sem isso, essa diversidade de negócios não seria possível. Ao mesmo tempo, é preciso ter a humildade de saber o que você não sabe e trazer os profissionais que podem complementar, mesmo que você esteja buscando sanar o desconhecimento de um determinado setor. Não tenho dúvida de que isso é o que possibilitou e continua possibilitando que essas empresas tenham um crescimento robusto em termos de mercado, e até mesmo de jurisdição, expandindo não só pelo mercado brasileiro, mas cada vez mais para o mercado internacional.

 

Algumas de suas empresas (Pix Force e Acertpix, por exemplo) aplicam diretamente IA em suas soluções. Como se deu sua introdução ao tema da IA? Quando e como percebeu o potencial deste setor para negócio?

Então, a Inteligência Artificial veio como uma necessidade muito mais do que como uma oportunidade que foi vislumbrada. O primeiro grande cliente da PixForce, um dos primeiros clientes, era uma empresa do setor de papel e celulose, para a qual desenvolvíamos uma solução para o sensor florestal. Após o plantio das mudas, monitorávamos quantas mudas haviam sobrevivido e quantas haviam morrido. Isso é um número crucial, pois sete anos depois, eles colheriam essas mudas na forma de árvores. Precisavam saber exatamente o que estava no estoque de celulose que haviam plantado.

Inicialmente, tínhamos soluções baseadas em programação normal, utilizando muito o MATLAB, que gerava um algoritmo bom, mas ainda gerava muitos falsos positivos. A inteligência artificial trouxe robustez, permitindo que o algoritmo se adaptasse diante de diferentes tipos de imagem. Para nós, humanos, ao olhar uma muda, sabemos que é uma muda, seja sob o sol do meio-dia ou às 8 da manhã. No entanto, para um computador, os pixels mudam de cor, há sombras, e o ângulo da iluminação muda. Somente com a inteligência artificial conseguimos alcançar uma robustez que atendesse à exigência do cliente de mais de 98% de acurácia.

Foi ao superar esse desafio que começamos a treinar redes neurais, o cerne da inteligência artificial. Vimos não apenas uma maior robustez e precisão em comparação aos algoritmos tradicionais, mas também uma velocidade muito maior. Percebemos que havia uma carência no mercado de empresas capazes de oferecer esse tipo de solução, o que nos levou a explorar outras oportunidades em que a visão computacional tradicional poderia dar lugar a uma visão computacional fundamentada em inteligência artificial.

Usávamos programação em MATLAB inicialmente. A PixForce foi fundada em 2014, o primeiro cliente começou em 2016, e a adoção da inteligência artificial ocorreu em 2017-2018. É uma jornada em que gradualmente adotamos o que há de mais novo, e isso ressalta a premissa de que ter uma ótima ideia, conhecer bem o mercado e saber programar não é suficiente. Adaptar-se é fundamental para sobreviver e expandir.

 

Você pode compartilhar a história da fundação da PixForce e como a empresa evoluiu ao longo dos últimos anos? E a que você atribui o grande êxito obtido pela empresa, sobretudo nos últimos anos, com as sucessivas premiações?

A PixForce nasceu de um encontro entre amigos, em uma conversa informal com Daniel Moura, onde ficou claro que ambos tinham necessidades de tecnologias de sensoriamento remoto, sendo Daniel na engenharia ambiental e eu na mineração, buscando visualizar grandes áreas a partir de um ponto de vista aéreo ou espacial. Inicialmente, decidimos iniciar a empresa para atender às necessidades específicas das nossas próprias empresas na época, Newfields e Atlântica Mining.

Começamos explorando soluções usando drones, uma tecnologia bastante nova em 2014-2015, ainda com muito potencial a ser explorado. Inicialmente, a ideia era criar uma empresa de suporte para atender nossas demandas internas. No entanto, à medida que a quantidade de imagens aumentava com drones mais acessíveis, percebemos que o grande valor estava na extração e geração de dados a partir dessas imagens. Foi nesse ponto que entramos na visão computacional, e ao perceber as limitações dos algoritmos tradicionais, adotamos a inteligência artificial para análise de imagens.

Logo, percebemos que a oportunidade de mercado era muito maior do que atender apenas nossas próprias demandas, começando a ter clientes externos e expandindo o negócio. Em 2019, decidimos dedicar mais tempo à empresa, comigo entrando em tempo integral na PixForce no segundo semestre de 2019, seguido pelo Daniel Moura. Nesse ano, vimos uma aceleração significativa.

