O curta-metragem O Abutre (The Vulture), dirigido pelo egresso da UniSul Cristopher Fernandes, conquistou duas premiações no Hallucinea Film Festival 2025: Melhor Direção e Melhor Ator.
Este último reconhecimento foi concedido ao ator catarinense Welington Hors, que deu vida ao protagonista. O festival, de alcance internacional, tem como objetivo destacar talentos independentes em diversos gêneros cinematográficos e promover novas vozes do audiovisual.
O curta narra a história de José (Welington Hors), um homem explorado, que, ao ser abruptamente acordado certa manhã, passa a ser atormentado por um abutre. Ele precisa lutar para sobreviver em meio a uma sociedade apática e a atenção da ave carniceira. Inspirado livremente na parábola O Abutre, de Franz Kafka, a adaptação da obra para o cinema exigiu um esforço criativo intenso, especialmente na construção da narrativa visual. A representação do abutre foi um dos pontos mais complexos, demandando a consulta a especialistas para garantir autenticidade.
“O roteiro precisou passar por tratamentos até chegarmos ao abutre do filme. No fim, conseguimos manter um pássaro boneco graças ao Mauro Rosa que já trabalhou como bonequeiro e ele foi um achado importante para fazer o filme acontecer como eu havia pensado inicialmente, pois o pássaro é muito emblemático e queria mantê-lo de algum modo”, conta o diretor.
Esta foi a 1ª vez que Cristopher inscreveu um filme de sua direção em festivais. No entanto, ele já havia participado de outras produções premiadas, atuando como assistente de direção e maquiador. Para ele, a seleção e a premiação no Hallucinea Film Festival representam uma importante validação do trabalho realizado com dedicação e seriedade. “Foi um trabalho feito com muito esforço, seriedade e carinho, então ter o reconhecimento disso é gratificante, ainda mais por ser meu primeiro trabalho como diretor a ser inscrito para festivais e conseguir ser mostrado lá fora”, afirma.
Renovação no cinema
A experiência adquirida no curso de Cinema da UniSul teve papel fundamental na trajetória do diretor. Cristopher destaca a importância da formação acadêmica na UniSul para seu amadurecimento artístico e profissional.
“O curso cultivou ainda mais o hábito da leitura em mim, ter uma conexão diferente com obras, seja escrita ou audiovisual, e nos meus 4 anos de formação eu me aproximei muito do trabalho de Franz Kafka. No último semestre, sinto que foi quando mais evoluí como pessoa, além de artista, porque são experiências valiosas que geram questões ou realizações sobre sua obra que, consequentemente, é um reflexo de quem a faz; pensar e executar uma obra é um processo muito pessoal e você precisa se manter no chão para não deixar isso te consumir ao ponto de você acabar perdido. Então, ter o apoio, poder trocar com pessoas com experiência acadêmica e do campo audiovisual ajudou bastante a não me perder nesse processo”, ressalta o cineasta.
A coordenadora do curso de Cinema da UniSul, Mara Salla, destaca a relevância da formação acadêmica para a renovação do setor cinematográfico. “A trajetória do Cristopher no curso reforça como a formação acadêmica pode ser decisiva para um profissional. Desde as primeiras fases, ele demonstrou comprometimento, escuta atenta e entrega absoluta em seus projetos. Com essa busca constante por excelência, ele certamente colherá muitos frutos. A formação é fundamental para que se tenha novas abordagens, formas e propostas cinematográficas. Isso é o resultado do que a gente se propõe a fazer aqui na UniSul. São 25 anos deste curso e sempre temos estudantes que se destacam muito nesse mercado, que é tão competitivo, mas que também é muito voraz de criatividade, de novas propostas, de novas histórias”, afirma.
A professora avalia que o cinema brasileiro vive um momento de retomada e fortalecimento. “Nós estamos vivendo um cenário cinematográfico que foi interrompido e que volta com força total. O cinema nacional sempre teve esta força e ela muitas vezes foi reconhecida, às vezes, mais fora do que dentro do Brasil. Mas eu acredito que o reencontro do público brasileiro com o cinema nacional é algo que sempre existiu. O brasileiro gosta, como qualquer outro povo, de encontrar suas histórias nas telas, de ouvir seus sotaques, de ver suas caras. Acho que agora estamos vivendo um auge dessa produção, que sempre foi farta tanto em quantidade quanto em qualidade”, considera.
O Hallucinea Film Festival é um evento dedicado à exibição e premiação de cineastas independentes de todo o mundo. Com transmissões ao vivo no YouTube, o festival busca dar visibilidade a produções que se destacam em diferentes estilos e propostas narrativas.
Ficha técnica:
Direção e roteiro
Cristopher Fernandes
Assistência de direção
Francisco Zotto
Henrique Schlickmann
Continuidade
Débora Herling
Elenco (por ordem de aparição)
José: Welington Hors
Chefe: Tuca Stangarlin
Recepcionista: Iahnka
Médica: Renata de Souza
Direção e Preparação de elenco
Guilherme Eyng
Produção Executiva
Laura Azambuja
Vanessa Soares
Produção
Aline Miury
Vanessa Soares
Cristopher Fernandes
Renata Severo
Laura Azambuja
Direção de Fotografia
Bruno Crodri
Assistência de Fotografia
Gennaro Fattori
William Floriani
Victor Costa
Maquinaria e Elétrica
Pedro Vielitz
Márcio Machado
Thiago Gois
Patricia Costa
Henrique Rozar
Direção de Arte
Luiza Voltolini
Assistência de Arte
Mauro Rosa
Beatriz Dutra
Lucas da Silva
João Victor Alberton
Bonequeiro
Mauro Rosa
Captação e Desenho de Som
Victor Caetano
Trilha Sonora e Arte Gráfica
João Victor Alberton
Montagem
Laura Azambuja
GMA/Colorização
Victor Costa