por Renato Cisz*
Os próximos anos serão difíceis. Segundo Flávio Castelo Branco, chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, a crise econômica e política que o Brasil vem passando deve perdurar até meados de 2018/2019. Ele afirma que “por mais que a economia internacional tenha contribuído para o quadro de dificuldades, a crise no Brasil é fundamentalmente interna e do setor público. O que mina a confiança dos agentes e causa instabilidade, pode refletir em um segundo mandato inteiro (da presidente Dilma) de ajuste.” Além dessa avaliação, temos a percepção de economistas do mercado financeiro brasileiro e internacional ouvidos pelo Banco Central, que avaliam a alta do dólar, o PIB médio negativo no segundo mandato de Dilma, juros mais altos e inflação maior em relação aos quatro anos anteriores. Tudo mostra que sim, o Brasil vai passar por uma grande depressão!
O título e o parágrafo acima surgiram para que todo o mercado de comunicação reflita sobre isso, principalmente as agências. Porque nos anos turbulentos, empresários, diretores, colaboradores e stakeholders precisam ainda mais do seu envolvimento. Não apenas no marketing, mas no business como um todo.
Em momentos de incerteza, a palavra oportunismo aparece, com empresas prometendo resultados surpreendentes da noite para o dia com economia de até 60% no investimento atual em comunicação. São promessas irreais e muito perigosas, que podem até levar um cliente à falência em poucos meses.
Por isso, sempre se questione:
Como uma agência pode prometer um resultado tão grande sem demonstrar conhecimento do meu mercado?
Por que essa promessa de performance aparece apenas nos momentos difíceis e indefinidos?
Para fugir de oportunistas, analise com muita clareza cada proposta, cada pessoa que está envolvida no processo e cada resultado já conquistado. Entre em contato com clientes que já foram atendidos para obter mais informações sobre o que está sendo oferecido. Mais do que nunca, é importante avaliar como a agência irá entregar o que afirma antes de se encantar com o número final.
E agora, faço uma pequena adaptação no título e pergunto:
Agência: até quando o cliente deve ficar com você?
Você já parou para refletir sobre isso?
Você já imaginou o que o cliente pensa da sua empresa?
Você já pensou que poderia estar colaborando muito mais para a performance do seu cliente?
São diversas perguntas que podemos fazer e sim, devemos fazer todos os dias!
O envolvimento da sua agência no dia a dia do cliente deve ser mais intenso, mais introspectivo, mas claro, com respeito. Promessas milagrosas, fórmulas de economia surreais não são verdadeiras, isso se chama oportunismo!
Em uma estratégia de comunicação, temos que pensar em tudo, desde o produto/serviço oferecido até a entrega e experiência do público com o mesmo. Uma campanha perfeita, a qual leva milhares de consumidores a comprar um produto que gera uma experiência negativa pode causar danos irreversíveis para uma marca. Hoje, todas as informações estão on-line, podendo ser compartilhadas rapidamente.
E sim, antes de qualquer movimento de comunicação, a agência deve analisar o produto/serviço ofertado e alertar o cliente para corrigi-lo, fazer os ajustes necessários. Uma empresa com 100 anos de história pode ir à falência dependendo do que será oferecido para seus consumidores.
As agências devem trabalhar cada vez mais para seus clientes, mostrando performance, envolvimento e ideias que tragam valor e awareness para a marca. Nem sempre a ideia que dá o prêmio tão cobiçado pela agência é a melhor solução para o desempenho do cliente.
Então agora vá em frente e reflita: até quando mereço que o meu cliente continue com a minha agência?
Renato Cisz, publicitário e sócio da agência Nohelmet