Segundo pesquisas apuradas, a Black Friday fez o e-commerce brasileiro atingir seu melhor tráfego de 2023: foram 2,8 bilhões de acessos únicos, o que representou uma alta de 13,1% em comparação a outubro e que bateu, por 1%, o antigo desempenho mais relevante do ano, de janeiro, quando 2,77 bilhões de visitas foram registradas, de acordo com o Relatório Setores do E-commerce no Brasil.
Para Diego Ivo, CEO da Conversion, é interessante observar como a data tem capacidade de modificar significativamente o padrão do tráfego do e-commerce brasileiro. “Ela reposiciona marcas, quando não setores inteiros, além de indicar tendências que podem permanecer nos meses seguintes e dar a tônica das plataformas”, observa.
Isso se vê, em 1º lugar, nos impactos da Black Friday sobre os setores que mais cresceram em novembro, muito por conta da data: o de Joias e Relógios subiu 37,6% no mês, por exemplo – uma taxa poucas vezes vista no relatório ao longo do ano. O grupo de Calçados avançou no mesmo ritmo: 35,8%, enquanto o de Eletrônicos e Eletrodomésticos viu suas visitas crescerem 37,7%.
Os marketplaces, que correspondem a quase metade do resultado total do e-commerce do país, tiveram um incremento de 11,1% nos seus acessos em comparação a outubro. Mais do que isso: as 1,21 bilhão de visitas em novembro foram o melhor resultado do setor desde dezembro de 2022 e o dado mais alto deste ano (0,2% melhor do que janeiro).
As plataformas também surfaram na Black Friday, oferecendo descontos e condições especiais de pagamento para atraírem mais consumidores. O Mercado Livre cresceu 7% em tráfego, batendo a casa dos 364 milhões de acessos. A Amazon Brasil, melhor do que isso, teve alta de 12,5%, enquanto a Shopee melhorou seu patamar em 6,9%.
A Magalu, porém, teve a taxa mais expressiva: 20% de alta entre novembro e outubro, passando de cerca de 121 milhões de acessos para 146,2 milhões.
“Essas margens se ligam bastante às campanhas que cada marca faz para puxar os clientes para suas plataformas, embora muitas pessoas já cheguem na Black Friday com as pesquisas sobre seus produtos feitas nos meses anteriores – e esperam a data só para fechar a compra”, explica Ivo. Para ele, assim, faz sentido entender as taxas de variação de Mercado Livre e Magalu, por exemplo.
Não foi só: entre os marketplaces, as Casas Bahia – que vem apostando cada vez mais na Black Friday, subiu incríveis 42,5% em novembro, mantendo o título de 6ª marca mais visitada dentro do setor.
Mas a mudança mais significativa está no Share of Search: se a Amazon Brasil permanece a marca mais citada nas buscas entre todos os setores, com 61% de pesquisas diretas, duas marcas surgiram no indicador em novembro: a Vivara, de Joias e Relógios, com 47% das citações, e a RiHappy, do setor Infantil (45%).
Em ambos os casos, os resultados se explicam principalmente pela demanda mais alta durante a Black Friday, mas também na antecipação de compras do Natal – onde, segundo pesquisas, joias, bijuterias, mas também brinquedos, tendem a ser os presentes mais comuns.
É curioso, apesar disso, que o grupo Infantil tenha ido mal em novembro, com queda de 2,6% no tráfego total.
Vale lembrar que o e-commerce brasileiro tem registrado faturamentos no azul desde agosto. “Agora é hora de analisar todos esses desempenhos e entender como eles podem se transformar em ideias para sustentar alguns padrões no futuro, entendendo também a força pontual da Black Friday”, finaliza Ivo.