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O mito do longo prazo
25 de Novembro de 2014

O mito do longo prazo

PS: antes de ler esse texto, dê o play na música O Relógio, na voz de Walter Franco 

Todo publicitário sonha com um mundo ideal, no qual o diretor de criação diria docemente:

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– Tá aqui o briefing. Mas não tem pressa, a campanha é só pra daqui a um mês. Nesse tempo, toma um cafezinho. E se precisar de cafuné, é só chamar.

Quem é da área sabe que é mais fácil o Suriname ser campeão da Copa do Mundo do que isso acontecer. E se acontecesse, nós não saberíamos o que fazer, pois simplesmente não conseguimos trabalhar com tanto prazo.

Apesar de termos que estar sempre antenados com o que rola de mais moderno, acredito que uma parte dos cérebros dos publicitários ainda é meio “old-fashioned”, e opera como as velhas máquinas a vapor: quanto mais pressão, melhor. Daria para descrever o seu funcionamento com uma equação como C=P2/∆t, onde C é o cérebro, P é a pressão e ∆t é o deadline.

 

Imagino o desfecho da situação irreal proposta ali em cima.

– Ô, Juca. Chegou um briefing grande aí, ó.

– Eu vi, mas tem uma coisa que eu não saquei bem.

– O público-alvo?

– Não. Isso é moleza. São as senhoras de 60 anos que já se desquitaram 4 vezes e agora resolveram se dedicar aos esportes radicais.

– É a escolha da mídia?

– Também não, Pedrosa. É verdade que achei estranha a ideia daquela peça promocional, o batom que você aperta e ejeta uma corda de rapel. Mas o resto tá ok.

– Então só pode ser o slogan, que já veio pronto do cliente.

– Nada, eu até gostei. “Radical é a sua avó” é bem apropriado.

– E o que é que você não entendeu, então?

– O deadline.

– O deadline?

– Tem um número errado ali. Tá dizendo que o trabalho é pro 15 do 9, quinze de setembro.

– Isso.

– Mas estamos em julho, mês 7. Hoje é só 23 do 7.

– Isso.

– Temos quase dois meses pra fazer a campanha?

– Isso.

– Não tá certo, Pedrosa. Quem é que consegue criar assim, com todo esse prazo?

– Eu é que não.

– Não dá mesmo.

– E o que a gente faz?

– Vamos deixar o job no fundo da gaveta, pra só tirar de lá 5 dias antes do dia final.

– Genial.

– Agora dá licença que vou ali pedir explicações pro chefe.

– Sobre o trabalho?

– Não. Sobre a história desse deadline. Ele tá pensando que a gente é o quê?

– Absurdo!

 

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