por Talita Scotto*
Há pouco tempo, vi uma postagem de um colega nestes grupos de comunicação no Facebook. A discussão era em torno do futuro da assessoria de imprensa e se os dias estavam contados para nós, assessores. Não opinei, mas fiquei lá acompanhando o debate e as inúmeras opiniões sobre a transformação digital da assessoria de imprensa.
Pois é, estamos passando por ela faz alguns anos, mas vejo colegas desesperados com o futuro só agora. Estão infortunados e preocupados com os resultados de clipping e a falta de retorno dos jornalistas das redações. “Não emplaquei nada este mês”, dizia um colega.
A assessoria de imprensa não vai acabar. A função da assessoria de imprensa não vai deixar de existir. Ela já é e será uma importante aliada a outras estratégias de comunicação e marketing. O que vai mudar é a atuação da agência de assessoria de imprensa e o trabalho de inteligência do assessor de imprensa, que já deve ser muito mais estratégico.
Muitas assessorias de imprensa não são mais só assessorias de imprensa. Não porque desejaram ser uma agência de comunicação 360, mas porque é preciso atuar para resolver os problemas das marcas e ser só uma agência de assessoria de imprensa não vai resolver as “dores” dos seus clientes.
É preciso ser atuante em trazer soluções que entreguem resultados para os clientes. Nem todos os negócios têm perfil para ter uma assessoria de imprensa, mas tem perfil para uma campanha de marketing digital ou para investir no relacionamento com clientes nas redes sociais.
Nestes casos, há dois caminhos: ser uma agência com DNA de assessoria de imprensa, mas que saiba atuar e tenha profissionais multidisciplinares em outras soluções, ou correr o risco de não conseguir acompanhar a transformação digital do setor e morrer em poucos anos. Parece uma previsão sombria? Mas não dá para fazer mais do mesmo em meio aos impactos das novas mídias.
O mesmo vale para a velha premissa release – disparo – follow-up. Muito embora a assessoria de imprensa faça desta uma de suas estratégias de relacionamento com jornalistas, é preciso que a assessoria de imprensa assuma, junto ao cliente, sua posição estratégica e não seja só o mecanismo final.
O potencial da assessoria de imprensa começa no desenho das estratégias, na compreensão do todo – junto as outras ações de marketing digital, redes sociais e design – só assim é possível enxergar oportunidades relevantes para levar conteúdo de qualidade aos formadores de opinião. E isso não se restringe apenas a jornalistas, mas a influenciadores, blogueiros e youtubers.
Extrair mais informação, ter menos propaganda e mais criatividade serão boas sacadas para levar conteúdo ao público certo.
Mais do que fazer o trivial das rotinas de uma assessoria de imprensa, é imprescindível que assessores de imprensa sejam proativos e antenados, que apresentem novas possibilidades e abram os olhos de seus clientes para novas maneiras de se comunicar. Como fazer e como trazer resultados para a marca? Quais canais on e off-line estão os consumidores dos meus clientes? Qual o comportamento deles? Quais são as entidades do setor do meu cliente? O que oferecem? Há estudos, pesquisas, dados do mercado deles que podem me ajudar? Posso fazer coleta e análise de dados?
Gostar de desafios e de apresentar como vencê-los será um dos diferenciais dos assessores de imprensa de agora. Não falo mais de futuro, porque ele já está acontecendo.
*Talita Scotto é diretora da Agência Contatto, especializada em assessoria de imprensa, produção de conteúdo e redes sociais.