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Artigo | Lava jato vai mudar o Brasil? – Laudelino José Sardá
01 de Agosto de 2016

Artigo | Lava jato vai mudar o Brasil? – Laudelino José Sardá

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Por LJ.Sardá*

Quando a gripe H1N1 começou a matar, os brasileiros correram em busca de vacina. E assim a Nação evitou muitas mortes. Da mesma forma ocorreu com a paralisia infantil, erradicada em Santa Catarina no começo dos anos 80, depois de uma ameaça epidêmica na região Norte do Estado.

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Na mesma proporção, a Operação Lava Jato surgiu como um remédio para uma grave doença infeciosa: a corrupção. E esperava-se que os políticos fossem se prevenir, vacinando-se contra essa epidemia, protegendo partidos, seus cargos e mandatos contra qualquer risco de ser contaminado pelo vírus da corrupção.

Mas não é isso que está ocorrendo. Os políticos não temem as ações e os efeitos da Lava Jato, como se isso fosse apenas uma ameaça, como tem sido a Zika. E para se ter ideia da força epidêmica da corrupção, basta dizer que o Congresso tem se negado a discutir projetos a respeito. E o senador Romero Jucá, apoiado por Renan Calheiros, quer agora punir quem age contra corruptos. Ou seja, ele quer anular a vacina da Lava Jato. É o anticorpo da patifaria!

As eleições municipais já estão em efervescência e muitos bons candidatos sendo descartados porque não têm a malandragem política para atrair apoio financeiro, principalmente. E ainda continuamos a eleger candidatos com forte poder publicitário, com imagem dúbia e maquiada. E o eleitor não está preocupado com a sua proposta de mandato (prefeito e vereador) e sim com a verbosidade do discurso muitas vezes infame.

E como os partidos e políticos estão armazenando dinheiro para as suas campanhas? A nova lei estará impedindo o manuseio de surradas fórmulas financeiras capazes de enganar os tribunais eleitorais com contabilidades falsas?

A Lava Jato não tem o poder de controlar a infecção generalizada da política brasileira em função de partidos e políticos terem desenvolvido anticorpos poderosíssimos que transformaram o serviço público impenetrável. Estamos associando a corrupção apenas aos políticos, quando, na verdade, a malversação de recursos públicos é uma bactéria poderosíssima que contamina praticamente a grande maioria dos setores públicos, da direção geral ao menor escalão. A propina levantada pela Lava Jato é ínfima em relação ao que ocorreu no passado e continua assustando no presente. Um levantamento feito pela Universidade Federal do RS revela que cerca de R$ 150 bilhões são anualmente roubados dos cofres públicos (federais, estaduais e municipais). Um alvará falso de construção, por exemplo, é um arma com alto poder de destruição da cidade, porque os efeitos provocam a desordem urbana e, ao mesmo tempo, enriquecem funcionários públicos. São 5.570 municípios no Brasil e 22% da população brasileira vivem somente em apenas 17 cidades. Agora imagine o que deve ocorrer nos milhares de órgãos públicos federais, estaduais e municipais. Na verdade a Operação Lava Jato é incapaz de reduzir a incidência dessa bactéria, que acaba desenvolvendo outras dezenas de anticorpos, que neutralizam os antígenos e se alastram como erva daninha.

A cultura da corrupção está enraizada em nossa Nação e não é fácil identificar pessoas que se neguem a levar vantagem pessoal no dia a dia. Furar sinaleira, estacionar em local proibido, despreocupar-se com os buracos na calçada em frente à sua moradia, etc. etc. Choramos emocionados, sim, com atos humanos evidenciados pela mídia. E até animais. Vocês viram o cachorrinho que ainda procura o dono já falecido? Mas nada disso muda o nosso comportamento social, a nossa consciência ética. Claro que procuramos nos imunizar diante da importância de a ética e a moral serem o nosso retrato. Mas, infelizmente, vivemos em uma Nação ainda sem referências!
O Brasil de 2050 pode ser diferente, desde que a Educação ganhe densidade na vida da Nação, como suporte à valorização e à oxigenação do exercício pleno da cidadania. Devemos ter fé nas novas gerações. Sim, muita fé!

*Laudelino José Sardá é jornalista

 

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