Quando menciona as premiações e o reconhecimento no Brasil e no exterior, isso é resultado do crescimento contínuo, dedicação e atenção que a equipe tem dedicado. A premiação é um reflexo do trabalho árduo da equipe, conhecida internamente como os “Pix Wizards”, que se dedicam e estão dispostos a cometer erros em busca de soluções inovadoras, mantendo-se atualizados com o que está acontecendo no cenário acadêmico e em outras startups no Brasil e no mundo.
Apesar de ser gratificante receber prêmios, o verdadeiro indicador de sucesso está nos clientes que estão não apenas apostando na empresa, mas também premiando-a com contratos recorrentes. A satisfação maior vem da capacidade da equipe de atender às exigências e expectativas dos clientes, gerando resultados significativos.

 

Como alguém que mora do Brasil há alguns anos, mas ainda mantem fortes conexões com o país, também pelas relações com suas empresas, como você considera que o país está no cenário mundial em termos de apoio às startups?

O Brasil é um país de muitas contradições, com desafios como a burocracia significativa, especialmente nas áreas contábil, tributária e trabalhista. São várias barreiras para as empresas, especialmente para aquelas que estão começando. No entanto, o país oferece oportunidades únicas, sendo um mercado onde praticamente todas as grandes empresas do mundo têm presença.

Além disso, o Brasil possui programas de incentivo à inovação que são singulares, como o programa de pesquisa e desenvolvimento da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e da ANP (Agência Nacional do Petróleo). Grandes empresas do setor são obrigadas a investir em pesquisa e inovação, e historicamente esses recursos eram destinados principalmente às universidades. No entanto, cada vez mais, startups qualificadas têm acesso a esses recursos.

Destaca-se também o apoio de agências nacionais, como a Apex, ligada ao Ministério do Comércio, que oferece suporte para a internacionalização de empresas. A participação em eventos internacionais, como no Oriente Médio, Estados Unidos e Europa, é possível graças a missões do governo brasileiro, nas quais a PixForce está envolvida.

Organizações bilaterais, como o CISB, promovem o desenvolvimento e a inovação entre o Brasil e outros países, como a Suécia. Essas organizações bilaterais são oportunidades valiosas para startups brasileiras, proporcionando uma rede de contatos e colaborações internacionais.

Apesar dos desafios, a mensagem para empreendedores é olhar não apenas para os obstáculos, mas também para as oportunidades únicas que o Brasil oferece. Além de superar as barreiras locais, é fundamental explorar e aproveitar as diversas oportunidades, como parcerias internacionais e programas de incentivo à inovação, que podem posicionar a startup de maneira competitiva, não apenas no Brasil, mas além das fronteiras nacionais.

 

Excelente resposta. Muito grato por sua disponibilidade para esta entrevista, e qual seria sua mensagem final quer seja para empreendedores, pessoas no início ou em transição de carreira?

É essencial compreender que as oportunidades atuais são muito mais dinâmicas e acessíveis do que no passado. É louvável o esforço de pessoas como você, Jonny, que desbravaram e se expuseram a um processo desafiador para estudar e fazer pesquisa fora do Brasil em uma época em que o processo era mais difícil. Atualmente, com plataformas online e recursos mais acessíveis, há uma abundância de informações disponíveis. Os empreendedores e futuros empreendedores devem aproveitar esses recursos, explorar oportunidades e superar as barreiras que inevitavelmente surgirão. Ficar apenas observando os desafios não leva a lugar algum, e as oportunidades disponíveis hoje não existiam há algumas décadas, especialmente em um país como o Brasil.

 

Lições de carreira
Conheci Renato Gomes em novembro, durante viagem à Suécia, onde participei como membro da delegação de pesquisadores em IA selecionada pelo CISB (Centro de Inovação Suécia-Brasil), em que o CTO da Pix Force também fazia parte. Como mora na Finlândia, Renato se juntou ao grupo já em Estocolmo, durante nossa interação em diversos momentos, pude perceber uma pessoa de muita experiência, com vontade de compartilhar e aprender. O convite para entrevista se deu de forma bem natural, e ele conseguiu, mesmo diante de uma intensa agenda, dedicar atenção a esta atividade. Renato, com sua trajetória única entre diversos setores desde mineração à inteligência artificial, demonstra a importância da adaptabilidade e do aprendizado contínuo no cenário empreendedor. Sua abordagem multifacetada para os desafios, unindo conhecimentos jurídicos e técnicos, ressalta a essência de permanecer na vanguarda das tendências. Uma jornada inspiradora que reflete não apenas conquistas, mas o compromisso constante com a evolução e a inovação.

Grato pela leitura. Nos encontramos no próximo!

Abraço, Jonny

WhatsApp
Junte-se a nós no WhatsApp para ficar por dentro das últimas novidades! Entre no grupo

Ao entrar neste grupo do WhatsApp, você concorda com os termos e política de privacidade aplicáveis.

    Newsletter


    Publicidade