Mais uma pesquisa divulgada esta semana (04.12) mostra o desastre em que se transformou a Educação no Brasil. O Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Pesquisa Timms) divulgou o resultado dos testes aplicados em alunos do 4° e 8° ano do Ensino Fundamental. Esta foi a primeira participação do Brasil neste estudo.
Quase 45 mil estudantes foram envolvidos em diversas escolas pelo país; apenas 1% dos estudantes obtiveram desempenho máximo nas duas disciplinas. 51% dos estudantes do 4º ano tiveram desempenho inferior ao nível mais baixo em matemática.
Por outro lado o Relatório da Elsevier-Bori mostra que, em termos de produtividade científica, houve uma acentuada queda de 7,2% na produção de pesquisas acadêmicas entre 2022 e 2023, fazendo o país regredir ao patamar de 2019. Divulgado em 07.2024.
Ao mesmo tempo em que os dados vão sendo divulgados ocorre uma verdadeira diáspora de cientistas brasileiros pelo mundo. Os dados são do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE- órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e indicam uma saída de quase 7 mil cientistas nos últimos anos com destino a 42 países.
Os motivos, segundo os entrevistados, são a precarização do ambiente de pesquisa no país e as baixas remunerações praticadas. Isto parece explicar os péssimos resultados em relação à pesquisa aplicada que, quase inexiste e, o surgimento de teses e dissertações que beiram ao ridículo como mostra uma simples pesquisa no Google e que nos faz encontrar a tese de doutorado intitulada “A Estética Funk Carioca: Criação e Conectividade de Mr. Catra.” Doutorado em Sociologia e Antropologia na UFRJ.
Se hoje o mercado de trabalho já se queixa da qualificação dos profissionais disponíveis no mercado, este quadro tende a piorar. Pela má formação escolar em disciplinas que são essenciais como matemática, ciências e português e, pela modernização de máquinas e equipamentos que exigem dos profissionais conhecimentos, capacidade para tomar decisões rápidas e correr riscos, iniciativa e assumir responsabilidades, o quadro fica cada vez mais nebuloso. Mais do que nunca as empresas deverão assumir a formação destes profissionais, pois o Estado se mostra ineficiente e incapaz para fazê-lo.
Em relação a pesquisa e inovação quero lembrar de uma reportagem que li, há tempos na revista Veja (Eduardo Oinegues), “para adquirir um, unzinho só, aparelho IPhone é necessária a venda de 8 toneladas de minério de ferro.” Imaginem a estrutura necessária para movimentar 8 toneladas de minério de ferro e toda a logística envolvida.
O exemplo dado pela Embrapa ao transformar o agronegócio brasileiro parece não sensibilizar nossos políticos para a necessidade de inovar e crescer com competência.
Por enquanto continuamos a ser a vanguarda do atraso entre os países desenvolvidos.
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