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Artigo: Quando a estratégia de marketing da Apple não respeita histórias simbólicas
14 de Maio de 2024

Artigo: Quando a estratégia de marketing da Apple não respeita histórias simbólicas

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Comercial de anúncio do novo iPad Pro, aparelho que apresenta o novo chip M4 ao mercado pela Apple, gera discussão e descontentamento por destruir, de forma simbólica, instrumentos que representam gerações em diversas áreas.

Intitulado de “Crush!”, com o objetivo de apresentar ao mundo o mais poderoso tablet e o mais fino produzido até então, segundo a empresa, o comercial produzido internamente pela maior empresa de tecnologia do planeta, a Apple, gera polêmicas em torno da ação que, para muitos, soou ofensiva por, literalmente, destruir instrumentos símbolo de diversas gerações, em diferentes áreas do conhecimento e expressão artística.

Para quem não assistiu, ou não lembra, o comercial está disponível no canal do Youtube da Apple. Nela, instrumentos musicais, equipamentos fotográficos, tintas, esculturas, televisores, fliperamas, monitores, amplificadores de som, discos, livros e até mesmo um micrômetro são comprimidos por uma enorme prensa hidráulica sem dó e sem piedade, explodindo e achatando tudo o que encontra. Após a prensa hidráulica levantar, o que resta é o novo iPad Pro.

O produto, lançado em tela, é acompanhado das afirmações: “Tudo no produto Apple mais fino de todos os tempos. O iPad nunca foi tão poderoso. Ou tão fino.”

A publicação já conta com mais de 2.5 milhões de visualizações e pode (ainda) ser vista aqui: https://www.youtube.com/watch?v=ntjkwIXWtrc&ab_channel=Apple

Ou seja, a “prensa” que faz alusão ao “tudo está contido aqui”, em somente milímetros de espessura, resumindo que tudo (volume de objetos e ferramentas) o que foi massacrado/eliminado pelo peso/força da tecnologia revolucionária da Apple.

A reação negativa foi rápida e intensa, com críticas direcionadas à gigante de Cupertino. A campanha publicitária que foi ao ar no último dia 7 não foi bem recebida, inclusive, por publicitários, designer e criativos por todo o globo. Boa parte do público fã e consumidor da marca interpretou negativamente o conteúdo, tendo na narrativa comercial uma forma de desrespeito a história e da criatividade.

Algumas acusações mais ácidas, como da diretora de cinema norte-americana, Reed Morano, rotulam a iniciativa como “psicótica”. Ela compartilhou um post do presidente da Apple, Tim Cook, e pediu “noção” por parte da empresa. Outros, como o do ator Hugh Grant, definem a publicação como “destruição da experiência humana”.

As críticas foram tamanhas que Tor Myren, vice-presidente de marketing da Apple e responsável pela aprovação da campanha, em entrevista concedida ao periódico/portal Ad Age – um dos maiores do mundo na área da publicidade, marketing e tecnologia – pediu desculpas publicamente:

“A criatividade está no DNA da Apple, e é extremamente importante para nós projetar produtos que capacitem criativos ao redor mundo. Nossa meta é a de sempre celebrar a variedade de formas com as quais os usuários se expressam e dão vida a ideias por meio do iPad. Erramos o alvo com esse vídeo e pedidos desculpas por isso.”, citou Myren.

Reflexão

O produto pode ser sim, lindo, poderoso e revolucionário, mas a maçã não agradou a todos em sua autopromoção ou destruir (imageticamente) ícones do universo criativo em prol da valorização de sua tecnologia. Ainda mais em tempos em que o tema Inteligência Artificial lidera longos e críticos debates pelo mundo inteiro.

Tudo está no “timing” e na interpretação por parte do público. Paira a sensação que a tecnologia está passando a criatividade humana para trás, tornando-a ultrapassada. A tecnologia parece esquecer que é justamente na criatividade humana que ela se inspira. Vide os resultados apresentados pelas ferramentas de I.A. onde textos, imagens e vídeos são concebidos em segundos: a maioria traz interação e sistemática de forma a imitar pessoas, seja pela linguagem, traços ou técnicas de criação.

A Apple, sempre muito ligada ao mundo criativo e valorizada pelo mercado, parece ter tropeçado desta vez. A empresa buscou reparar o erro, evitando uma propagação maior: cancelou a compra de espaços comerciais em canais de TV onde o comercial de lançamento dos novos iPads seria veiculado.

Vale ressaltar: no canal do Youtube da marca, os comentários são desativados.

 

Sobre o autor

Carlos Rocha dos Santos, publicitário, jornalista e professor, especializado em gestão de imagens e marketing institucional.

https://www.linkedin.com/in/carlos-rocha-dos-santos/

https://www.instagram.com/carlos_rocha_santos/

Nota: A imagem em destaque foi produzida com uso de tecnologia IA, por meio do gerador Bing Imagens, plataforma DALL-E, por meio de script produzido pelo autor do artigo.

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