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Neutralidade de rede | Confira o que pensam profissionais da área de comunicação
18 de Dezembro de 2017

Neutralidade de rede | Confira o que pensam profissionais da área de comunicação

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Na manhã desta sexta-feira, 15/12, publicamos uma nota repercutindo as notícias que circularam pelo mundo sobre a decisão dos EUA de terminar com a neutralidade de rede de internet. Leia Aqui. O AcontecendoAqui consultou alguns profissionais em Santa Catarina sobre o tema pedindo a eles que explicassem o significado dessa mudança nos EUA e o risco de também passarmos por isso no Brasil. Acompanhe: 

 

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“Do ponto de vista de negócios é bom, mas para os usuários não é. Um exemplo que já acontece no Brasil, inclusive isso é questionado, operadoras de telefonia oferecem tráfego gratuito ao WhatsApp,  sem cobrar franquia de tráfego, ou seja, é de graça. Isso é bom para o consumidor e bom para a operadora, pois ela consegue se diferenciar, mas o maior problema , por exemplo, é se você é usuário da operadora e utiliza o concorrente do WhatsApp, aí você tem um problema para  resolver.
Em Portugal isso já acontece. Lá tem planos que dão acesso a certos serviços. Do ponto de vista de negócios é bom, pois gera uma fonte e receita a mais, mas ao mesmo tempo você dá muito poder às empresas. Eu não acho que uma operadora deva decidir pelo o que eu vou acessar.
Aqui no Brasil dificilmente eles vão conseguir fazer o mesmo . Ao mesmo tempo, no EUA, pode ser que isso não dure muito tempo. Até porque as grandes  empresas já se posicionaram contra. Inclusive, essa votação venceu com uma margem muito pequena foi um voto desempatando”     

César Schmitzhaus
Diretor de tecnologia e inovação da Teltec Solutions

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“A quebra da neutralidade da rede, traz um perigo para o que transformou a internet em uma das invenções mais impactantes da humanidade: a liberdade. Ao dar, aos provedores a possibilidade de “escolher” o que os usuários podem ou não ver, acontecimentos como a Primavera Árabe (uma revolução que teve como base a comunicação via redes sociais), acabam não acontecendo. Ou seja, a quebra da neutralidade da rede fere um dos direitos mais básicos do ser humano: o da liberdade. 
Sandro Lenzi
Fundador da Leads Marketing de Conteúdo

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“No Marco Civil da internet brasileira discutiram bastante isso e não passou. Acredito que a medida deve impactar fortemente a forma que consumimos internet se implantada em países em desenvolvimento ou com democracias fragilizadas. Permite que governos ou empresas restrinjam, de acordo com os seus interesses, comerciais ou políticos, o acesso universal à internet pelo usuário.”
Rodrigo Lóssio
Fundador da Dialetto Comunicação

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“Como jornalista e assessor de imprensa, dependo da internet para trabalhar. Também é minha principal  fonte de entretenimento, disputando com a TV. Hoje, somando serviços da NET, Netflix, Tidal e UOL Mail, minhas despesas mensais ultrapassam R$ 500,00. Meu maior receio é que essa mudança nos EUA dê novo fôlego à pressão de provedores brasileiros para limitar o tráfego de dados e cobrar pelo excedente. Esse movimento ganhou força recentemente, mas creio que foi adiado por razões políticas, para evitar desgaste do governo. O aumento do valor cobrado pela internet é uma ameaça que volta a nos assombrar. Torço para que a neutralidade do Marco Civil da internet brasileira prevaleça.”
Urbano Salles
Jornalista

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“O fim da neutralidade da rede é uma decisão que obviamente nos assusta como usuários comuns. No Brasil, o tema é especialmente sensível pela infraestrutura capenga de acesso à internet. Mesmo em Florianópolis, uma cidade que vem se reinventando graças à economia digital e que deveria ser hiperconectada para gerar mais negócios, há diversas regiões em que apenas uma operadora consegue levar serviços – ainda por cima caros e de baixa performance. Imagine então o susto que causa um panorama desses por aqui, que dá poder aos provedores para colocar um sinal vermelho num tráfego de dados que já é devagar. 
Mas os Estados Unidos vivem outra realidade. A preocupação lá é com a exponencialidade de consumo de banda que a Internet das Coisas vai provocar nos próximos anos. E também com a nova corrida do ouro, que é a mineração de bitcoin, a “bolha-relógio” da vez. A realidade norte-americana é muito mais complexa que a nossa. O Brasil precisa resolver carências básicas de infraestrutura antes de pensar no fim da neutralidade de rede, que hoje é garantida pelo Marco Civil da Internet.” 

Fabricio Umpierres Rodrigues
Fundador da SC Inova

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“Creio que a princípio atrapalha os geradores de conteúdo, mas teremos que ver as regras que os servidores irão aplicar à distribuição do conteúdo e ao acesso a canais. Os publishers, há anos, vem tentando encontrar a solução com o “pay wall”. Mesmo assim, estamos falando dos provedores. Meu medo é que no Brasil isso se torne uma ferramenta para encarecer o processo. Mas, ainda assim, creio que vamos ter muita coisa pela frente já que Facebook, Google e outros publishers vão entrar na justiça contra a nova lei. Dito isso, temos que ver, também, como isso influenciará os publishers na questão dos inventários disponíveis, como isso vai aumentar ou diminuir a qualidade dos mesmos e qual a influência dos provedores quando forem colocados bloqueios nos referidos conteúdos. 
Mas ainda é cedo para ter uma opinião concreta.”

Bruno Pompeu
sócio da FITMEDIA

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“Quando pensamos em nosso mercado de Provedores Regionais, tudo que venha a aumentar ou melhorar sua forma de monetizar a oferta dos serviços são temas importantes e sensíveis na atuação da Cianet. Avaliando o tema “fim da neutralidade de rede”,  percebem-se oportunidades, ameaças e a possibilidade de enfrentar grandes desafios. No quesito oportunidade, elencamos:
– Provedores podem ter a possibilidade de monetizar melhor sua infraestrutura cobrando valores diferenciados por serviços específicos.  Para melhor exemplificar, desde cobrança diferenciada do usuário final para uma melhor experiência no uso Netflix, whatsapp, etc,  até monetizar com estes provedores de conteúdos para priorizar o serviço na rede. 
– Podem aumentar os investimentos em infraestrutura levando acesso a lugares ainda não atendidos ou investimento em tecnologias mais modernas como o 5G.
– O aumento na concorrência poderá ser focado em diferenciação de serviços. Hoje, basicamente a diferenciação está em ser ou não triple Play, as novas possibilidades poderão forçar uma auto regulação no mercado.

Também percebemos algumas ameaças. Grande parte dos provedores compram link de provedores maiores e nestes estará o poder “do que vender e do que não vender”. Podemos inclusive ter uma ameaça para a inovação no mundo, já que o poder de escala do Netflix não seria o mesmo se esta lei estivesse em vigor quando o serviço iniciou. Apesar de melhorar o dimensionamento do serviço hoje prestado, este benefício estará disponível para quem pode pagar mais. O restante da população pode ficar prejudicada e insatisfeita, sendo um desafio a ser considerado, ou seja, atender sob medida, de forma justa e sem prejudicar a qualidade do serviço já em vigor. Toda cautela é necessário antes de levantar uma bandeira em defesa ou rejeição desta nova medida.”
Silvia Folster
CEO da Cianet

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