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ARTIGO | A importância de mais mulheres nas camadas estratégicas das empresas
21 de Agosto de 2023

ARTIGO | A importância de mais mulheres nas camadas estratégicas das empresas

"A pauta de equidade de gênero parece estar acelerada, mas, os números no Brasil ainda são bastante tímidos"

Das 423 companhias listadas atualmente na B3, cerca de 60% não têm nenhuma mulher entre seus diretores estatutários e 37% não conta com nenhuma mulher em seu conselho de administração. Ainda não há dados sobre raça e etnia, mas um levantamento feito com 73 companhias mostrou que 79% delas responderam ter até 11% de pessoas negras em cargos de diretoria.

A pauta de equidade de gênero parece estar acelerada, mas apesar de toda a discussão, os números no Brasil ainda são bastante tímidos e que não parecem alcançar o atraso das últimas décadas.

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Veja alguns dados atuais:
De acordo com o relatório Women in Business 2023, da consultoria Grant Thornton International, que avalia os avanços da equidade de gênero em posições de liderança, apenas 32,4% dos cargos de alta gerência são ocupados por mulheres.

O dado mostra um aumento sutil de 0,5 ponto percentual em comparação a 2022 e apenas 13 pontos percentuais desde a primeira edição da pesquisa, em 2004. Em contrapartida, 9% dessas organizações ainda não possuem mulheres em cargos de liderança sênior. Nesse ritmo, apenas 34% dos cargos de liderança serão ocupados por mulheres em 2025. O dado vai ao encontro da estimativa de 131 anos para alcançarmos a equidade de gênero, segundo o Fórum Econômico Mundial.

A diversidade é crucial para qualquer empresa. Ela traz profundidade à discussão dos temas, experiências, perspectivas, promove ainda a inovação e implica uma melhor compreensão dos colaboradores e claro, dos clientes da companhia.

De acordo com estudo publicado pela Forbes, times diversos entregam 60% mais resultados, tomam melhores decisões em 87% dos casos e são duas vezes mais rápidos em fechar pautas críticas dentro do negócio. Além disso, um ambiente de trabalho saudável e democrático também faz com que os colaboradores se sintam mais confortáveis e engajados, com melhor produtividade e senso criativo. Segundo a Deloitte, os funcionários que sentem que sua empresa apoia a diversidade e se sentem incluídos relatam um aumento em sua capacidade de inovar em até 83%.

Outro fator é que um time diverso traz para a mesa uma série de skills, experiências e perspectivas que tornam a discussão mais rica, analisando distintos pontos de vista. Principalmente quando se diz respeito à camadas estratégicas da companhia, como por exemplo os C-levels e o Conselho de Administração, conversas mais plurais são cruciais para a sustentabilidade do negócio.

Por fim, diversidade não beneficia apenas os funcionários, mas também os clientes. De acordo com o LinkedIn, 49% das empresas acreditam que é importante que a diversidade faça parte da cultura, pois permite que elas entendam e representem melhor seus clientes. Como tal, as empresas devem se esforçar para construir uma força de trabalho que espelhe o perfil diversificado de sua base de clientes.

Demonstrar fortes valores e promover iniciativas positivas em torno da diversidade, equidade e inclusão também pode ter um impacto positivo na forma como os clientes interagem com uma empresa. A Deloitte descobriu que até 50% das decisões de compra dos clientes são influenciadas pelo apoio de uma organização à igualdade. Diversas empresas têm a capacidade de construir relacionamentos mais autênticos com os clientes, o que pode ter um impacto positivo nas vendas e na receita.

Com tantos números na mesa, por que não conseguimos avançar no tema?
Porque há ainda uma grande distância entre o momento que estamos, de conscientização e sensibilização do tema e o devido estabelecimento de metas claras, compromisso público e o acompanhamento de indicadores próprios para o tema.

Iniciativas estruturais são importantes e necessárias
Para avanços mais rápidos, significativos e sistêmicos, o caminho é claro: através de diretrizes, políticas e regulamentações das instituições e órgãos do ecossistema. Porém, elas precisam ser estratégicas e conversar com o mercado, abraçar as lideranças e fazer parte da jornada da empresa e da sociedade como um todo.

Neste ano de 2023, pudemos ver inciativas importantes nesse sentido, a começar pela da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que aprovou o Anexo ASG, documento com as medidas propostas pela B3 para estimular a diversidade de gênero e a presença de grupos subrepresentados em cargos de alta liderança e o reporte de boas práticas ambientais, sociais e de governança pelas companhias listadas.

A B3 propõe o mecanismo de “pratique ou explique”, ou seja, as empresas listadas precisam dar transparência ao mercado em relação as ações que adotam para buscar a equidade ou explicar os motivos pelos quais não estão adotando as diretrizes do órgão. O texto também menciona a inclusão de indicadores de desempenho ligados e metas ESG.

Outra novidade, que impacta não apenas a população executiva, mas todas as mulheres no mercado de trabalho, foi a sanção da lei que determina igualdade salarial entre homens e mulheres. A lei prevê não apenas o pagamento das diferenças salariais devidas, mas também multas administrativas relevantes para empresas que não cumprirem as diretrizes. Além disso, a nova lei também obriga empresas com mais de 100 funcionários a publicarem relatórios semestrais com dados salariais (de forma anônima) para comparação objetiva entre homens e mulheres.

Parece que o discurso começa a sair do papel, porém ainda há a preocupação do seu alcance, efetividade e engajamento. Cada iniciativa importa, mesmo não sendo na velocidade necessária, mas é primordial que sejam estabelecidas metas globais e sinérgicas entre os agentes de mercado, empresas, órgãos públicos, entre outros. O desafio agora é colocar cada plano em ação para, talvez, encurtar o tempo de colher os frutos.

Foto:Freepik

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