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Desregulamentação da profissão de jornalista em debate na Unisul
02 de Julho de 2009

Desregulamentação da profissão de jornalista em debate na Unisul

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02 JUL –

Acadêmicos, professores e jornalistas reuniram-se para discutir a decisão do Supremo Tribunal Federal, que derrubou a obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para exercer a profissão

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O Supremo Tribunal Federal (STF) esteve reunido em Assembléia Extraordinária, no último dia 17 de junho, para votação da obrigatoriedade do diploma de curso superior para exercer a profissão de Jornalista. Por oito votos a um, a obrigatoriedade do diploma foi derrubada. Os ministros do STF alegaram que não há necessidade de um curso superior para ser jornalista.

Jornalistas e estudantes de todo o país têm opiniões diferentes com relação ao assunto. Uns concordam, outros discordam. Para debater o assunto, profissionais e estudantes de jornalismo estiveram reunidos na noite desta segunda-feira (29/06), no Auditório do Cettal, na Unisul de Tubarão, para discutir a decisão do STF.

Participaram do debate o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Rubens Lunge, o diretor da Unisul TV, professor Ildo Silva da Silva, o diretor de Jornalismo da Unisul TV, professor Rafael Matos, e o editor chefe do Jornal Diário do Sul de Tubarão, Caetano Machado. O mediador do debate foi o professor Ronaldo Sant´Anna.

O objetivo de debate na Unisul é buscar o apoio da categoria, visto que a grande maioria dos jornalistas e estudantes da região sul de Santa Catarina ficaram revoltados com a decisão do STF. ???Nós queremos lutar pela categoria, queremos defender o nosso diploma e o de vocês, futuros jornalistas???, falou Lunge.

Ao longo de sua explanação o presidente do sindicato explicou que os profissionais de jornalismo não acreditavam que o STF derrubaria a obrigatoriedade do diploma para jornalista. ???Agora, temos que nos unir, temos que ter força para reconquistar uma coisa que é um direito nosso. Não é só o nosso diploma, mas sim a nossa formação???, enfatizou.

???Se for preciso, nós jornalistas, temos que nos unir e nos auto-regulamentar, nós temos que mostrar forças para determinar como vai funcionar o processo na categoria???, completou Lunge. ???Se não formos atrás, se não sairmos nas ruas, se não conseguirmos o apoio das autoridades, não conseguiremos de volta nosso diploma???, reforçou.

O professor e diretor de jornalismo da Unisul TV, Rafael Matos, falou que observa uma fraqueza na categoria. ???Nós defendemos e cobrimos as manifestações de profissionais das mais diversas áreas, quando se trata da nossa, não a defendemos. Falta ação, manifestação, temos que nos unir nessa briga. Precisamos pensar e deixar a demagogia de lado???, explicou. ???Nós estamos vivendo num país sem leis, para que elas valem aqui? Temos que unir, os profissionais formados têm que buscar o registro, tem que sindicalizar. Temos que repensar no nosso papel profissional, mobilizar a sociedade para que se empenhem na nossa causa???, enfatizou Matos. Falou ainda que os estudantes não devem desanimar com a decisão, afinal, além do diploma, na universidade busca-se também profissionalização e conhecimento.

O professor e diretor da Unisul TV, Ildo Silva, frisou aos profissionais e futuros profissionais que a luta deve existir, mas que se essa luta não ultrapassar barreiras, nada vai adiantar. ???A mobilização precisa chegar a Brasília. Precisa chegar aos olhos e ouvidos do STF, do presidente da república e do senado???, falou.

Ao longo do debate, algumas questões foram surgindo. Os estudantes se perguntavam: o que fazer? Como podemos reverter a situação?

???Precisamos de união. Precisamos mostrar para as pessoas o nosso papel perante a sociedade. Explicar o que aconteceu, o que era, como ficou e como vai ficar. Fazer com que a sociedade exija profissionais qualificados e formados para o exercício da profissão. Mostrar que uma informação de qualidade só pode ser escrita por um profissional formado dentro de princípios éticos???, disse um dos estudantes.

???Além de conhecimento, investimos muito no nosso curso. São quatro anos pagando mensalidade, entre outras despesas. Precisamos dar valor a isso???, falou outro.

Esse mesmo debate foi realizado na semana passada em Criciúma. De lá, algumas idéias foram dadas para tentar reverter a situação. A jornalista da RBS TV, Caroline Bortot falou da iniciativa. ???Nós pensamos em fazer um trabalho de conscientização e mobilização perante a sociedade. A ideia é fazer em toda a região carbonífera. Mas se Tubarão e Araranguá entrarem com a gente nessa luta podemos fazer a mobilização na Amurel e na Amesc também, unindo todo Sul de Santa Catarina???, reforçou Caroline.

Rubens Lunge falou que o que caiu foi apenas a exigência do diploma, mas que isso não significa que qualquer um poderá tirar o registro profissional. E que essa decisão, de como se dará o registro profissional, deve ser elaborada nos próximos meses pelo STF. E que a nossa mobilização deve ser para que os jornalistas possam participar da elaboração desse acórdão que vai fazer essa determinação.

???Nós todos temos culpa???, disse Lunge. ???Agora temos que nos unir para reconquistar um direito que perdemos???, completou.
???Isso tudo acontecendo e nós na praça dando milhos aos pombos???, falou o jornalista Sandro de Mattia, de Criciúma. Com a frase ele quis mostrar que os jornalistas precisam fazer alguma coisa.

Assim como em Criciúma, ao término do debate, foi montado um grupo de professores e estudantes que vão se reunir nos próximos dias para discutir possíveis soluções. O mesmo debate será feito em outras instituições de ensino superior com cursos de Jornalismo em Santa Catarina.
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