A agência Heads apresentou os resultados da sua pesquisa Todxs – Uma Análise da Representatividade na Publicidade Brasileira. Em sua sexta edição, o estudo realizado pela agência apontou uma tentativa das agências de publicidade e anunciantes de representar os consumidores de uma maneira mais próxima da realidade. De acordo com o Meio&Mensagem, a Heads analisou 1822 comerciais para avaliar a diversidade de gêneros, etnias e linguagens, e o que chamou atenção foi que entre os personagens dos filmes, a maioria tem cabelos ondulados.
Os cabelos lisos, predominantes por muito tempo na propaganda televisiva, apareceram em 26% dos personagens. Já os cabelos ondulados são apresentados em 53%. Cabelos cacheados tiveram 10% de participação e os crespos 2%. Segundo o site, terceira edição do estudo, em 2016, mostrou que 62% dos personagens dos comerciais tinham cabelos lisos. O percentual de pessoas com cabelos ondulados nas propagandas era de 5%, de cabelos ondulados era 10%, o mesmo que o atual, e o de cabelo crespo correspondia a 1% dos protagonistas.
Foto: Reprodução/Mei&Mensagem
Para a diretora de planejamento da Heads e responsável pela pesquisa, Isabel Aquino, a mudança na forma como os cabelos são representados na propaganda caracteriza uma evolução. “Todo esse movimento em torno da transição capilar e valorização do cabelo natural não é moda, mas uma conscientização que veio para ficar. O processo de assumir os cabelos da forma como são e de ter liberdade para usá-los dessa forma é algo afirmativo e positivo, sobretudo para as crianças, que por muito tempo sofreram bullying e sentiram-se envergonhadas do próprio cabelo. É uma transformação muito importante para a sociedade”, disse ao site.
A pesquisa também revelou uma presença maior de personagens protagonistas negros. A quantidade aumentou 57% em relação a etapa anterior do estudo – realizada há seis meses. As mulheres também tiveram maior representação. Na primeira edição do estudo, em 2015, a porcentagem de mulheres negras protagonistas em campanhas publicitárias era de 3% e atualmente esse número subiu para 16%.
“Ainda não dá para celebrar uma representatividade real quando sabemos que, pelas informações do IBGE, 55% da população brasileira se declara preta ou parda. Embora tenha aumentado, a presença de personagens negros na propaganda ainda é pequena dentro do contexto geral e deixar uma raça invisível é um tipo de violência”, destacou Isabel.