“Não” para cartórios e “Sim” para avanço da tokenização imobiliária com o Drex
22 de Agosto de 2024

“Não” para cartórios e “Sim” para avanço da tokenização imobiliária com o Drex

A PEC acrescenta um novo tipo de entidade ao ordenamento jurídico

O senador Plínio Valério (PSDB-AM), em seu parecer sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê a autonomia financeira e orçamentária do Banco Central, disse ‘não’ a tentativa dos cartórios de impedir o avanço da tokenização imobiliária vislumbrada pelo BC por meio do Drex.

Na nova versão de seu parecer, Valério retirou o dispositivo que protegia cartórios dos avanços da moeda digital brasileira e, com isso, impedia que a tokenização avançar como forma de descentralizar e desburocratizar o papel de cartórios e tabeliões. Inicialmente, Valério havia acatado emendas para blindar os tabelionatos, mas voltou atrás no novo parecer.

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“Rejeitamos as duas emendas por traduzirem apenas interesses privados, com possibilidade inclusive de multiplicação discutível no futuro”, justifica o senador no relatório.

Caso o relatório seja aprovado com o texto atual, ele abre caminho para o avanço da tokenização no mercado imobiliário, uma vez que as escrituras (e seu devido histórico) passem a ser registradas em blockchain, garantido assim, que o processo de compra e venda de um imóvel, bem como o pagamento dos impostos e outras obrigações, possa ser feito totalmente online, com o Drex.

No entanto, o relatório ainda precisa ser votado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para depois seguir ao plenário. Recentemente, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União-AP), adiou a análise da PEC, acatando um pedido de vista do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

“Vou me comprometer com o senador Plínio. Encerrando essa reunião, vou me dirigir ao governo para pedir uma reunião com vossa excelência para que a gente possa explicitar isso”, disse o líder do governo, justificando seu pedido de adiamento.

PEC de autonomia do Banco Central

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ainda destacou que o tema é controverso e, por essa razão, não será submetido à votação em uma sessão remota, como a que está prevista para esta semana. “Na próxima reunião presencial, o assunto voltará à pauta”, reforçou Alcolumbre.

Além da modificação que favoreceu a tokenização imobiliária, Valério ajustou o parecer para definir que a autoridade monetária será organizada “sob a forma de corporação integrante do setor público financeiro que exerce atividade estatal” e não como “empresa pública que exerce atividade estatal”, como estava originalmente previsto na versão anterior.

O relator ressaltou que surgiram discussões e incertezas sobre a escolha de organizar o Banco Central como uma empresa pública, especialmente sobre quais características o BC deveria ou não assumir. Segundo ele, embora as dúvidas tenham sido “gradualmente” resolvidas, optou-se por alterar a redação para deixar claro que o objetivo é dotar o Banco Central de uma natureza jurídica única, que, após a aprovação da PEC 65/2023 e da Lei Complementar correspondente, lhe conceda autonomia orçamentária, financeira e administrativa.

Ele também explicou que a PEC acrescenta um novo tipo de entidade ao ordenamento jurídico, garantindo de forma inequívoca o caráter jurídico-institucional único do Banco Central, em vez de adaptar um modelo jurídico existente às suas características.

Segundo o senador Plínio Valério, antes do recesso parlamentar, o governo pediu a suspensão da votação para promover um diálogo, mas não houve qualquer avanço por parte do governo. O relator enfatizou que o governo era contrário à transformação do BC em uma empresa pública.

“O governo não apresentou uma solução para esse impasse, mas o Banco Central sugeriu uma alternativa, e eu acatei essa sugestão por entender que é necessário abrir um diálogo com o governo”, concluiu.

Oriundo Cointelegraph

Foto:Freepik

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