Na foto Elisa Fernandez e Thaise Corrêa
Minha colega Thaise Corrêa, diretora de Mídia aqui na D//Araújo, e eu, embarcamos juntas na missão de cobrir os três dias do South Summit Brazil 2025. O evento, que aconteceu de 9 a 11 de abril em Porto Alegre, encerrou sua edição com fôlego de maratona e status de referência quando o assunto é inovação na América Latina.
Foram 24 mil participantes de 55 países, em 38 mil m² que transformaram o Cais Mauá em um verdadeiro laboratório de futuro. Entre os destaques, mais de 800 palestrantes, 3 mil startups, 900 investidores e 140 fundos de investimento — juntos, movimentando um patrimônio superior a US$ 213 bilhões. Não dá para dizer que foi só “mais um evento de inovação”.
Futuro
Como no último dia a gente pegaria a estrada de volta para Florianópolis, foquei em acompanhar aquele que, para mim, era o painel mais alinhado com nosso universo: “A TV do Futuro e o Futuro da TV”. Um tema que mistura tecnologia, comportamento e, claro, comunicação.
O debate foi mediado por Luciano Potter e trouxe nomes de peso como Paulo Marinho, diretor-presidente do Grupo Globo, e Claudio Toigo Filho, CEO do Grupo RBS. O centro da conversa? A TV 3.0 — uma nova geração de transmissão brasileira que está prestes a transformar nossa relação com a telinha.
A proposta vai muito além da qualidade de imagem e som (que promete resoluções de 4K a 8K e som imersivo). A TV do futuro será personalizada, interativa, integrada ao e-commerce e ainda mais conectada ao comportamento do espectador. Imagine assistir a um jogo do seu time e receber enquetes e conteúdos específicos para aquela torcida. Ou comprar direto da tela o look da novela. Parece futurista, mas já está batendo à porta.
É curioso – e sintomático – que a nova TV se reinvente não apenas com tecnologia, mas com um olhar cada vez mais voltado ao comportamento. O que era um canal de massa agora quer ser um canal de pessoa para pessoa.
Segundo Paulo Marinho, a Globo já testa essa nova tecnologia e pretende lançar uma estação-piloto ainda este ano, com expansão prevista até a Copa do Mundo de 2026. A inteligência artificial será peça-chave nesse processo: desde a recomendação de conteúdo até a personalização de trilhas sonoras e comandos por voz. A publicidade também passará por um novo momento — mais segmentada, interativa e mensurável em tempo real.
A tecnologia e as pessoas
Mas o que realmente me chamou atenção durante os três dias de evento foi algo que talvez nem todo mundo estivesse esperando: o espaço (e o peso) dado ao fator humano. Em meio a tantas discussões sobre IA, algoritmos, dados e crescimento exponencial, muitos painéis abordaram temas como saúde mental, longevidade, gestão da saúde corporativa e, principalmente, liderança saudável.
Figuras como Luiza Trajano, que reforçou o papel das empresas na construção de uma sociedade mais empática, e Tamara Klink, que compartilhou suas jornadas de coragem e solitude no mar, mostraram que inovar também passa por olhar para dentro. E tantas outras lideranças femininas subiram ao palco não apenas com cases de sucesso, mas com histórias que nos lembram que, antes da estratégia, existe a intenção. E antes da tecnologia, existe o humano.
O que vi ali foi um movimento silencioso, mas urgente: líderes e empresas buscando resgatar a dimensão humana no meio da corrida pela inovação.
Ficou claro que, mesmo diante de tantos avanços tecnológicos, são as pessoas que continuam movendo as grandes ideias. As empresas que querem crescer de forma sustentável estão, cada vez mais, olhando para dentro – priorizando o bem-estar dos seus times, revendo dinâmicas de trabalho e buscando um novo equilíbrio entre performance e humanidade.
Como diretora de Atendimento da D/Araújo, me vi refletindo sobre isso. Em meio a tanta inovação, me conforta saber que conexões genuínas ainda fazem toda a diferença. Que o olho no olho, a escuta atenta, os encontros com clientes, parceiros e fornecedores continuam sendo insubstituíveis. A tecnologia nos empurra para frente – e é incrível viver isso -, mas é o material humano que garante o sentido do caminho.
O South Summit Brazil 2025 reforçou que inovação de verdade vai além do que é novo: ela também está em como nos conectamos, com quem construímos e para quê criamos. O evento provou que inovar não é só inventar o novo — é reinventar o essencial. E, no fim das contas, a tecnologia até pode nos guiar. Mas é o humano que ainda dá a direção. E é esse tipo de conversa que ainda vai render muitos bons capítulos nos próximos anos.
Matéria de Elisa Fernandez, diretora de Atendimento da agência D/Araújo.