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Passando a sacolinha
09 de Fevereiro de 2015

Passando a sacolinha

A Prefeitura de São Paulo pretende acabar com o uso das sacolas plásticas tradicionais no comércio até abril deste ano, quando entra em vigor em definitivo uma lei aprovada em 2011 que prevê a substituição das embalagens atuais por outras de origem vegetal e nas cores verde e cinza. Penso que mais essa intervenção do Estado na economia e na liberdade de decisão do consumidor não refletirá em benefícios para a sustentabilidade do planeta, a exemplo do uso das sacolas ecológicas (ecobags) que não entraram o cotidiano do consumidor devido à falta de praticidade e servirem mais como um argumento de vendas. No mais, acredito que a solução para os problemas da humanidade com a sustentabilidade do planeta não se resumem a isso, mas encontra-se no consumir menos e com mais responsabilidade.

Sempre é bom lembrar aos nossos legisladores, que o consumidor gosta de praticidade, facilidade e utilidade para as coisas. Ninguém quer trabalho e incômodo extra. Sendo assim, qual é o consumidor que, em sã consciência, vai lembrar de carregar uma sacola ecológica sob os sovacos antes de ir às compras, quando os varejistas colocam à disposição carrinhos e centenas de sacolas plásticas prontas para serem abarrotadas de produtos sem qualquer esforço físico e mental? Qualquer um mandaria às favas o aquecimento global. A nova lei em vigor em São Paulo também prevê multas para o comerciante e o consumidor que não usarem corretamente as sacolas e, em contrapartida, não oferece um sistema eficiente ou alternativa de coleta seletiva ou de reciclagem, reutilização ou de redução de materiais.

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Se a preocupação realmente fosse ambiental, que tal criar incentivos para comerciantes que ofereçam meios alternativos para fazer as compras? Um bom exemplo disso vem de uma rede sueca de produtos domésticos de baixo custo, que estimula o uso de bicicletas e de reboques nas suas lojas sem custo e com a possibilidade de devolver tudo no dia seguinte. E se realmente querem incentivar o uso desses badulaques ecológicos, que tal transformar as sacolas em acessório de moda, com marca, formatos, modelos, cores e tamanhos diferenciados que possam ser usados por homens e mulheres não só para fazer compras?

Até acredito na boa intenção da lei paulista e de tantas outras iniciativas para impulsionar o uso das sacolas ecológicas. Elas podem ser o início de um processo em busca pela sustentabilidade. Porém, nenhuma empresa no mundo pode dizer que é 100% sustentável quando estimula o consumo seja lá do que for, isso incluído os governos quando impõem um determinado tipo de sacola que pode ou não ser usado. Quando muito, governo e empresas podem dizer que reduzem os danos ao ambiente. No entanto, o que se tem visto por aí é mais um forma de passar a sacolinha nos bolsos do consumidor – afinal, o custo dessa adaptação com a nova lei recairá sobre o consumidor – com a moda do marketing verde do que efetivamente ações concretas em defesa do ambiente.

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