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Pequenas e rápidas declarações infelizes
10 de Junho de 2014

Pequenas e rápidas declarações infelizes

Todo mundo que fala em público, mais cedo ou mais tarde, comete o erro de dar uma declaração infeliz. Sejam essas declarações de maior ou menor gravidade, fato é que todas elas geram algum prejuízo à imagem do interlocutor. Por sorte, brasileiro costuma ter memória curta e logo esquece a frase despropositada. Porém, algumas delas se consolidam na mente das pessoas, como é o caso do “estupra mas não mata” de Paulo Maluf, “relaxa e goza”, de Marta Suplicy ou a antológica “prefiro cheiro de cavalo a cheiro de povo”, do ex-presidente e general João Baptista Figueiredo.

Na sequência das declarações, sempre vem uma tentativa de correção acompanhada da justificativa de que a fala foi retirada de contexto para tentar deixar o dito pelo não dito. Conforme nos ensina Francisco Ferraz (2003), todas essas declarações se tornam infelizes porque agridem a algum segmento do eleitorado; são desnecessárias; são feitas na forma de frases de efeito; associam-se ao interlocutor; em geral não são esquecidas e inevitavelmente provocam prejuízos e se tornam uma arma bem utilizada pelos adversários. Em síntese: as explicações falam menos e produzem menor impacto do que a frase inicialmente proferida.

A mais recente veio do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, ao se referir à situação das chuvas do final de semana como uma “enchente pequena e rápida” . Diante do temporal de reações negativas da população atingida pelas cheias, Colombo se apressou em desqualificar a afirmação alegando que a frase se referia ao evento climático El Niño, cujas consequências seriam menores e mais rápidas, e que a frase fora usada de forma isolada produzindo, exatamente, o efeito inverso (veja íntegra do esclarecimento aqui).

Por isso, é preciso ter cuidado ao falar em público, principalmente se você for um político ou estiver em posição de destaque. Muitas delas, ensina ainda Ferraz (2003), refletem o cansaço, oscilações de humor, vaidade, desejos de parecer espirituoso ou mesmo desinformação. A cautela na censura prévia das próprias declarações contribui para evitar danos à imagem pública. Afinal, uma frase infeliz pode resultar desde um simples desgaste à execração da carreira pública. Nesses casos, a precaução deve nortear as falas para evitar declarações infelizes e, muitas vezes, o melhor a se fazer é manter-se calado.

 

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