Uma pesquisa recente da UNESCO revelou que apenas 36,9% dos influenciadores digitais verificam as informações antes de compartilhá-las com seus seguidores. Entre os 63,1% que não conferem a veracidade dos fatos, 33,5% afirmam que compartilham o conteúdo sem verificação se confiarem na fonte ou no criador. Outros 15,8% o fazem por achar divertido ou útil, sem checar a autenticidade, e 13,2% só verificam quando se trata de notícias.
O estudo “Behind the Screens” apontou, além disso, que o principal critério dos influenciadores para avaliar a credibilidade das fontes é o engajamento, com 41,7% confiando em curtidas e visualizações. Outros 20,6% se baseiam em compartilhamentos de amigos ou especialistas de confiança, enquanto 19,4% consideram a reputação da fonte. Somente 17% priorizam evidências e documentos que comprovem a veracidade da informação.
Levando em consideração que cada vez mais pessoas são informadas e impactadas pelos influenciadores digitais, os números evidenciados acima denotam a necessidade de uma atenção especial sobre os assuntos divulgados pelos formadores de opinião. Segundo o diretor de talentos internacionais da Viral Nation e especialista no mercado de marketing de influência, Fabio Gonçalves, a falta de verificação de informações divulgadas por parte dos influencers cria um efeito cascata de desinformação que pode comprometer a confiança do público no criador e nas marcas que ele representa.
“Ao propagar conteúdos não verificados, o impacto negativo pode se estender, inclusive, para questões sociais e culturais, alimentando inverdades que perpetuam equívocos e prejudicam o diálogo público. Quando influenciadores compartilham conteúdos sem checar a veracidade, eles colocam em risco não apenas sua reputação, mas também a relação de confiança construída com seus seguidores. Isso pode gerar uma crise de credibilidade que, no longo prazo, afeta todo o ecossistema de marketing de influência, afastando marcas e parcerias estratégicas”, explica.
De acordo com o profissional, influenciadores precisam se posicionar como agentes responsáveis de informação: “Dessa forma, eles podem garantir aos seguidores que conteúdos compartilhados sejam respaldados por fontes confiáveis e verificadas. Incorporar o hábito de checar a veracidade do que está sendo divulgado no dia a dia e consultar especialistas sobre temas sensíveis são passos essenciais para evitar o risco de desinformação”.
Fabio ainda diz que agências e plataformas têm um papel fundamental em guiar os influenciadores na adoção de práticas éticas, com programas de capacitação, diretrizes claras sobre responsabilidade digital e suporte contínuo. Segundo o especialista, as agências têm o compromisso de combater a disseminação de fake news ao lado dos influenciadores.
“Na Viral Nation, nosso papel vai além de conectar marcas e criadores; somos uma referência no setor justamente porque capacitamos nossos talentos com treinamentos sobre ética digital, responsabilidade na comunicação e a importância de checar informações antes de compartilhá-las. Acreditamos que influenciadores bem preparados não só fortalecem suas próprias reputações, mas também elevam os padrões do mercado, construindo uma relação de confiança com suas audiências e marcas parceiras. Ao mesmo passo que nos preocupamos também com a reputação das próprias marcas. Até por isso desenvolvemos o Viral Nation Secure, uma ferramenta de brand safety, que tem como objetivo atender às necessidades de empresas de médio e grande porte a escolherem influenciadores de forma mais segura e eficiente. Ele é capaz de analisar todo o histórico público dos criadores de conteúdo, com base em critérios de risco ajustados às necessidades de cada marca, tornando o processo de seleção mais rápido, seguro e alinhado aos valores da empresa”, finaliza.
METODOLOGIA
Conduzido por uma equipe de pesquisa da Universidade de Bowling Green State, o relatório “Behind the Screens”, da UNESCO, foi realizado entre agosto e setembro de 2024. O estudo utilizou dois métodos, sendo o primeiro uma pesquisa online em 8 idiomas, com respostas de 500 criadores de conteúdo de 45 países e territórios. Em seguida, foram realizadas entrevistas com 20 criadores de conteúdo digital para obter insights qualitativos mais detalhados sobre suas práticas de criação de conteúdo e os desafios que enfrentam.
Para este estudo, os criadores de conteúdo digital são definidos como indivíduos que publicam regularmente conteúdos online para consumo público e possuem mais de mil seguidores, o que representa o limite mínimo para serem considerados nano-influenciadores.