Anúncios pintados em paredes por artistas, extintos na primeira metade do século 20, estão sendo revividos pela publicidade. Nos anos 80 e 90 os graffitis eram aceitos como uma forma mais agradável de arte de rua e acabaram valorizando as áreas em que estavam pintados. Esse trabalho artístico, que chama atenção das pessoas, acabou despertando também o interesse dos dos anunciantes, que estão apostando na arte como divulgação de marcas. O problema dessa nova rede de mídia, pintada por artistas, paga por marcas e hospedada por proprietários, é que se eles se tornarem mais populares entre as marcas, onde serão pintados?
A Kinetic da WPP foi uma das primeiras especialistas nesta área. “É grande, é ousado, é impactante e você não pode deixar de notar, mas também se entrelaça nesse elemento artístico”, destacou Roshan Singh, diretor da KineticX ao The Drum. Segundo o site, até cinco anos atrás a plataforma era associada ao graffiti e à sua ilegalidade, por isso apenas marcas mais ousadas estavam dispostas a apostar no meio de divulgação. Por isso a empresa passou a oferecer uma oferta ‘segura e estável’, com uma rede de artistas locais, em parceria com a High Rise Murals, e com práticas de segurança e saúde consolidadas para garatir que todos os setores pudesem anunciar em murais.
Um dos murais mais populares está localizado em Londres, com anunciantes como KFC, Warner BRos e Patagonia divulgando peças nos últimos dois anos. Quem administra é a Appear Here, empresa conhecida por locações de varejo pop-up.
“Muitos desses proprietários e donos de espaço têm 10 anos de uso de suas paredes para arte de rua, o que significa que conhecem os artistas, sabem como funciona e sabem como facilitar a segurança das pessoas em seus locais. Como estamos vendo novos participantes, não estamos vendo a mesma segurança”, disse ao site.
Se conseguirem mais espaços, é provável que as marcas continuem a investir nesse tipo de publicidade até que os consumidores percam o interesse. O ROI é complicado de calcular, mas a visão de moradores e turistas paranto em frente aos murais para tirar fotografias, e compartilhar um outdoor em redes sociais, é o suficiente para muitas empresas garantirem o investimento.
Para o guia Dave Stuart, as pessoas gostam de ver o artista trabalhando no chão, com latas de spray, subindo em escadas para pintar o muro, mas assim que a peça está completa e se vê como anúncio elas perdem o interesse. “Uma vez que os artistas se afastaram da parede e é muito evidente [o mural] é um anúncio, não vejo pessoas fotografando os anúncios na maneira como os vejo fotografando murais”, contou ao site.