A mudança sempre foi um componente a conviver com a humanidade. Só que há momentos em que a humanidade é confrontada com a velocidade das mudanças que traz intranquilidade e medo. Hoje, vivemos tempos assim!
Há um descompasso entre as mudanças e a capacidade da maioria dos habitantes do planeta em acompanhar este processo. Enquanto na África existem, segundo o Presidente da África do Sul – Cyril Ramaphosa – , 600 milhões de pessoas sem acesso à eletricidade a tecnologia nos permite enviar naves a outros planetas e a sondar o universo em busca de informações que interessem à humanidade. A tecnologia que para alguns é a extensão de sua inteligência, para outros sequer existe. O maior paradoxo que vive a humanidade, em tempos de Inteligência Artificial, relaciona-se a como desenvolver as pessoas para acompanhar as mudanças que ocorrem a cada dia com sua capacidade de qualificar-se para se utilizar desta tecnologia.
Será que a tecnologia aprofundará as diferenças sociais entre os países? Entre pobres e ricos trazendo como consequência maior concentração de riqueza? Eliminará empregos através da substituição do Homem pelo uso da automação, robotização e virtualização? Perguntas de respostas difíceis, pois quem deveria estar interessado em buscar soluções parece, na maioria dos países, que não tem competência para tratar de temas de tamanha magnitude.
Vale lembrar que a humanidade já passou por mudanças, guardadas as proporções, tão importantes quanto as que se vivem hoje; basta lembrar que o automóvel foi construído em 1886 por Karl Benz, em 1879 Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica, em 1914 Henry Ford criou a linha de montagem e acelerou todo um incipiente processo industrial. Foram mudanças estruturais e que mudaram a convivência entre as pessoas, criaram as relações de trabalho, entre outras profundas mudanças e, nossos antepassados saíram-se muito bem neste processo tanto que chegamos até 2023. Sabe qual era a população do mundo em 1900? 1,6 bilhão de pessoas habitavam o planeta.
Neste ponto reside a principal diferença entre o que vivemos hoje e o que viveram nossos antepassados. Hoje habitam nosso planetinha 8 bilhões de pessoas com crescimento da população em 1 bilhão de pessoas a cada 10 anos. A previsão para 2050 é de 10 bilhões de pessoas.
Como preparar estas pessoas para a evolução em andamento? Se usarmos o Brasil como exemplo, os números assustam; analfabetismo funcional em crescimento permanente e constante, estudantes abandonando o ensino médio (apenas 7 em 10 completam os estudos), 11 milhões de jovens entre 14 e 39 anos nem estudam, nem trabalham, 8 milhões de desempregados e quase 40 milhões de trabalhadores na economia informal. Estas pessoas não têm preparo para encarar o mundo que está sendo construído e as consequências já estão acontecendo e são perceptíveis ao bom observador.
O preço a ser pago pela incúria com que se tratou a Educação por anos e anos será alto e todos pagarão a conta!
Foto: Freepik