Osíris Silva é um nome a ser reverenciado no mundo empresarial brasileiro. Em sua vida profissional foi Coronel da Aeronáutica e na sua incursão pelo mundo empresarial foi cofundador e presidente da Embraer, presidente da Petrobrás, da Varig e, por duas vezes, exerceu cargo de ministro de Estado. A Embraer, sob sua gestão, ocupou um espaço de relevância no mercado mundial na área da aviação com a inovação e a tecnologia sustentando um crescimento que hoje a transforma em um dos maiores “players” na área da aviação comercial e militar.
Em entrevista dada ao programa Roda Viva em 2018, em uma de suas respostas, explicou que sempre tentara entender o fato do Brasil não ter nenhum prêmio Nobel em sua história e, emendou que em uma viagem à Suécia teve um encontro com três membros do comitê avaliador do prêmio e fez-lhes esta pergunta. A resposta foi surpreendente; de forma acanhada, um dos avaliadores respondeu que sempre que um brasileiro era indicado a maior resistência ao nome partia do próprio Brasil. A desconstrução do indicado era patrocinada por figuras brasileiras. Segundo Osíris o brasileiro adora destruir seus heróis!
Se como se vê, no exemplo da Embraer, que a pesquisa e a inovação (causa e efeito) são fundamentais para criar empresas competitivas e transformar o país em exportador e não importador de tecnologia, por que a pesquisa aplicada não é marcante no país?
Segundo o prof. Odir Dellagostin, presidente da Fundação do Amparo à Pesquisa do RS, o Brasil é o 13º país no ranking mundial de pesquisa científica (dado de 2021). Mas, qual o benefício trazido para o país em função do resultado prático destas pesquisas? A resposta mostra que quase nenhum benefício resulta deste trabalho.
O fato é que nossas Universidades públicas não permitem, com raras exceções, a entrada de investimentos privados como apoio às pesquisas universitárias e, bom ressaltar, que a maioria das pesquisas são feitas na área de humanas, sem nenhuma conotação técnica e de aplicabilidade na indústria ou outras áreas.
O desenvolvimento acelerado do agronegócio deve-se às pesquisas feitas pela Embrapa; o resultado é visível; este é outro bom exemplo.
É óbvio que quando se exporta produtos com valor agregado, o país ganha em reservas financeiras. Em 2016 a revista Veja trouxe um comparativo em que, para se comprar um telefone celular da Apple, o Brasil teria que exportar 8 toneladas de minério de ferro. Este fato escancara porque somos um país comprador de tecnologia em quase todas as áreas de negócio.
Durante meus 15 anos de vivência com a Educação superior sempre me chamou a atenção os títulos exóticos dados aos Trabalhos de Conclusão de Curso, as dissertações de Mestrado e as teses de Doutorado. Se pretendiam demonstrar erudição não sei, mas que indicavam claramente que não teriam nenhuma utilidade prática, é verdade. Se o país não pretende continuar dependendo do agronegócio é bom voltar seus olhos para a Educação; talvez começando a olhar com mais cuidado para a Educação básica. Seria um bom começo!
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