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Comunicação para a sustentabilidade – um fazer diário
03 de Setembro de 2012

Comunicação para a sustentabilidade – um fazer diário

Quem já não se encantou quando ouviu de uma criança uma pergunta instigante, saída do nada, ou teve o privilégio de ouvir as primeiras palavras balbuciadas de um bebê! O que nos surpreende aí é o surgimento repentino de algo que esperávamos, mas não dominávamos (o que vai ser dito? quando? como?), uma reação à nossa interlocução usando a mesma forma de expressão, dialogando conosco.

 É um processo de aprendizagem, objetivamente falando. Sabemos que o isolamento e o abandono retardam ou impedem o processo da fala.  Então, o que desperta na criança a iniciativa de comunicar-se pela fala é o estímulo positivo por parte dos familiares que convivem diariamente com ela.

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 É semelhante o que ocorre numa relação amorosa, em que pretendemos sempre que o outro nos compreenda e ame, mas para tanto precisamos cultivar amorosamente a relação, com gestos, palavras, silêncios, etc. Nos comunicamos  na expectativa de uma resposta, um retorno, que manterá o elo, embora nem sempre ela seja perfeita.  A comunicação devidamente cultivada permite que mesmo os ruídos sejam decodificáveis pelo outro, uma linguagem singular.

A relação comunicativa, de fato, é mais rica e eficaz, quanto mais bem “cultivada”. Significa que a comunicação de qualidade exige mais do que palavras ou mensagens esparsas, gestos ou práticas eventuais.  Nas relações humanas, como na arte, embora existam exceções, é da repetição intensa que, quando menos se espera, nasce a manifestação prodigiosa, a diferença.

 Com a sustentabilidade não é diferente.  O segredo de uma empresa ou de um país “sustentável”, está na capacidade de cultivar atitudes e valores com esse matiz.  E que valores são esses?  Os que estão expressos nas normas internacionais e tratados sobre direitos humanos e meio ambiente, por exemplo: respeito e valorização do ser humano, trabalho digno, responsabilidade sobre os efeitos de sua produção ou atividade nas pessoas próximas e distantes e no meio ambiente, transparência na gestão de recursos investidos nas atividades para as quais também os colaboradores e a comunidade contribuem, etc.

 A sustentabilidade resulta de uma boa comunicação desses valores, o que, como dito anteriormente, é um processo de cultivo, não se realiza num ato formal, se manifesta após interiorizado.

 As transformações que esperamos, no tocante às práticas para a sustentabilidade social, econômica e ambiental, exigem medidas de curto, médio e longo prazo, ao mesmo tempo em que requerem que a mensagem seja comunicada local e globalmente, em todos os níveis.

 Assim como quando o bebê olha o papai e diz: “papa”, nesse primeiro momento, pode haver algum ruído (referia-se ao pai ou à papinha?), ao longo prazo essa dúvida se dissipará, a comunicação fluirá com relativa facilidade, e não nos enganemos, outros ruídos comunicativos surgirão. 

 As noções de sustentabilidade atuais (não tão exatas) não podem coibir que o processo comunicativo seja instaurado. O importante é que seja cultivado, que a compreensão se alargue e a partir de determinado momento as manifestações sejam espontâneas, ricas e inovadoras, verdadeiramente sustentáveis.

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